Durante este último final de semana, eu e meu amigo Nunez tivemos um bom debate sobre o tema acima, e, portanto gostaria de ampliá-lo através do Blog.
A busca pela felicidade é realmente um tema complexo e de pouca discussão filosófica, apesar de sua importância para a vida humana, parece que os filósofos consideram este assunto individual e não coletivo, portanto não merece ser estudado pela filosofia.
No entanto vamos discorrer um pouco sobre ele, não que tenhamos a pretensão de descobrir, se ela existe, a resposta, mas apenas para focar no ponto levantado de que o conhecimento traz infelicidade.
Seria possível alguém ser livre ou feliz sem conhecer a realidade aonde vive? Será que esta felicidade é duradoura? Considero que esta felicidade é apenas passageira, pois vai até a descoberta de um desejo novo, mesmo no ignorante. O homem tem a razão, qualquer um, e, portanto não pode viver na ignorância eternamente. Sem conhecimento o Homem se torna escravo da felicidade ilusória e, portanto infeliz, pois não tem idéia de seu potencial nem do que realmente é felicidade. A falta de conhecimento somente pode gerar infelicidade num prazo mais longo.
Vamos fazer uma alusão a nos sentirmos saudáveis, podemos dizer que estamos saudáveis, mais sem conhecimento nem exame do que estamos falando, provavelmente cometeríamos um erro grave, pois na verdade poderia haver um câncer ainda não detectado.
Acredito que não pode haver felicidade sem liberdade e liberdade pressupõe conhecimento sobre nós mesmos e da realidade a nossa volta.
Vamos abordar outro aspecto da felicidade que seria a sensação de nos sentirmos felizes, será que poderíamos chamar isto de felicidade? Coisas como prazer, êxtase, alegria podem ser associadas à palavra "felicidade"?
Todos associamos a palavra felicidade a este estado de satisfação ou de contentamento, que na verdade relacionamos com um estado de perenidade ou equilíbrio dos desejos, no entanto aqui começa minha maior discordância: um indivíduo satisfeito é um ser escravizado e resignado as limitações da vida, uma vida assim costuma ser comparada com a vida dos animais em geral, meu cachorro, por exemplo, deve ser muito feliz, já que satisfaço todas as necessidades dele, como comida e afeto.
Vamos ilustrar melhor a figura descrita acima, digamos que fosse inventada uma pílula que transmitisse a você um estado de tranqüilidade duradoura, esta tranqüilidade é apenas um estado de satisfação, mas de que com a tese da "Ignorância traz felicidade" este indivíduo estaria constantemente em estado de felicidade, mesmo que artificialmente induzido, não acham?
Quero demonstrar com isto que a felicidade deve ser distinta do estado de satisfação, senão poderíamos enganá-la o tempo todo, senão ela seria vulnerável e subjetiva. Viver criando um estado de satisfação ilusório, já que a natureza humana não é assim, é viver numa auto-ilusão que será destruída através da realidade do dia-a-dia.
Se a felicidade pode surgir de imaginação ou de um estado de espírito, então não foi real, foi criação de sua mente, foi ilusória. Devemos separar felicidade e satisfação, são claramente distintas.
Concordo que felicidade pode ser um sentimento, um sentimento de escolher as coisas certas, reais no momento certo, assim torna-se duradoura, pois surgiu do seu "eu", da realidade individual sobre nós mesmos e sobre o ambiente externo.
Prefiro acreditar que a felicidade está baseada na condição humana de estar em harmonia com nossas virtudes que somente podem ser alcançadas através da busca da compreensão de nós mesmos e do mundo, nesta busca, a confiança que vamos adquirindo sobre nossas pontecialidades nos tornam mais fortes, confiantes e consequentemente felizes.
Felicidade é estar contente consigo mesmo.
O que acham?
História: liga criada em 1780, por Henriette Herz na Alemanha com o propósito da virtude e produto das idéias iluministas, pregava a igualdade de todos os seres humanos. Era um local onde intelectuais se reuniam uma vez por semana para falar sobre Deus, política e sobre seus sentimentos. Re-criada em 13 de março de 2009 em Salvador, Brasil, para a expressão livre de pensamento baseada na razão.
Belo texto. Eu mesma, já me peguei algumas vezes pensando sobre o tema Ignorância X Felicidade e inclusive pretendo escrever um texto falando sobre isso.
ResponderExcluirGostei principalmente do fechamento: Felicidade é estar contente consigo mesmo. Não seria o mesmo que satisfação?
Como seres humanos, temos a preciosidade do poder do livre arbítrio. Ele define justamente como preencher as horas vagas. Há quem prefira escutar pagode, assistir novela e até mesmo o Jornal Nacional. Não critico, são opções que preenchem as necessidades de cada um.
Quando digo que às vezes prefiro viver na ignorancia, significa que muitas vezes considero mais válido preencher meu tempo livre deixando de ser ignorante em outros temas, um pouco menos óbvios do que política por exemplo.
Desde que me conheço como gente, o jornal na TV consta de tragédias e escândalos na política... Mudam-se os nomes, porém as notícias são sempre as mesmas, ano após ano...
Porque não ler sobre assuntos diversos a ler a Veja, por exemplo? Porque não ler um livro ou navegar pela internet na hora do Jornal da TV? Porque não simplesmente escutar música no rádio e relaxar no transito que já é por si só estressante, do que ouvir notícias e mais notícias na Band News FM?
Ser Informado é não ser Ignorante??? Conheço inúmeras pessoas que podem conversar sobre todas as manchetes de jornais e no entanto, nunca viajaram, não praticam esportes, não têm hobbies... São soberbas, incultas e banais. Preenchem o tempo com o alheio ao invés de se ocuparem de si mesmos.
Felicidade para mim é poder mergulhar em um mundo que faça sentido para cada um, mesmo em meio à injustiças (elas existirão em todas as partes). É saber que tenho amigos para rir e chorar, é a delicia de nadar em pleno inverno em uma piscina a céu aberto, é jogar bridge, ler sobre o que me dá na telha e não aquilo que todo mundo lê e que impõem como importante saber, como "atualidades" por exemplo.
A minha prioridade em que quero me atualizar é estabelecida por mim... Felicidade para mim em termos de ignorância é isso, ignorar exatamente aquilo que lhe é conveniente, aquilo que não roube a sua felicidade... Pois, de problemas, já bastam os meus. Viva à ignorância seletiva e inteligente!
"Felicidade: qualidade ou estado de feliz;ventura;contentamento;bem-estar;bom êxito." - Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa
ResponderExcluirQuem definiu felicidade como um sentimento duradouro? Se é um sentimento a subjetividade está implicita... como poderia ser diferente?
Apesar de sermos todos seres humanos, acredito que cada um vivencia a felicidade de uma forma. O que te faz feliz pode não me fazer feliz.
Nem todas as pessoas alcançam grande compreensão da vida, do mundo e das infinitas possibilidades existentes, será mesmo que elas estão fadadas à infelicidade? Talvez a ignorância ajude neste ponto, pois tendo consciência da grandeza do mundo e sabendo que talvez seja impossivel experimentar suas maravilhas a felicidade torne-se realmente improvável.
Para aquele que sofreu grandes privações na vida,contudo, felicidade pode ser ter o que comer todos os dias e quem pode dizer a ele que isso não é felicidade?
A criança que viveu na rua e foi adotada pode achar que felicidade é ter uma família que a ame. Quem pode condená-la ou questionar sua condição de feliz?
A visão de felicidade muda de acordo com a realidade e a história de vida de cada indivíduo, para mim não é possível rotulá-la ou cercá-la em um conceito fechado e "absoluto".
Essa é a grande dificuldade de generalizar conceitos,pensar: se a minha realidade fosse outra, se a minha vida fosse diferente será que essa verdade me serviria?