segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O que é ser Empreendedor?

Esta semana resolvi publicar na integra o texto que entreguei ao meu professor de Empreendedorismo. Podem perceber que a crítica faz parte de minha vida que não fica restrita a Psicologia (vide texto anterior do blog). Será que serei reprovado?

O que é ser Empreendedor?
O que é ser empreendedor? Bem, de acordo com o texto lido na aula anterior, ser empreendedor é: criar novos produtos, inovar, ter rede de contatos, comprometimento, planejamento, ligar-se ao mundo, ser corajoso, ter garra, perseverança, ousadia, inquieto, criativo, buscar os objetivos, criar oportunidades, entregar-se de corpo e alma e etc. etc. etc. Ora, alguém conhece um ser humano na face da terra com todos estes atributos? Parece-me com aquele conceito de Super-Homem de Nietzsche, haja utopia.
Gostaria, como sempre, de começar meu artigo destruindo conceitos, então, quem disse que podemos determinar o sucesso ou o fracasso de alguém, de um empreendimento, ou de qualquer coisa? Desculpe, mas não existe lógica nesta matéria, não existe formula mágica, o sucesso não pode ser determinado, todas as histórias de empreendedores que venceram têm inúmeros exemplos de acasos e desvios na trajetória, isto simplesmente não é ciência. Até temos um objeto de estudo: o empreendedor de sucesso, mas não temos um método seguro, pois não há.
O capitalismo neste sentido é muito parecido com a natureza, ele é totalmente aleatório e não indica um caminho seguro a seguir. Sucesso e fracasso decorrem de um numero muito grande de variáveis para serem estudados. Igualzinho a tudo a nossa volta, as caraterísticas que fazem um ser vivo vencer no caos que é a natureza é totalmente imprevisível, é determinado por mutações genéticas. Mesmo podemos dizer do capitalismo, todos os grandes empreendedores de sucesso, digo no mundo, não tinham noção de como seus sonhos se transformariam depois. Seus negócios mudaram totalmente de rumo, pois não há um rumo certo a seguir.
Gostaria de me ater numa das qualidades descrita anteriormente: Planejamento. Esta palavra é bastante utilizada no meio administrativo e dizem que empreender é saber planejar. Então pergunto: como pode-se inovar e planejar ao mesmo tempo. Planejar significa seguir um caminho pré-determinado, todavia nada no mundo, nem na própria natureza, percorre um caminho que possa ser planejado. Casos de sucesso decorrem de caminhos tortuosos e que não tinham pré-conceitos, pré-planejamento ou quaisquer outros “pré’s” que queiram colocar. Alias muitos empreendedores que conseguiram crescer, quebraram logo depois quando tiveram que contratar administradores para planejar. Restringiram assim suas ideias e sua capacidade de criar algo novo. Planejar significa seguir um caminho, no entanto no mundo atual não existe mais “caminhos seguros”, tudo muda o tempo todo, não temos mais tempo para planejar, precisamos cortar esta etapa e inovar sempre.
Depois de destruir muitos conceitos vamos tentar extrair algo disto tudo. Terminei o parágrafo anterior com uma palavra chave: INOVAR. Não vejo outro caminho, inovar é arriscar sempre e é importante ressaltar: com grande possibilidade de fracassar. Não vejo muitas empresas de sucesso que sobreviveram muitos anos no mundo que se aproxima, empreendedores vão vencer e perder com muita velocidade, assim como acontece num mundo selvagem, o capitalismo é assim e as revoluções: tecnológica e da comunicação que estamos vivendo trazem tudo para ontem, sem atenção morremos e ninguém e nada vivo pode estar atento o tempo todo.
Esta ideia não é pessimista, vejo bastante oportunidades nela. Significa que os vencedores de ontem não serão os vencedores de amanhã, todos teremos oportunidades de obter sucesso em nossas vidas, a revolução tecnologia propicia isto. Ideias novas surgirão o tempo todo destruindo paradigmas antigos e criando outros. Ideias valem dinheiro, mercadorias são produtos das ideias, mera commodity. Sucesso e fracasso serão cada vez mais comuns.
Bem vindo ao mundo de incertezas e de inúmeras oportunidades.

domingo, 7 de agosto de 2011

O instinto não manda mais!

Por muito tempo, e ainda hoje para muitos, a maternidade foi vista como destino natural das mulheres, o objetivo maior de suas existências e o principal projeto de vida pós-casamento, preferencialmente. Com o surgimento da idéia de instinto maternal as mulheres tornaram-se ainda mais prisioneiras do desejo de serem mães, já que este seria algo natural ao sexo feminino. Será? Será que toda mulher nasce para ser mãe e aquela que não manifesta este “instinto” é anormal? Uma aberração?
Estudos epidemiológicos recentes realizados em diferentes países têm mostrado um decréscimo da paridade entre mulheres com maior escolaridade. Há uma redução do número de filhos acompanhado do adiamento da maternidade para depois dos 35 anos em média, além do aumento do número de mulheres que decidem simplesmente não ter filhos. Na verdade, essa decisão nada tem de simples, pois existem as pressões sociais, familiares e o preconceito sobre estas mulheres.
O papel social feminino mudou muito nas últimas décadas, atualmente elas ocupam altos cargos, qualificam-se cada vez mais e batalham por suas carreiras em pé de igualdade com os homens. Com isto, as mulheres se vêem hoje, muitas vezes, obrigadas a escolher entre a maternidade e o investimento na carreira, já que o período biológico ideal para a reprodução é exatamente aquele período em as mulheres estão galgando crescimento e estabilidade profissional, por volta dos 20 anos de idade. A partir dos 30 anos, os riscos de má formação fetal e complicações na gestação aumentam consideravelmente, e mesmo assim, é cada vez maior o número de mulheres que são mães pela primeira por volta dos 30 anos, inclusive no Brasil, como mostrou um levantamento apresentado pela mídia recentemente.
O ser humano é um ser social, influenciado por tantas variáveis (biológicas, sociais, culturais) que se torna difícil saber qual predomina em suas condutas. Estudiosos da maternidade questionam a real existência deste “instinto maternal”. Alguns consideram que este não passa de uma imposição histórica da sociedade sobre as mulheres e o aumento do número de mulheres que escolhem não ter filhos apenas reflete a liberdade de escolha conquistada por elas. Se no passado uma mulher não se permitia questionar o desejo de ser mãe, hoje elas não só refletem como decidem direcionar suas vidas para outros objetivos.
Como já discutido aqui no blog, as mudanças de comportamento das mulheres ocasionam conseqüentes mudanças no comportamento masculino e nas relações homem-mulher. Um estudo realizado pela UFRJ, em 2007, sobre maternidade, constatou que, muitas vezes, a escolha da mulher é apoiada pelo marido na hora de decidir por não ter filhos. Em geral, são casais que optam pela dedicação às carreiras e escolhem a liberdade de poder dispor do tempo livre a dois, em viagens e outras atividades de preferência ao casal.
Enfim, mesmo que o “instinto maternal” exista ou tenha existido um dia, hoje ele não dita as regras. Outras variáveis nos influenciam e outros desejos direcionam nossas escolhas. Devemos tirar essa “obrigação” de ser mãe dos ombros. Temos o direito de escolha e não há nada de errado ou aterrador em não desejar ser mãe. Somos fruto do meio em que vivemos e a liberdade de escolha não nos pode ser negada. Maternidade exige responsabilidade e exatamente por isso deve ser uma escolha, não obrigação.