quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Chegou o Natal

Sei que tem muita gente esperando este texto, imaginando as barbaridades que relatarei sobre a festa mais importante do mundo ocidental. Mas uma vez não tenho medo deste desafio e espero que novamente não tomem minhas ideias como algo pessoal, já que passei o Natal com minha família como todos vocês. São apenas divagações sobre temas variados. Outra coisa, não vivo por ai criticando todos ou tudo a minha volta, deixo isto somente para o blog, tudo tem sua hora e a da critica é aqui, kkk.
Vou começar leve desta vez e falar sobre o lado bom desta data. O natal é tempo de encontrarmos pessoas queridas, não posso criticar isto. Muita gente vem de longe para reencontrar amigos, familiares e pessoas nas quais têm afinidade e celebram com elas o sentimento comum de amizade.
Entretanto não posso deixar de criticar as besteiras que ouvimos e fazemos durante o Natal.
Presentes: apesar de gostarmos de ganhar presentes, vamos admitir, eles não são uma boa razão para nos reunirmos, acabamos gastando o dinheiro que muitos não têm, somente para satisfazer um capricho capitalista. De acordo com relatos, o Papai Noel foi criado em 1886, por um cartunista chamado Thomas Nast, ou seja, em pleno desenvolvimento econômico capitalista. Alias, varias datas foram criadas para incentivar o consumo, dia das mães, dia das crianças, dias dos pais, entre outras. Recebemos e damos presentes e nem sabemos o porquê. Outro aspecto seria o de dar presentes às crianças simplesmente por dar, sem razão alguma e demonstrando para elas que não se precisa lutar para conquistar as coisas, é só pedir que papai dar, terrível!!!
Religião: muitas pessoas celebram o natal como um encontro familiar e não para comemorar o nascimento de Jesus, na verdade por estudos das histórias descritas na própria bíblia, Jesus nasceu na primavera provavelmente entre abril e maio, portanto não estamos comemorando o nascimento do mesmo em 25 de dezembro. Não vou entrar na discussão religiosa, nem sobre os absurdos de se acreditar num livro chamado Bíblia, nem de outro absurdo de se acreditar que nasceu um ser humano há 2 mil anos atrás que se dizia filho de Deus. Deixa para lá, cada um acredita no que quer.
Ajudar ao próximo: as pessoas que celebram o natal como o nascimento do filho de Deus deveria repensar melhor suas atitudes nesta data, Jesus dedicou sua vida aos outros, repartiu o que tinha com todos e, portanto não nutria nenhum sentimento egoísta de ter. Posso abrir um parêntese, só um, prometo: sou egoísta mesmo, e não vejo nada de errado nisto, cada um precisa cuidar de sua própria vida, quem precisa de ajuda é justamente aquele que não consegue ter coragem para seguir em frente e não pode ser ajudado senão nunca vai sai dali. Voltando ao tema, muitos passam o dia celebrando com a família com muita fartura, enquanto o principal motivo de celebração, dizia justamente o contrário: ame o próximo como a si mesmo. Temos que pensar nisto, não?
Família: reunir toda a família é bom, mas também é um saco às vezes, tem muitos parentes que são um saco, adoram fofocar sobre a vida alheia e o natal é um prato cheio para estes. Perguntam sobre sua vida somente para depois espalhar boatos. Não são casos particulares, acho até que minha família é diferente neste aspecto, por ser muito pequena, estou generalizando novamente. Família é bom, mas próxima demais é um aborrecimento só, pois tentam a todo momento dirigir nossas vidas. Este fato é cultural, em outras culturas o laço familiar é rompido cedo e não acontece isto, principalmente nos EUA e Europa.
Amigo secreto: caramba, tem coisa mais chata que isto?
Bem, depois de falar muita coisa ruim sobre esta data preciso me redimir um pouco, sem estas datas a vida seria uma droga, sem a ilusão e sem emoção a vida não tem graça, então esqueçam tudo que eu disse e se divirtam no natal e celebrem muito com as pessoas que gostam por estarem vivos e com saúde para buscar seus sonhos.
Feliz natal

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Feliz Ano Velho

Este texto foi publicado no ano passado, mas achei interessante coloca-lo novamente no blog. Quanto ao Natal, vou pensar um pouquinho e soltar a bomba na semana que vem. Segue minha maneira de desejar bom fim de ano a todos.

Na verdade o intuito deste artigo é falar um pouco sobre os sentimentos e desejos que surgem sempre ao fim de cada ano e início de outro.
Como um questionador de tudo e principalmente dos padrões sociais, sempre tive muita ressalva nas comemorações natalinas e de fim de ano. Parece-me que trata-se de algo tão enraizado em nossa sociedade e que muitas vezes nunca nos perguntamos sobre porque agimos assim.
Gostaria muito de criticar o Natal, tenho muita coisa para falar sobre esta festa cristã, mas vamos deixar para um outro artigo, pois acho que irá gerar muita polêmica por tocar no assunto “fé” e religião.
Vamos falar sobre o ano novo, sobre os sentimentos de renovação e esperança que todos tem nesta época do ano. As pessoas ligam para as outras, desejam feliz ano novo, falam sobre seus sonhos, sobre uma vida melhor.
Vida melhor? Para que? Se estamos vivendo de forma sensata na busca de nossos sonhos e felicidade, já estamos vivendo no clímax. Quem vive de verdade não precisa de vida melhor; deseja pelo menos que as coisas continuem assim. Sabe por quê? Porque quem vive sua vida com coragem, vive intensamente seus momentos, não os deixam para depois, viveu e vive tudo que poderia, não tem porque ter esperança em nada nem imaginar nada melhor do que o presente. Nada é mais importante que o presente, é nele que vivemos e que podemos mudar e alterar os rumos, somente mudamos o presente, não esqueçam isto.
Este sentimento de esperança numa vida melhor é falso e deve ser abolido de nossa cultura, sempre espera-se a virada do ano para mudar algo, para criar algo, para pensar em algo, e na verdade, deveria ser para avaliação, para calcular a que distância que estamos de realização de nossos sonhos, e sobre se os rumos tomados estão os corretos ou não. Neste momento dever-se-ia ficar triste, alegre ou desapontado com a falta de coragem de buscá-los.
Quem deixa para depois algo tão importante quanto seus sonhos não está preparado para mudar e transformar sua vida, quem espera data para mudar não mudará nunca, para mim isto é muito claro. Um ano novo é somente mais um ano de vida e pronto, se for para comemorar o ano que passou eu concordo, vamos festejar os sonhos alcançados, as realizações, as buscas, as lutas, os momentos de conquistas. Pensando bem, sugiro mudarmos o conceito de ano novo para ano velho e sugerir a vocês que é mais importante comemorar as conquistas que ter esperanças.
Ano novo não deveria ser motivo de alegria e festas, e sim de reflexão sobre o rumo que estamos tomando, na verdade deveríamos fazer isto diariamente e não a cada 365 dias, mas se nossa cultura escolheu este dia, que seja de debate, de questionamentos, de pura filosofia, as festas deveriam ser substituídas por reuniões e análise interior. Estamos buscando nossos sonhos? Que rumo estamos seguindo? E mais importante, estamos fazendo o que para melhorar o mundo a nossa volta?
As festas são justamente para esconder tudo que deveríamos estar buscando, quando há festas há alienação, pois não há reflexão. As festas servem para nos enganarmos, para não analisarmos e percebermos que estamos jogando fora nossas vidas no cotidiano e nos afastando de nós mesmo e dos nossos sonhos.
Quem tem esperança não tem coragem, esperança é para aqueles que não têm coragem para mudar, ou seja, para os fracos; nunca gostei desta palavra, ela não tem uma conotação boa, esperança sugere espera, quem quer alguma coisa precisa ir à luta, precisa batalhar. Ninguém e nada fará as coisas acontecerem por mágica, chega de esperança, precisamos de coragem, esta é a palavra de ordem.
Momentos de alegria deveriam ser diários, se precisamos de uma data para isto, não estamos aproveitando nossas vidas.
Vamos comemorar as conquistas!
Viva o Ano Velho

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cachorros de Palha – Assim como é – Último Capítulo

Enfim, chegamos ao ultimo capítulo deste livro que nos possibilitou enxergar melhor a realidade a nossa volta. Ficou no ar aquele gostinho de quero mais.
Pensamos na vida como um palco onde representamos, pela  ação, nossos sonhos. Buscamos significado em tudo que fazemos e na vida não  poderia ser diferente. Deste modo encaramos o mundo como algo a ser refeito a  nossa própria imagem.
Olha só como o autor me dá um tapa na cara dos mais fortes, sempre me considerei um discípulo das ideias socráticas de conhecimento, liberdade e virtude. Entretanto o autor me chama de fraco  quando diz:
A maior parte dos que trabalham para melhorar o mundo não estão se rebelando contra o esquema das coisas. Buscam consolação para uma verdade: que são fracos demais para suportar. No fundo, sua fé de que o mundo pode ser transformado pela vontade humana é uma negação de sua própria mortalidade”.
Jogou pesado demais, estou tentando debater seus argumentos, mas não consigo, a única coisa que podemos ter certeza é disto mesmo, de que a vida é finita e ponto. Neste caso para que mudar o mundo? Para que evolução? Para que ter tanto conhecimento das coisas?
Na verdade, a ação nos entorpece, ela nos consola e torna nossas vidas razoavelmente sólidas, Não é o sonhador quem escapa da realidade é justamente o trabalhador, ou o executor. Hoje temos um ideal: uma vida boa é uma vida com uso de tecnologia, com paz e com liberdade. O problema é que esta visão de mundo é uma visão grego-cristã e nega a tragédia, ou seja, a finitude da vida. Será que não temos coragem para encarar esta realidade?
O ponto central da vida não é seu começo nem seu fim, o barato dela é que seu prazer se encontra sempre no presente - caminhar é mais importante que chegar.
Vivemos num mundo dominado pelo progresso, porém o que poderia ser mais deprimente do que a perfeição humana? Atingir algo é deixar de vivê-lo e isto é tedioso. Sempre brincava com meu professor de religião que descrevia o paraíso como um lugar lindo, onde todos eram felizes e que nossos sonhos se tornavam reais. Ora, neste mundo eu não quero viver não, dizia eu, neste caso preferia ir para o inferno (risos).
O tesão da vida é justamente os opostos, as contradições, sem eles nada teria graça, um mundo perfeito é um mundo sem motivação, sem desafios. O que seria do amor sem o ódio, o que seria da alegria sem a tristeza e da felicidade sem a frustração. Sem comparativos tudo viraria um tédio só, portanto não quero ir para o paraíso não, quero ficar aqui na terra onde as coisas são prazerosas e temos a oportunidade de vivê-las ao máximo.
Vamos viver o presente e contemplar o mundo, esta é a única opção que nos foi mostrada pela natureza, as provas estão todas aí. O livro nos mostrar bem isto, precisamos ter coragem para admitir que nossas vidas devem ser finitas e curtas. Portanto depende de cada um de nós uma escolha: viver o agora ou depender de algo imaginado, sonhado e duvidoso.
A verdade parece está bem na nossa frente, só que ela é tão dolorosa para alguns que preferem viver sonhando em algo totalmente ilusório e que provalvemente nem foi pensado por ela. Não temos como saber o amanhã, temos apenas o presente para nos preencher.
Eu já fiz minha escolha e você?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Cachorros de Palha – O Não Processo

Voltando ao resumo do livro Cachorros de Palha, faltam apenas dois capítulos para termina-lo. Que pena.
Oautor começa o capítulo com a seguinte frase: “O progresso é um fato. Mesmo assim, a fé no progresso é uma superstição”. A ciência traz melhorias, novas tecnologias, conhecimento da natureza, no entanto NÃO altera as necessidades humanas. As vontades, ética e necessidades humanas são as mesmas de 20 mil anos atrás e continuarão sendo as mesmas no futuro.
O autor coloca que a mudança das sociedades primitivas onde o homem caçava para sobreviver, para as complexas sociedades hoje, não trouxe nenhum ganho geral em termo de bem-estar e liberdade. Os humanos somente trabalhavam quando precisavam comer, não precisavam de excesso nem de produção, com isto tinham tempo para comtemplar à natureza, viver com os familiares e amigos e tinha mais tempo para si mesmos. Isto gerava mais bem-estar e liberdade para ele, trabalhava apenas quando queria ou necessitava.
Num outro parágrafo percebe-se a ironia com a Revolução das máquinas, cada vez mais elas irão trabalhar por nós e de acordo com o autor a população irá voltar-se a diversão, distração e aos produtos desta: drogas, bebida, prostituição e etc. Já podemos perceber isto nos países desenvolvidos onde os serviços crescem há 20 anos e já ultrapassaram o setor industrial em numero de empregados. Com as máquinas e computadores trabalhando por nós e nossas necessidades saciadas iremos nos voltar a desejos mais exóticos e a inventar novos vícios.
Dentro deste capítulo o autor traz a tona outro assunto que venho sempre descrevendo no blog, temos vários artigos sobre isto. Para o autor os humanos não terão controle sobre as máquinas, às formas de vida naturais não contêm em si mesmas, nenhuma vantagem evolutiva em relação aos seres artificiais e não há retorno – “Uma vez que um sistema seja entregue a um software vivo, capaz de se reproduzir, não há mais retorno” – A substituição dos humanos pelos próprios artefatos criados é curiosa e perfeitamente possível. O temor das pessoas vem da ideia que as máquinas não tem a consciência humana, para o autor as máquinas irão mais além, transformando-se em seres espirituais, não apenas pensarão como terão emoções, ilusões a autoconsciência. Precisam ler este capítulo para escutarem do autor as coisas que venho dizendo e ninguém leva a sério.
O ponto principal deste capítulo é tratar da falta de progresso do homem, o que evolui é o conhecimento sobre as coisas, não o homem.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Desenvolvimento Humano x Liberdade Econômica

Tenho durante o tempo de vida da Liga publicado vários artigos sobre os benefícios da liberdade em tudo em nossas vidas, seja na sociedade, seja na vida privada, seja na econômica, seja na religião, seja em praticamente tudo a nossa volta.
Como alguns ainda teimam em discordar destas minhas análises, me sinto no dever de continuar a trazer novas teorias e dados para tentar embasar ainda mais minhas analises.
A mais recente publicação do IDH 2010 me trouxe repentinamente uma clara visão de como liberdade econômica traz desenvolvimento humano e de vida para o corajoso país que adota-las. Digo corajoso porque não é popular, vender empresas, dar liberdade de contratação aos empregadores, diminuir a carga tributária e consequentemente acabar com os benefícios sociais não são medidas populares, e sim, bem desgastantes. Imaginem algum presidenciável pregar algumas das propostas acima, nunca seria eleito. Porém o desenvolvimento duradouro precisa deste ambiente de livre concorrência e empresas privadas. As provas estão em todos os lugares.
No entanto vamos fazer uma correlação entre o IDH 2010 e o último ranking de liberdade econômica de 2010 e identificarmos suas semelhanças.
Reparem que não temos entre os 10 melhores, nenhum país que não seja bem capitalista, não existe nenhum socialista ou com tendências a tal. Todos acima pregam bastante liberdade econômica e privilegiam a competitividade, também verificamos que existem pouquíssimas empresas estatais neles.
Podemos apenas tecer alguns comentários a respeito de Noruega e Suécia, pois apesar de estimularem a competitividade de sua economia, terem grandes empresas privadas, possuem um alto grau de benefícios sociais pagos pelo estado, neste caso vamos analisar com parcimônia e como exceção, já que são raridades no universo estudado.
Temos abaixo o índice de liberdade econômica de 2010.
Observem, agora, a correlação entre os dois rankings e percebam que 5 se repetem entre os 10 primeiros e 3 dos 10 melhores no IDH estão entre os 23 do ILE.

Correlação
Não podemos negar que apesar de serem impopulares e desgastantes devemos perseguir a liberdade econômica, pois no longo prazo, somente ela trará os benefícios sociais que todos perseguem. Um ponto a ser destacado é a cultura de cada país, enquanto alguns privilegiam a iniciativa individual, o esforço de cada um, outros perseguem o auxilio, a falta de iniciativa, o amparo. Volta a afirmar, não podemos dar nada de graça a ninguém, as pessoas precisam correr atrás do pão de cada dia, precisamos incentivar e premiar o esforço das pessoas e não sua ociosidade. O problema da América Latina está ai, herdamos o apadrinhamento estatal dos países ibéricos e 500 anos depois ainda não conseguimos nos livrar disto.
A China, pesar de grande crescimento econômico, não tem IDH elevado nem tampouco ILE, neste caso afirmo que sem democracia e liberdade econômica ela vai afundar, ditaduras podem fazer um pais crescer 100 anos em 10 anos, mas basta uma medida errada para regredir 200 anos. A democracia traz lentidão no crescimento, mas este é sempre contínuo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma Nova Eleição Legislativa

Passada mais uma eleição, onde se cumpriu a vontade “popular”, chegou o momento de debatermos um pouco sobre tudo que aconteceu e tirarmos algumas conclusões para criar melhorias nas próximas.
Acho que todos concordam que precisamos fazer alguma coisa em relação ao legislativo, continuamos votando sem nenhum critério, a maioria nem sabe o que um deputado faz e deste jeito fica difícil mudarmos alguma coisa. Em geral elege-se o mais famoso ou o mais divulgado, com isto, o poder da mídia e do dinheiro se sobressai sobre as ideias e propostas de cada um. Até dentro dos próprios partidos políticos isto acontece, quem tem mais prestígio tem mais verba e mais chances de se eleger. Deste modo acabamos não elegendo uma porção da sociedade e sim apenas uma: aquela que detém o poder econômico e político.
Dentro deste quadro tenho pensado numa forma diferente de eleger o legislativo. Para isto vamos gostaria de voltar um pouco no tempo, ao princípio desta instituição, e perceber seu verdadeiro significado: ela deve representar uma parcela da população, e deste modo, deveria haver uma renovação constante da mesma. Portanto minha primeira proposta é de acabar com a reeleição para cargos legislativos, com isto acabamos também com outra pratica abominável que é a carreira política. Cargos eletivos não podem ter carreira, são como o próprio nome diz: eletivos e temporários. Não podemos permitir que ninguém viva exclusivamente de cargos políticos. Quem pretende se eleger deve ter uma ocupação. Na Grécia antiga as assembleias eram reuniões de pessoas importantes de tempos em tempos, ninguém recebia nada para votar, era um dever do cidadão participar das decisões e não uma forma de ganhar dinheiro nem de seguir carreira.
Seguindo a mesma linha anterior vem minha segunda proposta: estes cargos não devem ser remunerados. Ninguém deve receber nada para votar, isto deveria ser um dever do cidadão e os assessores também devem seguir a mesma linha. Para isto vem minha terceira proposta: assim como em cargos eleitos por sindicatos, as pessoas escolhidas para representar a sociedade no legislativo deveriam se tornar estáveis no emprego, ou seja, o empregador não poderia demitir e ainda deveria libera-lo 2 dias por semana para ele votar, proponho a sexta e sábado.
Acho que 4 anos pode viciar uma pessoa e fazê-la gostar do poder e acabar fazendo politicagem, portanto minha quarta proposta seria de cargos eleitos por apenas 1 ano, a cada ano escolheríamos uma nova assembleia legislativa. Como não haverá custo para a sociedade, também proponho dobrar o numero de legisladores, neste caso teremos uma porção maior da sociedade decidindo nossos rumos.
Não esqueçam que estas propostas valeriam para todas as casas legislativas: federal, estadual e municipal.
Bem, a quinta, ultima e mais controversa proposta seria a forma de elegê-los: proponho sorteio. Quem quisesse representar gratuitamente a sociedade nas suas decisões mais importantes deveria primeiramente atender a alguns requisitos, seriam eles:
1. Fazer um curso de aprendizado sobre o funcionamento de um cargo legislativo de, no mínimo, 1 ano, com uma carga horária elevada e nota mínima de 7;
2. Ter segundo grau completo;
3. Comprovar moradia fixa e contínua no local selecionado;
4. Ter emprego;
5. Não possuir nenhum registro de condenação em primeira instância;
6. Não ter participado anteriormente do cargo escolhido;
Qualquer interessado poderia se tornar elegível, todas as propostas acima são de caráter preparatório, pobres e ricos poderiam segui-los e teriam as mesmas oportunidades.
Depois de passar nesta peneira, os aprovados seriam escolhidos por sorteio, o legislativo deve representar a sociedade, então todos deveriam ter as mesmas chances, nada mais justo que o sorteio.
Acho que fui longe desta vez, talvez até tenha radicalizado demais, me ajudem, tragam mais propostas e aprimoramento destas ideias e sempre tenham em mente: do jeito que está não dá, né?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Privatização x estatização

Temos ouvido muita coisa sobre privatizações nos ultimos dias, portanto revolvi publicar este texto novamente para relembrar o assunto.
Passado, pelo menos em partes, por mais uma crise do capitalismo voltamos a um debate sempre trazido em épocas de incertezas economicas: a liberdade capitalista.
Quero neste primeiro momento trazer uma abordagem nova ou diferente de simplesmente falar sobre os prós ou contras da privatização ou não do mundo e da sociedade a nossa volta, e voltar ao princípios que norteiam esta discussão.
Controle (derivado de poder), esta é a palavra chave neste debate, privatizar ou estatizar é transferir ou não o controle de algo do estado para a sociedade. Privatizar empresas ou serviços públicos é transferir para a sociedade o controle e o poder sobre algo.
Acho que o mundo ainda não encontrou um modelo adequado e provado de como devemos gerir e administrar os coisas públicas no mundo, portanto vamos discorrer um pouco sobre a forma de administração pública e privada.
Administração Pública: percebemos que quando o estado gerência algo, falta-lhe controle, ou como dizemos no dia a dia, o dono. Há uma completa falta de identidade do administrador público sobre o objeto administrado. O gestor não exerga a empresa ou autarquia como algo que deve ser cuidado por ele e que naquele momento é de sua posse, não propriedade. Sem alguém para zelar, cuidar, e tratar como seu, nada, digo nada neste mundo prospera; numa empresa sem dono é como um navio sem marinheiro, todos opinam, todos fazem o que acham que devem e ninguém é cobrado por nada, ou seja, falta o controle, quem controla um empresa pública? O presidente? Ele está muito longe para isto.
A falta de controle faz desabar qualquer tentativa bem sucedida de o estado controlar uma empresa e até algum serviço público, temos diversos exemplos mal sucedidos no mundo, vejam a Venezuela, a Rússia socialista, as empresas públicas brasileiras, Correios, Eletrobrás, Petrobrás, são casos e mais casos de ingerência, corrupção, má administração, falta de planejamento estratégico eficiente, entre outros.
Portanto acho que já testamos inúmeros casos e experiências mal sucedidas de administração pública, não só no brasil como em qualquer outra parte do mundo, todo que é público, no fundo, não é de ninguém, pois quem é o público? Difícil definirmos isto.
Administração Privada: sem lucro não há administração privada, o dono sempre irá visar o lucro, este sempre será o interesse primário de um negócio, qualquer que seja, tudo que é feito é visando um retorno adequado ao investimento feito. Não tem nada de errado com isto, muito pelo contrário, o lucro é o fruto do trabalho e da ideia bem sucedida de alguém.
Diferentemente do que nos ensinou karl Max, que o lucro é a exploração social do capital, na verdade o lucro é o ganho da diferenciação do empreendedor, ganha mais quem vende mais com margem maior e quem consegue isto? Ora justamente aquele que for capaz de criar algo novo, diferenciado e bem feito, então nada mais justo do que este ganhar mais que o outro.
No entanto o lucro não pode ser considerado nos serviços públicos, o objetivo deste não é um retorno do capital, como revolver este problema? Ou temos uma boa administração visando o lucro ou temos um péssimo serviço visando uma prestação pública.
Esta questão tem me incomodado bastante, vejo a administração federal estatizando muita coisa e caminhando na direção oposta dos países que mais crescem no mundo e os mais desenvolvidos, a liberdade de competição somente é conseguida com um numero maior de concorrentes e isto somente é alcançado com privatizações, não consigo ver benefícios com a estatização do pré-sal por exemplo. O papel do governo é cobrar pela exploração e com impostos e não administrar uma empresa.
Penso que uma forma de estabelecer uma administração publica-privada dos serviços públicos seria o estabelecimento de metas para uma administração privada, onde os primeiros objetivos do administrador seria o cumprimento de metas e padrões minimos de qualidade destes serviços. Isto vale para tudo, não acho que deveríamos ter nada administrado pelo governo, o papel deste é controlar, regular e fiscalizar os serviços que seriam prestados pela iniciativa privada.
Saúde, educação, previdência, entre outros serviços públicos poderiam ser privatizados através do estabelecimento de metas, neste caso o governo poderia fazer o papel de auditor deste serviços e cobrar por eles em vez de tentar administrar algo que não tem competência.
Bem, é apenas uma ideia, e que apareçam outras.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Realidade Virtual

Toda vez que escrevo aqui sobre previsões futuras, sobre máquinas substituindo os humanos, gera grande polêmica e inquietações de alguns. Bem, vou escrever esta semana sobre algo que li no capítulo anterior de Cachorros de Palha sobre a Realidade Virtual. Achei bastante interessante a abordagem do autor sobre a fuga implícita do homem em sempre escapar da sua realidade e estender um pouco a discussão abortando outros aspectos.
A Realidade Virtual é a criação de outra realidade através de ilusões, espelhos e neste caso de computadores capazes de simular diretamente em nossas mentes, percepções ilusórias que irão parecer totalmente reais.
O homem adora fugir de sua realidade, faz isto quando trabalha demais, estuda demais, se doa demais, usa drogas, bebe álcool e até quando viaja demais (faço uma autocritica neste caso, mas em partes, rs), ou seja, quando não se tem coragem – mais uma vez uso este palavra em meus textos – de mudar sua realidade por suas próprias vontades, se busca um refúgio longínquo para afogar suas mágoas ou esquecê-las.
A Realidade Virtual é exatamente isto, outra forma de fugir das limitações ou infelicidades individuais em prol de um prazer superficial e passageiro. Qualquer percepção do mundo por qualquer ser inteligente que possa existir no universo será carregada de vícios e imperfeições. Isto acontece por dois motivos, o primeiro é o hardware utilizado, no caso dos humanos, seus cinco sentidos, só podemos perceber o mundo através deles e qualquer limitação destes será uma enorme limitação de percepção. O segundo é o software ou linguagem, no nosso caso, a mente humana, esta é tão carregada de habito, convenções, cultura e etc. que sua interpretação da realidade será sempre muito pobre. A ciência utiliza muito a matemática para aumentar nossa visão, mas isto é tema para outro artigo. Portanto nossa maneira de perceber a realidade já é um pouco virtual, ou seja, é uma criação de nossas mentes.
Vamos volta para o tema. A Realidade Virtual pode nos trazer algumas recompensas que, vejam este trecho de Stanislaw Lem no livro Summa Technologiae:
O que pode o sujeito experimentar quando conectado ao gerador fantomático? Tudo. Pode escalar montanhas escarpadas ou caminhar sem um traje espacial ou máscara de oxigênio na superfície da lua; numa armadura clangorosa, pode liderar um pelotão de fieis combatentes na conquista de fortificações medievais; pode explorar o polo norte. Pode ser aclamado por multidões como um vencedor de maratona, aceitar um premio Nobel das mãos do rei da Suécia como maior poeta de todos os tempos, comprazer-se no amor correspondido de madame Pompadour, duelar com Jasão, vingar a morte de Otelo ou tombar sob as adagas de matadores da máfia. (...) Pode morrer, ser ressuscitado e fazer isso de novo, muitas e muitas outras vezes.
Dentro deste Gerador Fantomático – máquina criada pelo autor acima para criar realidades virtuais dentro de qualquer mente – podemos ter apenas as experiências que queremos ter, poderíamos escapar de nossas limitações físicas e até humanas e vivermos como verdadeiros Deuses. Imaginem as implicações disto, ninguém vai mais querer sair do virtual e enfrentar sua dura rotina real.
Nossas vidas são criadas por fatos irrecuperáveis e inalteráveis, porém na realidade virtual esta seria apenas uma de muitas que poderíamos viver. Poderíamos perder a percepção de mortalidade que temos tão forte dentro de nosso inconsciente, isto sim seria uma revolução mental.
Não se enganem, muito não acreditam nisto devido à crença que temos Alma (acho que o século XXI irá quebrar muitas barreiras sobre a crença em alma, tem muita coisa para acontecer que irá suscitar muitas dúvidas sobre ela). Tudo está em nossas mentes e nossos pensamentos podem e vão ser manipulados, teremos o poder de decidir se teremos uma vida terrestre ou virtual, com ou sem riscos, será uma escolha individual e temo que muitos tomem a decisão de não viver o risco e por falta de coragem escolher uma vida de prazeres no mundo virtual.
Tragam-me outras reflexões sobre o tema, como seria uma vida virtual? Como o ser humano irá encarar isto? Quais as consequências sociais? Tem um filme novo chamado “Substitutos” que pode dar uma ideia de como seria.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Era Lula

Escrevi este texto há 1 ano e acho que seria legal relembrar um pouco:
Estava esperando um momento para falar sobre nosso presidente e acho que chegou o momento.
Eu realmente devo estar cego ou maluco por ser o único ser neste planeta que não ame o Lula, não tenho nada contra a pessoa dele, acho até carismático, mas cadê o preparo para ser presidente de um país. Sempre tento achar alguma coisa no presidente para elogiar e não consigo, juro.
Não consigo enxergar nada que tenha sido feito de maneira correta e planejada, ou alguma coisa que terá benefícios futuro a sociedade brasileira. A Era Lula é a era do imediatismo e do camarada.
Se o mundo o ver ele como o “Cara” ou o mundo está, na verdade, brincando com a situação ou está muito mal freqüentado no momento.
Camarada! Sim, pois desconheço um governo na história mundial que tenha feito um governo tão covarde, Lula não briga com ninguém, se você está insatisfeito com alguma coisa, vai lá no planalto e pede, tenho certeza que sairá com alguma coisa. Este governo não nega nada para ninguém e por isto mesmo não faz nenhuma reforma, não executa nenhuma obra importante, não acaba com a corrupção, não acaba com as aposentadorias milionárias, não diminui o gasto estatal, não privatiza nada, ou seja, não faz nada. Em termos de administração pública não conheço um governo tão inerte.
São 250 mil novos funcionários públicos, de 2003 a 2009 o gasto com pessoal subiu 100 bilhões de reais anuais, tem emprego para todo mundo, quem vai pagar por tudo isto agora e nas aposentadorias futuras? O Brasil é um país rico, não é mesmo?
O PT realmente tomou o poder, tomou de tal forma que levará outros 20 anos para corrigir as mazelas trazidas pelos companheiros, pelos camaradas que lutaram muito pelo partido no passado e agora merecem alguma coisa. O problema é que este “alguma coisa” está se tornando muito caro para a sociedade.
Basta dar uma olhada no currículo dos ministros do nosso querido presidente para ver que estudo não vale mais nada mesmo, tem de tudo, sindicalista, político, petista, companheiros de longa data (alguns já saíram por corrupção), é mesmo uma festa este governo. Aposto que muito poucos conseguiriam um emprego decente numa empresa privada. Já viram a estirpe do ministro do trabalho? é uma piada.
Alguém se lembra do Fome Zero?
Entretanto, alguém poderia dizer, e o bolsa família? E a economia? Bem, meus companheiros, isto é papo para gente grande.
O Bolsa Família é a maior compra de votos da história mundial. Tem lugares do Nordeste que empresas estão tendo dificuldades de contratar pessoal, as pessoas preferem ficar em casa e ganhar R$ 95,00 do que trabalhar para ganhar R$ 400,00. Esta é a lógica, enquanto alguém ajuda, o cara não se move. Este é o Brasil. Se o cara está com fome ele vai se virar para conseguir comida, dando a ele o peixe estamos mantendo-o sem ocupação, sem produção, sem PIB, sem nada.
Economia? O governo Lula não mudou uma vírgula do plano Real do governo anterior e ainda deu sorte por não ter tido Apagão, Crise Russa, Crise Asiática, Eleição de Lula. Bem, na economia tenho que dar um mérito para o Banco Central. Entretanto será que apenas um órgão do governo administrado por um banqueiro é merecedor de elogios?
PAC: realmente uma piada. A Revista Veja publicou, faz uns meses, uma reportagem demonstrando com andam estas obras, vale a pena dar uma olhada para ver o absurdo.
Meio ambiente: nosso ministro ainda tenta, mas não tem conseguido muita coisa, há 6 meses o governo legalizou milhões de hectares de terras invadidas na Amazônia. Para mim a Amazônia é um patrimônio mundial e que governos internacionais não podem deixar o Brasil destruir. Não importa se eles já destruíram as florestas deles, o que importa agora é que esta floresta é a única que sobrou e o mundo precisa dela. Nosso papel é exigir um retorno pela manutenção da mesma e não destruí-la.
Diante deste quadro, fico muito pessimista em relação ao nosso país, será muito difícil mudar alguma coisa, a estabilidade da economia pode trazer benefícios de curto prazo, no longo prazo precisamos acabar com a corrupção, educação, segurança pública, desmatamentos na Amazônia, investimentos em infra-estrutura, reformas política, previdenciária, da justiça, administrativa, tributária e não consigo enxergar nada disto neste governo, estamos há 8 anos sem andar nada com pontos acima.
Esqueci de alguma coisa?
Brasil, país do futuro que nada, a frase agora é: Brasil, país dos companheiros!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cachorros de Palha – Capítulo 4: O não-salvado

A idéia de pecado e redenção surgiu com o cristianismo, fundamentando esta crença e destacando-se no centro dos ensinamentos de Jesus. Afinal, se não formos pecadores, não precisaremos ser redimidos e a promessa cristã de redenção não aliviaria nossas dores.
Os humanos pensam que são seres livres, conscientes, mas são, na verdade, animais enganados. Ao mesmo tempo nunca cansam de tentar escapar do que imaginam ser, pois suas religiões são tentativas de livrar-se de uma liberdade que nunca possuíram. [O que torna o homem um ser não livre? A pouca consciência de si? Talvez o conceito aqui empregado para liberdade esteja errado. O homem é capaz de decidir sobre seus caminhos mesmo que em poucos e fugazes momentos de consciência e qualquer outro modelo de liberdade que não o experimentado pelo humano é teórico. Nossa liberdade é limitada em relação a que parâmetro? O engano deve estar no conceito.]
A média da humanidade leva seus salvadores muito pouco á sério para precisar deles e quando os buscam é por distração, não salvação.
Como o cristianismo no passado, o moderno culto da ciência vive da espera de milagres (fim da velhice, das doenças, da finitude da espécie humana), contudo, mesmo trazendo benefícios, a ciência trará também prejuízos (aperfeiçoamento da arte da guerra e refinamento da tirania), não restando “salvação” para a humanidade.
Segundo Gray, é raro indivíduos valorizarem sua liberdade mais do que o conforto que vem da subserviência, e mais raro ainda que povos inteiros o façam. [Carlos: percebam a profundidade desta afirmação, as pessoas preferem viver na ilusão que enxergarem a realidade]
O ateísmo é fruto da paixão cristã pela verdade. Nenhum pagão está pronto para sacrificar o prazer da vida em troca de mera verdade. Entre os gregos, a meta da filosofia era a felicidade ou a salvação, não a verdade. A adoração da verdade é um culto cristão. Deste modo, o cristianismo atingiu a tolerância pagã à ilusão, e ao sustentar que existe uma única fé verdadeira, deu à verdade um valor nunca antes atribuído, tornando possível, pela primeira vez, a descrença no divino. A consequência de efeito tardio da fé cristã foi uma idolatria da verdade que teve sua mais complexa expressão no ateísmo. Se hoje vivemos em um mundo sem deuses devemos ao cristianismo. [Carlos: que critica bem feita, sempre busquei a verdade, John tem destruído muito de meus conceitos]
Por que outros animais não buscam libertar-se do sofrimento? Será porque ninguém lhes disse que tem que viver novamente? Ou será porque, sem precisar pensar nisto, sabem que não viverão? Para aqueles que se sabem mortais, o que Buda buscava está sempre á mão (mortalidade e não ter que viver de novo). Já que a salvação já está assegurada, por que nos negamos o prazer da vida? [Marcela: Realmente incompreensível] [Carlos: não achei, o que o autor quer demonstrar é que a expectativa de uma vida após a morte traz sofrimento e angustia, por não sabermos o que nos espera, se vivêssemos sabendo de nossa finitude, teríamos muito mais prazer]
A verdade não é que tememos o passar do tempo porque conhecemos a morte, tememos a morte porque resistimos ao passar do tempo. Se outros animais não temem a morte como nós não é porque sabemos algo que eles não sabem, é porque não estão oprimidos pelo tempo. [Marcela: Como saber o que passa no íntimo dos outros animais se ainda não estabelecemos uma comunicação eficiente com eles? O autor, ao meu ver, interiorizou de maneira extrema o culto á sua própria verdade. Opinião não é sinônimo de verdade.] [Carlos: Marcela não resista a dialogar com o autor entre no mundo dele primeiro, é claro que o animais não sofrem com a morte natural – não estamos falando da morte acidental aqui - 99% deles não tem consciência de sua existência, precisamos conversar com eles para perceber isto?]

Comentário (Marcela): Acredito que os homens que buscam a fé em salvadores não o fazem por diversão e sim pelo conforto de transferir a responsabilidade pelo que acontece em suas vidas, aliviando-se deste “peso”. Ou buscam a fé para consolar-se de dores irreversíveis, tendo em vista o pesado fardo da mão única do tempo, como o próprio autor coloca “O tecido de nossas vidas é feito de atos irrecuperáveis e atos inalteráveis...”
Além disso, nascer sabendo que a morte é o fim certo é algo que nós humanos temos dificuldade em lidar. A idéia de vida eterna é aconchegante e tranquilizadora (bom para os que acreditam e péssimo para os que deixam de viver plenamente esta vida que conhecemos para viver outra que ninguém tem certeza). O argumento de que os animais não temem a morte é falso, eles temem a morte iminente e manifestam seu medo reconhecidamente. Não somos os únicos animais que temem o desconhecido.

Comentário (Carlos): a fé alivia mesmo o “peso” da existência, mas somente para os fracos, enxergar uma vida finita é muito mais confortável, acabamos com a espera e a ansiedade de uma vida melhor depois e passamos a viver como se cada momento fosse único e irrecuperável. Isto faz o homem viver para executar as coisas aqui e agora e o torna um ser muito mais feliz e realizador.
Desculpem-me mas não consigo ver benefícios a longo prazo para a religião, ela até pode trazer um conforto no curto prazo, mas ao longo da vida ela escraviza, manipula e domina as ações humana individuais para algo coletivo e ilusório.
Precisamos entender que não importa se teremos vida após a morte ou não, se Deus não está aqui e agora nos falando o que fazer é por que isto não é importante, se ele realmente existir quer que vivamos nossas vidas sem ele. Vivendo assim, o homem traz o paraíso eterno para o presente e vive sua vida de forma completa. Só vejo benefícios em imaginar uma vida finita, no entanto vale e muito esta discussão.
Sempre digo: "Se houver outra vida depois, será lucro"

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Cachorros de Palha – 3º capítulo: Os vícios da moralidade (última parte)

Voltando ao capítulo 3 do livro Cachorros de Palha. Para o autor a conclusão final de todo trabalho de Freud é que ser uma boa pessoa é uma questão de sorte. Ser gentil ou ser cruel é um senso de justiça que dependem dos acidentes da infância. Para Freud a bondade é uma dádiva do acaso e, portanto não é uma liberalidade da vontade, esta liberdade de escolha é uma ilusão.
Outro aspecto é a moralidade como afrodisíaco. Dificilmente a moralidade nos terá transformado em melhores pessoas, mas ela certamente enriquece nossos vícios. Todos que de alguma maneira foram cristãos, o prazer só pode ser intenso se estiver misturado com a sensação de estar agindo imoralmente, alguém discorda?
A moralidade humana é imoral. A paz e prosperidade de uma geração é sustentada por injustiças de gerações anteriores. A filosofia moral é um ramo da ficção
O mais importante para o ser humano é viver suas escolhas. Entretanto para os pré-socráticos as coisas eram um pouco diferentes, eram justamente os limites que nos tornavam humanos: forte ou fraco, belo ou feio, bravo ou covarde, todos estes aspectos de nossas vidas, alias os mais importantes, nos são dados e não podem ser escolhidos.
Os gregos antigos estavam certos, o ideal da vida que escolhemos não combina com a maneira como vivemos. O tempo e o lugar que nascemos, nossos pais, a primeira língua, tudo são acasos, não escolhas. A vida de cada um de nós é um capítulo feito de eventos acidentais.
A ética não é atributo humano, suas raízes estão nas virtudes animais. Nietzsche escreveu:
As origens da justiça, bem como da prudência, da moderação, da bravura – em suma, de tudo aquilo que designamos como virtudes socráticas – são animais: uma consequência daquele impulso que nos ensina a buscar comida e escapar de inimigos. Agora, se considerarmos que mesmo o mais elevado ser humano apenas se tornou mais elevado e sutil quanto à natureza do que come e em sua concepção do que é antagônico a ele, não é inadequado descrever todo fenômeno da moralidade como animal.
Ao contrário da visão grega e ocidental de que viver bem é viver livre e através de nossas escolhas individuais, para o Taoístas, a vida boa é viver sem esforços, de acordo com nossas naturezas, sem propósito, sem possibilidade de saber o que vem após a morte, sem possibilidade de progresso, um fatalismo muito próximo do determinismo, até mesmo a sugestão de que o organismo humano opera como uma máquina.
Podemos perceber algumas diferenças entre nós e os outros animais que, em parte, surgem nos conflitos entre nossos instintos. Os humanos buscam segurança, mas são facilmente entediados; são animais amantes da paz, mas tem um gosto pela violência; são inclinados a pensar, mas ao mesmo tempo odeiam e temem a incerteza trazida pelo pensar. Também como atesta a história da filosofia, os humanos tem um talento para o autoengano e crescem na ignorância de suas naturezas.
Não vamos esquecer: a moralidade é uma doença tipicamente humana.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cachorros de Palha – 3º capítulo: Os vícios da moralidade (1ª parte)

Desculpem pela ausência do blog nas ultimas 2 semanas, andei bem ocupado.
Voltando ao capítulo 3 do livro Cachorros de Palha. Nesta parte do livro o autor quer demonstrar que a moralidade não é importante para o ser humano. Para introduzir melhor as ideias do autor, vou tentar fazer um resumo da parte 11 do capítulo 3º onde é feita uma excelente introdução sobre o inicio da moralidade nas sociedades humanas.
De acordo com John Gray a moralidade começou com Sócrates, sobre sua influencia a ética deixou de ser a arte de viver bem num mundo perigoso, e tornou-se a busca de um bem maior que nada possa destruir, um valor potente que derrota todos os outros.
Para Sócrates a virtude e a felicidade andavam juntas, nada pode causar dano a um homem realmente bom, então ele imaginou o bom para torna-lo indestrutível. Surgiu, então, a ideia de que a ética está preocupada com algum tipo de valor além da vida terrena, que pode, de algum modo, prevalecer sobre qualquer tipo de perda ou infortúnio. Criou-se a moralidade.
Pensamos a moralidade como um conjunto de leis ou regras a que todos têm de obedecer e que consiste nesses preconceitos que herdamos parcialmente do cristianismo e parcialmente da filosofia grega clássica.
No mundo antes de Sócrates não havia moralidade. Havia ideias sobre certo e errado, mas não havia nenhuma ideia de um conjunto de regras que todos devessem seguir, ou de um tipo de valor que superava todos os outros. A ética tratava de virtudes como coragem e sabedoria, mas não de valores ideais.
Preferimos basear nossas vidas na presunção de que a moralidade sempre vence, no entanto não acreditamos nisto realmente. No fundo sabemos que nada pode nos tornar a prova do destino e do acaso.
Para o autor não há progresso na moralidade humana, existem hoje mais assassinatos em massa do que em qualquer outra época humana. A ideia de criar uma raça humana superior sempre esteve presente no homem e o holocausto tinham preceitos totalmente progressistas que são utilizados até hoje.
Sócrates, também, trouxe a ideia de que a razão pode guia a vida, esta ideia está impregnada nos sociedades ocidentais e faz parte do humanismo moderno, porém está totalmente equivocada. Percebe-se isto quando colocamos o homem em situação extrema, como numa prisão perpetua sem esperanças, neste momento a vida humana não é trágica, mas desprovida de sentido, a alma é quebrada, mas a vida persiste.
A moralidade torna as leis universais, eternas e divinas, porém a crença de justiça e de ética são totalmente temporais, superficiais e transitórias. Leis utilizadas no século XVII são incompreensíveis hoje, e assim sempre será. A justiça é um artefato do costume, portanto instável e mutável.
Este capítulo é um dos melhores, destrói alguns conceitos de moralidade que veem principalmente das religiões modernas trazidas anteriormente pelos filósofos gregos e que permeia nossa sociedade hoje. As pessoas tendem a repugnar um ateu, principalmente pelo medo da amoralidade deste, entretanto não percebem que a falta de moral é justamente o principal preceito da virtude de viver bem, viver o presente e desfrutar a vida.
Semana que vem escrevo sobre a segunda e ultima parte deste capítulo.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Realidade x Ilusão: em busca da felicidade

Esta discussão é antiga, inclusive já foi tema de um artigo aqui do blog (http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/05/ignorancia-e-felicidade.html), porém como é muito subjetivo o conceito de felicidade vamos alongá-lo um pouco mais e discutir outras possibilidades ainda não contempladas no artigo anterior.
O autor do livro Cachorros de Palha, que é nossa leitura atual, levanta alguns pontos intrigantes, num deles comenta que o conhecimento não é importante e jamais trará felicidade ao homem, ele parte da premissa que como não há evolução humana, nem individual, o conhecimento não pode tornar o homem mais capacitado a ser feliz, o “ser” filosófico, ou o “eu” psicológico, não existem, ou pelo menos para a grande parte de nossas ações. Nosso pensamento é condicionado e totalmente material. O “ser” consciente representa muito pouco de nossas vidas e de nossas ações, pesquisas recente falam em algo em torno de 1%, ou seja, 99% de nossas ações são coordenadas pelo inconsciente, que é a percepção sensorial que adquirimos do meio, não há interferência individual neste processo, portanto somos condicionados a agir em 99% de nossas ações. Para o autor não há o livre-arbítrio para a quase totalidade de nossas vidas.
A vida da mente é como a do corpo, é comportamental. Pensamos que nossas ações expressam nossas decisões. Mas em praticamente toda a nossa vida, a vontade não decide nada. Nossas ações são formadas sobre uma estrutura quase infinitamente complexa de hábitos e habilidades. A noção de si mesmo nos humanos não é expressão de nenhuma unidade essencial. É um padrão de organização que não difere daquele encontrado em colônias de insetos, por exemplo.
Não quero parecer prepotente, entretanto já comentei anteriormente que a maior parte da população humana não consegue se desvencilhar deste comportamento, e podemos dizer que são 100% determinadas pelo meio, poucas são as pessoas que são mais que uma coleção de percepções de seu inconsciente. Estamos programados para perceber uma identidade em nós, mas ela é ilusória, uma construção frágil, que pode ser destruída por uma febre ou na loucura, e podemos deixá-la ou esquecê-la em estado de latência quando estamos absorvidos em ação.
Veja este trecho de um texto de Chuang-tsu, filósofo e poeta que viveu na china antes de cristo:
Se “A vida é um sonho” significa que nenhum ganho é duradouro, também implica que a vida pode ser impregnada com o maravilhamento dos sonhos, que andamos a deriva espontaneamente, através de eventos que seguem uma lógica diferente daquela de inteligência cotidiana, que medos e arrependimentos são tão irreais quanto esperanças e desejos.
Se não há livre-arbítrio então será muito difícil conseguir felicidade em conhecimento, já que este não é responsável por 99% do nosso cotidiano. Então como podemos ser felizes?
Bem, alguns filósofos da antiguidade, não tinham a verdade como meta, buscavam um estado de tranqüilidade apenas em suas buscas, sua meta era a paz interior. O objetivo da filosofia era a serenidade que advém de se ficar livre do mundo.
Não podemos fugir de algumas ilusões, pois somos governados pelo inconsciente, então o máximo que podemos fazer é tentarmos descobrir quais ilusões podemos controlar. Não podemos ter a esperança de uma vida sem ilusão, isto é impossível, e indissociável da vida humana, porém podemos tentar identificar e nos livrar de algumas, e assim, controlarmos o 1% das ações conscientes. Lembram daquela frase: “Carpe diem”. Pois é, somente podemos viver momentos de consciência individual e devemos buscá-los ao máximo, fora isto somos apenas animais condicionados.
A ilusão é parte integrante em nossas vidas e não podemos nos livrar dela, então devemos tentar ser felizes com ela, não podemos fugir da realidade e da condição comportamental humana. Sugiro neste caso, um mix das duas palavras:
A felicidade seria um contemplar de ilusões passageiras controladas, em parte, por uma consciência individual frágil, porém presente nos momentos decisivos.
Não vejo tristeza nem pessimismo nisto, vejo desafio, vejo coragem, vejo um meio de vivermos um pouco uma individualidade mutável, passageira e finita. Vejo mais um motivo para vivermos todos os momentos como únicos. Vou aperfeiçoar meu antigo lema, A VIDA É UMA SÓ, para um outro mais adequado: OS MOMENTOS SÃO UNICOS.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cachorros de Palha – 2º capítulo: O Engano (2ª parte - FINAL)

Platão identificava a realidade última como o que é percebido por humanos em seus momentos de máxima consciência, sendo um axioma, desde Descartes, que o conhecimento pressupõe atenção consciente. Contudo, sensação e percepção não dependem de consciência, muito menos de autoconsciência tendo em vista que elas existem por todo o reino animal e vegetal. Mesmo em seres nos quais a consciência é altamente desenvolvida, a percepção e o pensar, normalmente, acontecem sem consciência. [Importante esta parte, pouca gente percebe isto].
A maior parte do conhecimento adquirido é proveniente da percepção subliminar e as coisas que nos vem em consciência são apenas frações do que já sabemos de maneira inconsciente. Quase todos os nossos afazeres diários são realizados sem atenção consciente, nossas maiores motivações não estão no consciente e os atos mais criativos da vida da mente acontecem sem ser notados. Muito pouco do que tem conseqüência em nossas vidas requer consciência e muito do que é vital só acontece na ausência dela. [Vejam bem isto, de acordo com o autor nossa consciência não tem poder de processar nossas ações, inclusive é provado por pesquisas, portanto 99% de nossas ações são providas pelo inconsciente].
Outros animais diferem dos humanos na ausência da sensação de si mesmos a qual pode ser tanto uma deficiência quanto um poder já que a mais exímia pianista não é aquela mais consciente de seus movimentos quando está tocando e o melhor artesão pode não saber como opera.
Argumentos contra o livre-arbítrio avolumaram-se com o apoio da pesquisa científica de Benjamin Libet a qual mostrou que o impulso elétrico que inicia a ação ocorre meio segundo antes de tomarmos a decisão consciente de agir. Nós nos concebemos como deliberando sobre o que fazer e, imediatamente após, fazendo, mas, na verdade, nossas ações são iniciadas inconscientemente em quase todos os momentos de nossas vidas. O cérebro nos prepara para a ação, então temos a experiência de agir.
A conclusão da experiência neurocientífica é que não podemos ser autores de nossos atos, contudo, o responsável por esta pesquisa conservou algum livre-arbítrio através da noção de veto (capacidade da consciência de adiar ou abortar um ato que o cérebro iniciou). A questão é que nunca poderemos saber quando (ou se) exercemos o veto, tendo em vista que nossa experiência subjetiva é frequentemente, talvez sempre, ambígua. [muito legal isto, nosso livre-arbítrio apenas tem o poder de veto, bastante interessante isto, não tinha a menor noção disto]
Quando na iminência do ato, não somos capazes de predizer o que faremos, mas ao avaliarmos a decisão tomada veremos que foi “um passo num caminho ao qual já estávamos confinados”.
Consideramos nossos pensamentos como eventos que nos acontecem em alguns momentos e em outros como atos próprios sendo o sentimento de liberdade e o livre-arbítrio, consequentemente, truques de perspectiva.
Schopenhauer acreditava no caráter intrínseco e inalterável dos homens, contudo, para Gray esta idéia surge da necessidade que temos em buscar explicações para nossos atos dentro de nós mesmos.
Pensamos que nossas ações expressam nossas decisões, mas a vontade não decide quase nada em nossas vidas. Não podemos acordar ou adormecer, lembrar ou esquecer os sonhos, evocar ou banir pensamentos a partir de uma decisão nossa. [Seriam estas ações citadas realmente decisivas no curso de nossa história? Não decidimos lembrar ou esquecer, mas decidimos investir em um negócio ou não, escolhemos ciências exatas ou humanas, refletimos sobre nossas escolhas antes de decidir e trilhamos nosso caminho mesmo sem poder escolher lembrar dos nossos sonhos - Marcela]. [No entanto estas decisões correspondem a 1% ou menos de nossas ações e, portanto acabam sendo consequência das ações anteriormente executadas pelo nosso inconsciente, não acha? – Carlos].
Segundo Gray, resistimos à idéia de que nosso self consciente sofre, apenas, pequena influência da atenção consciente por este fato parecer nos privar do controle sobre nossas vidas. No entanto, isto não significa que sejamos governados por instinto ou hábito e, sim, que passamos nossas vidas lidando com as situações que nos ocorrem.
Buscamos continuidades em nossas ações, frequentemente imaginárias, porque estamos programados para perceber identidade em nós mesmos quando, na verdade, existe apenas mudança. A noção de si mesmo é um efeito colateral da falta de refinamento da consciência; a vida interior é muito sutil e transitória para ser conhecida em si mesma.
Por Marcela Costa

Comentários de Carlos: simplesmente adorei este capítulo, vale a pena comprar o livro apenas por este capítulo, todo psicólogo deveria ler, tudo muito novo para mim, mas encaixa-se perfeitamente na Teria da Seleção Natural de Darwin. Sempre tive esta ambiguidade de ideias: somos animais, no entanto não conseguia explicar a complexidade do pensamento e justamente o livre-arbítrio. Existem animais que também tem consciência de si mesmo, então o homem apenas tornou isto mais complexo. Nossa consciência se dá apenas depois de tomada as decisões, que louco isto, temos apenas o poder de veto. Acho que agora fechou o ciclo do homem, mais uma vez pode parecer pessimista esta abordagem, mas quem disse que a realidade é linda e maravilhosa, temos que aprender a viver e buscar a felicidade dentro da realidade e não vivermos na ilusão, apesar deste ultimo ser bem mais fácil e divertido. Estou escrevendo o texto prometido no artigo anterior, bem complexo o tema.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cachorros de Palha – 2º capítulo: O Engano (1ª parte)

Neste capítulo o autor questiona a idéia de que a “consciência, noção de si e livre-arbítrio são o que nos define como seres humanos” sendo que, segundo Gray, controlamos muito pouco do que mais prezamos e muitas das nossas decisões mais importantes são tomadas sem nosso conhecimento. Para ele, o domínio consciente da própria existência é algo inalcançável para os indivíduos, logo inviável para a humanidade.
Ao passo que classifica como irracionais as crenças sobrepujantes em Deus e na humanidade, lança o questionamento sobre qual sentido daremos às nossas vidas caso estejamos dispostos a abdicar das esperanças do cristianismo e do humanismo, mesmo sendo estas esperanças vazias.
Segundo Schopenhauer, principal pólo questionador citado neste capítulo, a filosofia era governada por preconceitos cristãos e o Iluminismo foi apenas uma versão secular do principal equívoco do cristianismo : a idéia de que somos bem diferentes dos outros animais. Para este filósofo, somos iguais a todos os outros animais, no íntimo, a individualidade não passa de uma ilusão e, assim como os outros animais, somos encarnações de uma Vontade Universal – energia [supostamente] responsável por dar vida a todas as coisas no mundo.
Davi Humer, filósofo escocês do século XVIII, também questionou a capacidade humana de ter consciência de si e do mundo argumentando que ao olharmos para dentro de nós mesmos veremos apenas feixes de sensações. Como saber, deste modo, o que é real se só podemos conhecer os fenômenos que a experiência nos propicia?
Jomhn Gray afirma que grande parte dos filósofos trabalhou para dar sustentação ás crenças de seu tempo, Schopenhauer foi uma exceção. Aceitando a idéia de que o mundo é incognoscível, conclui que tanto o mundo quanto o homem que imagina conhecê-lo fazem parte de uma espécie de sonho, sem nenhuma base na realidade.
Se para Kant apenas poderemos dar sentido á nossa experiência moral quando acreditarmos que somos um self autônomo e dotado de vontade livre, para Schopenhauer nossa experiência real consiste em estarmos sendo levados por necessidades corporais, como medo, fome e, principalmente, sexo. De acordo com este, o sexo “é o fim último de quase todo esforço humano.”
“Gostamos de pensar que a razão guia nossas vidas, mas a própria razão é apenas a atormentada serva da vontade. Nossos intelectos não são observadores imparciais do mundo mas particularmente ativos. A imagem que moldam dele nos ajuda em nossas dificuldades.”
Para Gray, se deixarmos para trás o cristianismo, temos que desistir da idéia de que a história humana tem algum significado. Se acreditarmos que os humanos são animais, não pode haver algo como a história da humanidade, apenas vidas de humanos particulares. [Não é contraditório afirmar que a individualidade é uma ilusão e a história coletiva não existe? Se não somos seres individuais e também não fazemos parte de um grupo -humanidade- o que somos afinal?]
A idéia de que a história tem que fazer algum sentido é apenas um preconceito cristão. Buscar significado na história é como buscar padrões nas nuvens. Nenhuma vida humana, ou de qualquer outro animal, tem significado que vá além de si mesma.
Filósofos de Platão a Hegel interpretaram o mundo como um espelho do pensamento humano enquanto, mais recentemente, Heiddeger e Wittgenstein afirmaram que o mundo, na verdade, é uma construção do pensamento. Estas duas idéias diferem pouco entre si e da mais antiga das filosofias – o Idealismo. Para os idealistas o pensamento é a realidade final e não há nada que seja independente da mente, o que significa que o mundo é uma invenção humana.

Por Marcela Costa

Comentários de Marcela: Se cada ser humano tem sua visão parcial do mundo a partir do conhecimento adquirido de experiências particulares, então não existe uma realidade universal. Não há uma verdade e sim várias verdades, cada uma tão verdadeira quanto as outras. Caberia, deste modo, a cada ser humano buscar sua verdade através da consciência de si que lhe seja possível alcançar.

Comentários de Carlos: é realmente muito difícil aceitar o óbvio, incrível como não conseguimos nos enxergar como meros e apenas animais. Surgiu a pergunta: o que somos afinal? Somos animais, criativos mas extremamente predadores e destruidores, e como animais seguimos a lei da seleção natural como qualquer outro ser vivo, portanto não temos livre-arbítrio em 99% de nossas ações (no próximo artigo será melhor explicado). O significado de nossas vidas é ela mesma, não tem mais nada depois. O homem não consegue se ver assim, a filosofia também não consegue isto, nenhum filósofo admitiu esta possibilidade, apesar de estar diante deles. Meu favorito Nietzsche por exemplo, chegou perto, mas criou a figura do super-homem e assim caiu no mesmo abismo que os outros. Não vejo isto com pessimismo, existem coisas maravilhosas que podemos fazer em nossas vida quando realmente temos consciência que ela é única, e vou tentar demonstrar isto no próximo artigo que estou começando a escrever: Realidade x Ilusão: em busca da felicidade.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cachorros de Palha – Capítulo 1 – O humano

Gostaria de destacar que o local das reuniões da LV está sendo preparado, acho que a partir de outubro poderemos ter nossas reuniões quinzenais com muito vinho. Sugiro que este livro seja base das primeiras reuniões, ou talvez seja muito determinista para um começo, vamos ver. Neste capítulo o autor destrói a espécie humana, olhem o primeiro parágrafo:
“Atualmente, a maior parte das pessoas pensa que pertence a uma espécie que pode ser senhora de seu destino. Isso é fé, não ciência...”
O que o autor quer dizer é que espécies, como os humanos, por exemplo, são aglomerados de genes interagindo aleatoriamente com o ambiente e, portanto não é senhora de seu destino, quem determina sua existência não é seu cérebro nem seu conhecimento.
Humanismo é uma crença no progresso e acreditar nisto é imaginar que os humanos podem se libertar dos limites que constrangem a vida de todos os seres vivos da terra. De acordo com o autor embora o conhecimento humano continue a crescer, o animal humano permanecerá o mesmo: uma espécie inventiva mais também predadora e destrutiva.
A crença no humanismo não possui relação com Darwin, já que não há progresso na teoria da seleção natural, apenas adaptabilidade, ela traz a crença do controle que é apenas uma visão secular do cristianismo, ou seja, os humanistas tentam mais não conseguem se separar de seu maior inimigo. O destino das espécies é determinado por mutações que não são feitas de forma consciente por nenhum Deus, acontecem aleatoriamente e não podem ser controladas.
O homem se espalhou pelo mundo e tornou-se uma espécie patogênica, ou seja, que tem contribuído para a destruição do mesmo. De acordo com Lovelock existem quatro possíveis conseqüências da primatemaia disseminada de alguma espécie em relação às outras:
1) Destruição dos organismos patogênicos
2) Infecção crônica
3) Destruição do hospedeiro
4) Simbiose (duradoura relação de benefício mútuo entre o hospedeiro e o invasor): esta é a menos provável, a humanidade jamais iniciará uma simbiose com a terra.
No entanto para o autor a destruição do organismo patogênico, o homem no caso, se dará justamente pela via mais valorizada hoje em dia, a tecnologia. As novas tecnologias de destruição em massa são baratas e o conhecimento incorporado é gratuito. É impossível impedir que se tornem cada vez mais facilmente disponíveis.
O que o autor quer demonstrar é que o homem jamais dominará a terra, e sua atividade predatória irá destruí-lo de uma forma ou de outra. A ciência e o conhecimento não possuem ética, este não é seu papel, portanto o acúmulo de conhecimento e tecnologia irá proporcionar ao homem formas de se autodestruir. Outra coisa interessante é que a natureza já tem buscado sua forma de se proteger do homem, a queda vertiginosa na taxa de natalidade em grande parte do mundo já pode ser considera uma resposta para infestação de humanos no planeta.
Escrevi uma vez sobre o início do processo de extinção do homem, vale à pena dá uma olhada: http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/06/seremos-todos-cyborgs.html
Pode parecer duro, mas se nos livrarmos desta visão de Deus que nossa cultura nos impregnou podemos enxergar exatamente o que diz o autor, o homem é uma espécie sem controle e destruidora atualmente e não irá mudar isto, pois não evoluiu em ética ou moral, apenas em conhecimento. Ele termina o capítulo justamente com a frase:
“Céu e terra não têm atributos e não estabelecem diferenças tratam as miríades de criaturas como cachorros de palha”

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cachorros de Palha – Prefácio – 2º parte

Segue a segunda e ultima parte do prefácio do livro Cachorros de Palha – John Gray.
Em [ ] meus comentários.

Prefácio – 2º e última parte
Entre filósofos contemporâneos, é uma questão de orgulho ser ignorante em teologia. Por conseqüência, as origens cristãs do humanismo secular raramente são compreendidas. No entanto eram perfeitamente claras para os seus fundadores. No inicio do século XIX, os positivistas franceses Henri Saint-Simon e Auguste Comte inventaram a Religião da Humanidade, uma visão de uma civilização universal baseada na ciência; o positivismo tornou-se o protótipo das religiões políticas do século XX. Através do impacto que tiveram sobre John Stuart Mill, fizeram do liberalismo o credo secular que é hoje. [o pior é que sou um dos maiores defensores do liberalismo] Através da profunda influencia que exerceram sobre Karl Marx, ajudaram a moldar o “socialismo científico”. Mas ironicamente, pois Saint-Simon e Comte eram críticos ferozes do laissez-faire econômico, também inspiraram, no final do século XX, o culto do livre mercado global. Contei essa história paradoxal, e com freqüentes traços de farsa, em meu livro Al-Qaeda e o significado de ser moderno.
O humanismo não é ciência, mas religião [olhem só a afirmação dele] – a crença pós-cristã de que os humanos podem fazer um mundo melhor do que qualquer outro em que tenham vivido até agora. Na Europa pré-cristã assumia-se que o futuro seria igual ao passado. O conhecimento e a invenção poderiam avançar, mas a ética permaneceria basicamente a mesma. A história era uma série de ciclos, sem nenhum significado geral. [não tinha a menor idéia disto, sempre imaginamos um mundo em progresso, assim como a humanidade, isto está tão entranhado em nossa cultura que não conseguimos enxergar o contrário]
Contra essa idéia pagã, os cristãos entenderam a história como uma narrativa sobre o pecado e a redenção. O humanismo é a transformação dessa doutrina cristã da salvação em um projeto de emancipação humana universal. A idéia de progresso é uma versão secular da crença cristã na providencia. É por isso que era desconhecida entre os antigos pagãos. [tudo isto é novo para mim, na verdade ainda tenho minhas dúvidas nesta afirmação, o homem tem dentro de si uma vontade muito grande em se superar e isto o levar a acreditar no seu progresso, pode ser enganoso, mas não é totalmente uma imposição da herança cristã]
A crença no progresso tem uma outra fonte. Na ciência, o crescimento do conhecimento é cumulativo. Mas a vida humana, como o todo, não é uma atividade cumulativa; o que se ganha numa geração pode ser perdido na próxima. Na ciência, o conhecimento é um bem puro; na ética e na política, tanto pode ser um bem quanto um mal. [ vejam bem aonde ele quer chegar] A ciência aumenta o poder humano – e amplia as imperfeições da natureza humana. Ela nos permite viver mais e ter padrões de vida mais elevados do que no passado. Ao mesmo tempo, permite-nos causar destruição – uns aos outros, e à própria Terra – numa escala jamais vista.
A idéia de progresso baseia-se na crença em que o crescimento do conhecimento e o avanço das espécies caminham juntos – se não agora, pelo menos a longo prazo. O mito bíblico da Queda do Homem contém a verdade proibida. O conhecimento não nos torna livres. [contradiz todos os meus textos no blog] Ele nos deixa como sempre fomos, vítimas de todo tipo de loucura. A mesma verdade é encontrada no mito grego. A punição de Prometeu, acorrentado a uma rocha por ter roubado o fogo dos deuses, não foi injusta.
Se a esperança no progresso é uma ilusão, como – pode-se perguntar – haveremos de viver? A pergunta parte do princípio de que os humanos podem viver bem apenas se acreditarem que tem o poder de refazer o mundo. [falta idéia de esperança eterna que temos] No entanto a maior parte dos humanos que já existiram não acreditava nisso – e um grande número teve vidas felizes. A questão presume que o objetivo da vida seja a ação, mas isso é uma heresia moderna. Para Platão, a contemplação era a mais elevada forma de atividade humana. Uma idéia semelhante existia na Índia antiga. O objetivo da vida não era mudar o mundo. Era enxergá-lo corretamente. [o autor acaba de jogar um balde de água fria em mim, sempre tive a idéia de que viver a vida por viver era inútil e ignorante e que o conhecimento nos liberta. Percebam que o autor é inteligentíssimo e extremamente pessimista em relação à história humana. Ele nos relega o papel de apenas outro animal na terra, que querendo ou não, é a única coisa sensata que podemos deduzir da vida]
Atualmente, essa é uma verdade subversiva, pois implica a vacuidade da política. A boa política é medíocre e improvisada, mas, no inicio do século XXI, o mundo está apinhado de grandiosas ruínas de utopias fracassadas. [bastante oportuno e esclarecedor] Com a esquerda moribunda, a direita tornou-se o abrigo da imaginação utópica. O comunismo global foi seguido pelo capitalismo global. As duas imagens do futuro tem muito em comum. Ambas são horrendas e, felizmente, quiméricas.
A ação política veio a ser um substituto para a salvação, mas nenhum projeto político pode salvar a humanidade de sua condição natural. Por mais radicais que sejam, os programas políticos são modestos expedientes concebidos para lidar com males recorrentes. Hegel escreve em algum lugar que a humanidade só se contentará quando estiver vivendo num mundo construída por si mesma. Ao contrário, Cachorros de Palha argumenta a favor de uma mudança que se afaste do solipsismo humano. Os humanos não podem salvar o mundo, mas isso não é razão para desespero. Ele não precisa de salvação. Felizmente, os humanos nunca viverão num mundo construído por si mesmo.
John Gray, maio de 2003.

Comentário
Que choque de realidade, incrível como o autor nos defronta com um realismo frio e inevitável. O homem não pode construir um mundo perfeito para ele, ele nunca será um Deus aqui na terra. Fazemos parte de um ecossistema limitado, no qual somos apenas uma parte pequena dele. O homem não evolui, o acumulo de conhecimento adquirido por ele será inevitavelmente sua ruína, pois torna sua destruição, a cada dia, mais fácil e barata de ser executada. A evolução tecnológica não acompanha seu crescimento moral e ético.
Chegamos a um ponto extremo de desequilíbrio com o planeta que será cobrado em breve. Como disse em alguns artigos atrás, o planeta não suporta mais a praga humana e seu crescimento descontrolado.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cachorros de Palha - Prefácio - 1º parte

Como achei bastante interessante os assuntos abordados neste livro, vou descrever aqui o prefácio, onde o autor resume sua obra e nos deixa curiosos sobre os argumentos que serão utilizados para estas afirmativas. Farei entre [ ] meus comentários.

Prefácio – 1º parte
Cachorros de Palhas é um ataque às crenças impensadas de pessoas pensantes [bem colocado]. O humanismo liberal dos dias de hoje possui o poder disseminado que antes pertencia à religião revelada. Os humanistas gostam de pensar que tem uma visão racional do mundo, mas sua crença essencial no progresso é uma superstição, mais afastada da verdade sobre o animal humano do que qualquer outra das religiões existentes. [caramba, me deu um tapa na cara, pode-se dizer que sou um humanista]
Fora da ciência, o progresso não passa de um mito. Parece que em alguns leitores de Cachorros de Palha essa observação produziu um pânico moral. Será mesmo verdade, perguntam eles, que ninguém pode questionar o principal artigo de fé das sociedades liberais? Sem ele, não nos desesperamos? Como trêmulos vitorianos aterrorizados diante do risco de perder a fé, esses humanistas agarram-se ao brocado roto das esperanças progressistas. Os crentes religiosos atuais são mais livres-pensadores. Levados para as margens de uma cultura na qual a ciência reivindica autoridade sobre o conhecimento humano, tiveram que cultivar uma capacidade de duvidar. Já os crentes seculares – firmemente subjugados pela sabedoria convencional do tempo – estão sob forte influencia de dogmas não examinados. [a falta de moral e de rumo a seguir, quando excluímos a religião de nossas vidas, precisa ser preenchida, o homem não consegue viver sem uma moral ou um caminho, ficaríamos a deriva e ácidos devido à terrível constatação de que a vida é realmente temporária e sem sentido mesmo, a verdade é crua e dura, por isto procuramos nos agarrar a alguma coisa e neste caso ao progresso humano, mas a frente o autor mostrará que ele não existe]
A visão de mundo secular predominante é um pastiche da ortodoxia científica atual e de esperanças piedosas. Darwin mostrou que somos animais; mas – como os humanistas nunca se cansam de pregar – a maneira como vivemos “depende de nós”. Diferentemente de qualquer outro animal, dizem-nos, somos livres para viver como escolhemos. No entanto a idéias de livre-arbítrio não vem da ciência. Suas origens estão na religião – não numa religião qualquer, mas na fé cristã contra a qual os humanistas se batem tão obsessivamente. [incrível como não conseguimos nos livrar da cultura, nossas ações, na maioria das vezes, de forma inconsciente, são causas de nossa formação e é muito difícil mudar isto]
No mundo antigo, os epicuristas especulavam sobre a possibilidade de que alguns eventos pudessem ser não causados; mas a crença de que os humanos se distinguem de todos os outros animais por terem livre-arbítrio é uma herança cristã. A teoria de Darwin não teria causado tanto escândalo se tivesse sido formulada na Índia hinduísta, na China taoísta ou na África animista. Da mesma forma, é apenas nas culturas pós-cristãs que os filósofos se esforçam tão piedosamente por reconciliar o determinismo científico com uma crença na capacidade única dos humanos de escolher o modo como vivem. A ironia do darwinismo evangélico é que ele usa a ciência para apoiar uma idéia da humanidade que tem sua origem na religião.
Alguns leitores viram Cachorros de Palha como uma tentativa de aplicar o darwinismo à ética e à política, mas em parte alguma o livro sugere que a ortodoxia neodarwiniana detenha a última palavra sobre o animal humano. Em vez disso, o darwinismo é estrategicamente exposto, a fim de romper a visão de mundo humanista predominante. Os humanistas buscam em Darwin um apoio para sua abalada fé moderna no progresso; mas não há progresso no mundo revelado por ele. Uma perspectiva verdadeiramente naturalista do mundo não deixa espaço algum para a esperança secular. [o autor agora começa a demonstrar alguns argumentos de sua obra, ele tem toda razão quando diz que não há progresso numa visão de mundo Darwinista, a Teoria da Evolução, na verdade, não fala de evolução alguma, os seres vivos mudam para se adaptar as mudanças no ambiente e nem sempre isto é progresso ou evolução, seres podem perfeitamente se tornarem mais simples de agora adiante se isto for determinante para sua sobrevivência. Muita gente confunde isto com evolução e parece que os humanistas entraram neste caminho sem suporte algum]

Comentário
Fica claro para mim que os humanistas tentaram criar uma nova crença para um mundo pós-religião, e para isto não poderiam simplesmente dizer, como fica bem claro quando examinamos o mundo a nossa volta, que não há rumo, não há caminho a seguir, a vida é finita e o mundo existe independente do homem. Neste cenário os humanistas criaram a figura do progresso humano sem qualquer fundamento, apenas para não criar um pânico para um mundo sem um rumo. Nos próximos capítulos o autor irá criticar a figura do conhecimento, para que ter conhecimento das coisas quando sabemos que somos finitos? Parece que o desejo por conhecimento vem justamente desta visão distorcida de progresso. Deixo a pergunta no ar para dialogarmos mais a frente.
Vou parar por aqui para não alongar demais o artigo, na semana que vem trago a ultima parte do prefácio.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cachorros de Palha - Introdução

Deixei um pouco de lado o último livro sobre o Instinto da Linguagem, achei o assunto bastante monótono e complicado, portanto comecei a ler outro livro - Cachorros de Palha - John Gray, este sim, fantástico, muito duro e pessimista em relação a humanidade, mas bastante realista.
Vou publicar nas próximas semanas resumo dos capítulos do livro.
Amanhã vou publicar um resumo do prefácio do livro que achei muito bom, resume bem a obra como um todo.
Só para ressaltar, o livro destrói tudo que tenho escrito até hoje aqui no blog, me fez parecer idiota, adoro livros assim.
Todos deveriam ler este livro, muito esclarecedor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Amazônia: Desenvolvimento Sustentável?

O assunto desta semana foi-me inspirado pelo artigo publicado na Revista Veja – edição 2171 – “Aula de Ética é em casa, não na escola” – por Gustavo Ioschpe.
Neste artigo o autor descreve sua opinião a respeito do desmatamento da Amazônia de forma bem peculiar e que irei descrevê-lo na integra:
Para mim, conforme já expus em artigo aqui, o comportamento ético em um país com nível de desenvolvimento brasileiro deveria ser privilegiar o desenvolvimento material humano, mesmo que isso implique algum desmatamento. O que me parece antiético é deixar gente sem renda para que árvores sejam preservadas. Não gostaria, portanto, que um professor ensinasse o contrário ao meu filho
O argumento acima deve ser avaliado em partes, pois envolve aspectos sociais, econômicos, naturais e ambientais. Este assunto é demasiado complexo para apenas responder de forma direta, sem analisar os diversos aspectos envolvidos.
O ser humano não consegue conviver de forma harmônica com a natureza, não existe um só caso no mundo onde vivem humanos e que não haja perda de fauna e flora, o ser humano não consegue estabelecer um limite para seu avanço, na verdade nenhum ser vivo consegue – o gene de todo ser vivo é egoísta, pensa de forma individual na sua auto-preservação. Nossa forma de lhe dar com os recursos naturais do planeta sempre foi egoísta e predatória, a população humana cresce exponencialmente e, portanto, em qualquer parte do globo onde estabeleça-se comunidades, estas irão crescer e irão inevitavelmente destruir a fauna e a flora local, é somente uma questão de tempo. Vamos aos exemplos na Amazônia, regiões onde houveram assentamentos de sem terra, pouco tempo depois viraram desertos, as comunidades assentadas destruíram a floresta extraindo madeira nobre e outras para comercio de carvão. Na maioria, não conseguiram sequer estabelecer algum tipo de sustento duradouro como a agricultura, o solo amazônico é pobre neste sentido.
O autor fala em desenvolvimento humano, entretanto não há evidências que o aumento de terras, seja para agricultura ou agropecuária, traga algum crescimento econômico ou humano, atualmente países que não possuem terras próprias para o agronegócio ou qualquer recursos naturais se desenvolvem mais rapidamente que o Brasil, devido principalmente ao investimento em educação e conseqüentemente aumento de serviços ligados a área tecnológica. Não é possível estabelecer uma ligação entre desmatamento e desenvolvimento humano. Esta ligação existia no passado, era possível perceber isto no início da colonização das Américas, mas o mundo atual caminha numa outra direção, atividades ligadas ao terceiro setor não agregam muito valor. Arvores e animais vivos trarão muito mais benefícios aos humanos com o meio ambiente harmônico, com a preservação do clima, das águas, com a estabilização do aquecimento global e também no aspecto econômico.
Existe uma riqueza muito maior que poderia ser adquirida com a preservação intacta da floresta que é justamente a Biotecnologia, existem diversos produtos que podem ser derivados de espécies naturais somente encontradas na Amazônia que com certeza multiplicaria os retornos financeiros alcançados com o desmatamento e com o agronegócio.
Boa parte da fauna amazônica não pode conviver com a espécie humana, existem diversos animais que não poderão coexistir pacificamente com a presença humana próxima. A destruição desta fauna e da flora amazônica irá, aos poucos, desestabilizar o ecossistema, extinguindo aos poucos toda riqueza natural da região.
Já destruímos praticamente todos os ecossistemas naturais do planeta e, portanto devemos nos perguntar: porque o ser humano deve se achar tão superior aos outros seres tendo o poder de matá-los quando bem entender? Quem nos deu este direito? Porque é ético exterminar outros seres vivos em prol de alimentar mais humanos? Pode parecer duro, mas viramos uma praga para a maioria dos ecossistemas terrestres, não conseguimos controlar a multiplicação da espécie e com isto estamos destruindo todas as outras. O que não me parece inteligente é, em prol de manter nosso acelerado processo de procriação, destruirmos todos os ecossistema de outros animais, sem ao menos nos perguntarmos aonde isto irá nos levar. Justamente por possuir algum grau de consciência e raciocínio lógico é que deveríamos, de forma ética, preservar o meio de vida de outros seres e também o nosso. Não é possível vivermos sozinho na terra, fazemos parte de um ambiente fechado e complexo, que não é possível criá-lo artificialmente.
Desenvolvimento sustentado é somente outra forma de dizer desmatamento.
Portanto, não me venham com esta história de privilegiar o desenvolvimento humano pelo desmatamento de algumas arvores, este raciocínio é grosseiro, antiquado, antiético, racista (pois privilegia uma espécie em detrimento de outras) e desprovido de embasamento econômico. Esta palavra tão bonita que chamamos de – desenvolvimento sustentável – é falsa e enganadora. Vou alfinetar também as ONGs responsáveis pelas denúncias e preservação da Amazônia que deveriam alocar seus recursos na compra de terras para preservação e não para publicar textos e panfletos com o dizer: “Desenvolvimento Sustentável”. Gastaríamos menos, ganharíamos mais e faríamos muito mais para o ecossistema planetário se simplesmente colocássemos uma cerca em volta da floresta com o dizer: “Fechada para Humanos”.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O mal da publicidade

Chegou a hora de falar um pouco sobre esta carreira, me perdoem os publicitários, mas o que vou falar aqui são reflexões de um programa de TV na TVE (Rede Cultura) chamado Café Filosófico, o tema nesta ocasião era justamente o bombardeio a esta profissão. Num primeiro momento fiquei impressionado com o grau de profundidade do debate, era como se já existisse dentro da filosofia ou sociologia debates acalorados sobre o tema há muito tempo e levando a esta profissão os grandes males da sociedade atual.
Depois deste programa comecei a refletir um pouco sobre isto e desenvolver alguns argumentos sejam a favor ou contra, o que importa aqui é analisar cuidadosamente, sem preconceitos.
Vou começar sobre o princípio da propaganda atual surgidos nos primórdios da revolução industrial, a propaganda surgiu como um meio de divulgação de certos produtos e serviços, com o intuito de tornar o produto conhecido sem qualquer caráter de criação de necessidade ou qualquer outro conceito mais rebuscado.
Acontece que a publicidade tomou um caminho de importância muito maior dentro da sociedade, ainda mais numa sociedade pouco educada, onde pessoas não tem discernimento sobre o que é bom ou ruim, necessário ou não. Neste caso ela tornou-se um meio de manipulação importante de massa, seja política, seja religiosa, seja econômica, ou seja de idéias também.
Com este poder de manipulação tão grande esta matéria tornou-se alvo de muitos debates e de muitas reflexões dentro da academia, e merece sim algum tipo de critica e também de avaliações sobre os rumos que deve tomar no futuro. Acho que Marx não previu este poder e não imaginava que ele seria o principal veículo alienador dentro do sistema capitalista, buscando a manutenção do status deste sistema.
A propaganda deve servir a divulgação das coisas e não para a imposição de idéias, produtos, necessidades ou moda, parece que perdemos o poder individual de avaliar sozinho o que devemos comprar, pensar e fazer de nossas vidas, a mídia nos diz isto, nos mostra um pacote pronto, é mais fácil viver assim, não precisamos pensar nem refletir, a mídia já faz isto por nós. Neste ponto acho que a mídia tornou-se a religião moderna. Ela cria tendências, manipula vontade e determina nossos sonhos.
O debate na TV foi justamente neste ponto, na completa manipulação das pessoas que hoje é feito na mídia, principalmente na TV, e os principais comandantes disto são os publicitários, sim, eles são o veículo condutor, os criadores e os responsáveis pelo conteúdo publicado. Concordo que não são os mandantes do crime, mas deveriam ter a responsabilidade sobre o que levam ao publico e a sociedade.
Gostaria de exemplificar o exposto acima num episódio que aconteceu alguns anos atrás. O grupo de pessoas revoltadas com uma decisão do congresso que agora não lembro bem, provavelmente devido a aumento de verbas para os deputados ou alguma coisa terrível que às vezes eles nos impõem por seu poder de legislar, se revoltou e entrou com tudo no congresso para protestar, como os seguranças não deixaram, eles começaram a quebrar tudo, carros, vidros, portas, cadeiras, e também a ameaçar os próprios deputados que ficaram presos durante algum tempo dentro do plenário.
Não preciso nem dizer que este episódio foi repudiado e muito pelos jornais, principalmente pela Globo, colocaram reportagens com pessoas importantes dizendo sobre o crime contra a democracia e etc. Neste momento percebi a real intenção da mídia em geral, era de manipulação descarada das massas. O que mais o poder teme é justamente uma sociedade organizada, que cobre providencias, que busque se revoltar contra o status quo e que invada e destrua principalmente seus bens materiais.
Neste momento a mídia agiu para reprimir e manter sua importância, mas vamos avaliar melhor o fato. O povo revoltado, organizado e com vontade de protestar deve fazer como, senão fazê-lo na casa onde os representa? Se tiver que destruir algo material deve fazê-lo onde, senão na casa onde se pode mudar alguma coisa?
Desculpe Globo e mídia em geral mas o povo agiu da maneira mais correta possível, foi pressionar seus representantes e ameaçar as pessoas que mais podem mudar os erros de nossos poderosos que é justamente o congresso nacional. A casa é do povo e ele deve se revoltar lá, não vejo lugar melhor.
Percebi claramente o medo da parte mais alta da sociedade contra revoltas ou revoluções, e para inibir isto a mídia rapidamente agiu para manter as coisas em ordem. Agiu errado, agiu de acordo com suas idéias, para benefício próprio e não com uma visão social, nem procurou avaliar as razões do episódio.
Fica difícil mudarmos alguma coisa assim, o poder controla o principal veículo de analise atualmente e vai sempre buscar manipulá-lo da forma a manter-se no topo. O papel do publicitário deveria ser justamente de criticar e procurar veicular a verdade, seja de idéias, seja nos produtos que pretendem vender, ou pelo menos expor as várias correntes de pensamento sobre determinado assunto.
Deste jeito vivemos seguindo os pensamentos da elite, somos jogados de um lado a outro de acordo com esta conveniência; manipulados e desprovidos de opinião própria, sem analise, sem reflexão, sem individualidade, sem vontade, sem sonhos. Tudo se torna genérico, social, o individuo perde sua identidade para viver uma ordem maior.
Não quero viver numa sociedade assim, precisamos incentivar as criações individuais, as idéias contrárias, as reflexões, sem isto nenhuma sociedade evolui, não se cria nada novo e em algum momento este veto da vontade individual vai explodir de forma abrupta com um vulcão e eu quero estar vivo para participar de mais esta mudança social. Precisamos e muito de mais estudo e filosofia, precisamos conhecer mais a realidade a nossa volta.
Boa busca a todos e cuidado com o que vêem na TV.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Clima tropical x subdesenvolvimento

Para variar um pouco segue outro tema bastante polêmico. Há algum tempo venho questionando este tema durante minhas viagens pelo mundo. Percebe-se a incrível exatidão e provas deste fato: partes mais quentes do globo são menos desenvolvidas que as partes mais frias. Isto acontece também dentro dos próprios países, as áreas mais frias dos EUA, Itália, França, Brasil, Inglaterra, China, Índia, Austrália são mais desenvolvidas economicamente que as partes mais quentes destes mesmos países. Quando comparamos entre países o problema é maior, países de clima tropical. São bem mais pobres que os de clima temperado.
Resolvi tocar neste assunto bastante complicado, complicado porque existem várias exceções, porque a edição da revista Veja de 2166 de 26 de maio de 2010 trouxe uma entrevista com um renomado cientista e escritor chamado Jared Diamond que concorda com alguns dos argumentos levantados acima.
Para ele os países de clima temperado são, em média, duas vezes mais ricos que os tropicais. Uma razão é que, nos trópicos, a produtividade agrícola é mais baixa. Há pestes, insetos, doenças, e os solos tropicais tendem a ser menos produtivos. Na América do Sul, os países mais ricos em agricultura são os de clima temperado: Argentina, Uruguai, Chile e a metade sul do Brasil. O poder econômico no Brasil não fica na zona tropical, nas regiões Norte ou Nordeste. Fica mais ao sul, onde o clima é mais temperado. Obviamente, isso não quer dizer que as pessoas no Rio ou em São Paulo sejam mais inteligentes. É pura geografia.
Disse também que um país tropical que queira enriquecer precisa, em primeiro lugar, pensar em saúde pública, para evitar doenças tropicais. Se as pessoas adoecem durante metade do ano, com malária, febre amarela ou dengue, elas morrem mais cedo. Pegue-se o exemplo de um engenheiro que se forme aos 28 anos. Na África, pela expectativa de vida em alguns lugares, esse engenheiro morrerá aos 36 anos. Terá oito anos de vida profissional. No Japão, o engenheiro morrerá aos 81. São 53 anos de exercício de profissão. É indiscutível a vantagem. Malásia e Singapura são países tropicais do Sudeste Asiático. Há meio século, eram paupérrimos. Hoje, Singapura tem nível de Primeiro Mundo, e a Malásia está perto. Uma das primeiras coisas que os dois fizeram foi combater doenças tropicais. Depois, perceberam que sua vocação econômica não era plantar nem criar gado e viraram países de comércio e manufatura.
Tenho visto, inclusive na academia, professores me recriminarem por levantar um assunto deste, como se estivesse determinando o subdesenvolvimento do Brasil e do Nordeste, no entanto esta não é minha intenção. Apenas percebo isto claramente quando vejo um Mapa Mundi. Este assunto deveria ser melhor estudado sem preconceitos, levantando seriamente quais poderiam ser os fatores.
Apesar das exceções é difícil não perceber que o calor trouxe atraso tecnológico e econômico às regiões mais quentes, isto é visível em quase todo mundo.
Outro ponto não levantado acima é que gasta-se muito mais calorias para executar a mesma tarefa em países tropicais, o calor sufoca nossas forças e acabamos produzindo menos, juntando isto a um numero grande de indivíduos gera uma desvantagem muito grande nestas áreas.
Também percebemos a falta de interesse em produzir mais nas áreas tropicais, justamente por não passarem por invernos muito severos e, portanto não precisar gerar excedente em certas épocas do ano, as pessoas acabam se acomodando mais, deixando para depois suas tarefas. Sei que é difícil perceber isto, mas vamos olhar nossa realidade. Se as pessoas não precisam de roupas frias e caras, lares com calefação – na verdade no clima tropical as pessoas podem dormir em qualquer lugar – ou de se prepararem para temperaturas muito severas no inverno, elas não se sentem estimuladas a desenvolverem mais suas potencialidades.
Calma, não fiquem bravos novamente comigo, percebam as incoerências e reportem, porém não tenham medo de admitir certo grau de concordância.
Muitas pessoas tem medo destes determinismos humanos, seja do ambiente, seja dos instintos naturais, seja da linguagem, gostam de imaginar que são capazes de fazer qualquer coisa e que são livres para decidir sozinhos tudo a sua volta. Sinto informar para estes que temos muito pouca liberdade de escolha, quase tudo é determinado pelo ambiente, cultura, linguagem, formação familiar, etc. Então, não podemos ter pensamentos livres? Podemos, com muito conhecimento das coisas e de si mesmos. Parafraseando novamente meu colega Sócrates: conheça-te a si mesmo, esta é a única virtude realmente humana.

terça-feira, 8 de junho de 2010

A Era do Twitter

Estamos definitivamente na era do superficial, do imediato e do provisório, portanto bem longe de algo que possa ser chamado de filosofia. Ao contrário do que muita gente possa achar, filosofia é uma ciência e como tal não tem “viagem” nenhuma, tem um objeto de estudo próprio e seus métodos racionais e lógicos de linguagem.
Fico imaginando o que podemos escrever em 140 caracteres que seja importante para alguma coisa ou para alguém. Um argumento ou uma idéia não pode ser desenvolvido em tão pouco conteúdo, então para que serve o Twitter? Ora bolas, para merda nenhuma, ou para informar alguém sobre a vida alheia, incrível como sites que contam sobre a vida cotidiana das pessoas prosperam, o facebook é um deles. Não vou mentir que não tenho uma conta lá, mas nunca falei sobre meus afazeres domésticos lá, quem iria querer saber se estou feliz ou triste? Ora bolas, que saco isto, recebo constantemente aviso sobre fulano feliz, sicrano cansado, realmente tem gente que não tem o que fazer, um escrevendo estas bobagens e outros comentando, incrível. Parece que estou mesmo fora de sintonia com o mundo.
Outro site destes é o Orkut, este nem posso falar muito, pois nem conta tenho, mas deve ser do mesmo estilo do facebook. Ora amigos, vamos discutir idéias, posições políticas, filosofia, ou alguma coisa que possa nos proporcionar algum conhecimento. O que está acontecendo com todos a minha volta? Todos parecem preguiçosos em ler algo que tenha mais de 140 letras, que pobreza de espírito. Outro dia um colega disse que não lia o blog da liga porque os textos eram muito extensos, que tristeza, realmente é melhor nem ler, não vai entender nada mesmo, se tem preguiça de ler, imagina para analisar a leitura, muito trabalho, rs.
A era do Twitter é a era do superficial, e encontrou neste site seu ápice, o cumulo do nada. Muita informação inútil. Estes dias li um artigo sobre o fim dos jornais e dos conteúdos jornalísticos, como ninguém quer pagar por nada na internet, os jornais não tem como prosperar e pagar os salários justos dos bons jornalistas. Dizem que será difícil produzir matérias bem feitas num mundo de blogs, facebooks e orkuts, ninguém está interessado em conteúdo, todos querem saber o que o próximo artista global comeu ontem, me poupem. Como alguns dizem por ai: parem o barco que eu quero descer.
Pois é, a Liga precisa fugir disto, e tentar, sempre, produzir conteúdo, idéias, discussões, ou qualquer coisa que estimule o conhecimento. Utilizamos um blog para fazer isto, e blog também não é a melhor ferramenta, não dá para produzir algo fundamentado em tão poucas palavras, no entanto esta é apenas uma ferramenta, vamos começar este ano nossas reuniões semanais onde buscaremos a discussão de textos e artigos com fundamento e também procuraremos produzir os nossos, como muito vinho é claro, aguardem.