segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Realidade Virtual

Toda vez que escrevo aqui sobre previsões futuras, sobre máquinas substituindo os humanos, gera grande polêmica e inquietações de alguns. Bem, vou escrever esta semana sobre algo que li no capítulo anterior de Cachorros de Palha sobre a Realidade Virtual. Achei bastante interessante a abordagem do autor sobre a fuga implícita do homem em sempre escapar da sua realidade e estender um pouco a discussão abortando outros aspectos.
A Realidade Virtual é a criação de outra realidade através de ilusões, espelhos e neste caso de computadores capazes de simular diretamente em nossas mentes, percepções ilusórias que irão parecer totalmente reais.
O homem adora fugir de sua realidade, faz isto quando trabalha demais, estuda demais, se doa demais, usa drogas, bebe álcool e até quando viaja demais (faço uma autocritica neste caso, mas em partes, rs), ou seja, quando não se tem coragem – mais uma vez uso este palavra em meus textos – de mudar sua realidade por suas próprias vontades, se busca um refúgio longínquo para afogar suas mágoas ou esquecê-las.
A Realidade Virtual é exatamente isto, outra forma de fugir das limitações ou infelicidades individuais em prol de um prazer superficial e passageiro. Qualquer percepção do mundo por qualquer ser inteligente que possa existir no universo será carregada de vícios e imperfeições. Isto acontece por dois motivos, o primeiro é o hardware utilizado, no caso dos humanos, seus cinco sentidos, só podemos perceber o mundo através deles e qualquer limitação destes será uma enorme limitação de percepção. O segundo é o software ou linguagem, no nosso caso, a mente humana, esta é tão carregada de habito, convenções, cultura e etc. que sua interpretação da realidade será sempre muito pobre. A ciência utiliza muito a matemática para aumentar nossa visão, mas isto é tema para outro artigo. Portanto nossa maneira de perceber a realidade já é um pouco virtual, ou seja, é uma criação de nossas mentes.
Vamos volta para o tema. A Realidade Virtual pode nos trazer algumas recompensas que, vejam este trecho de Stanislaw Lem no livro Summa Technologiae:
O que pode o sujeito experimentar quando conectado ao gerador fantomático? Tudo. Pode escalar montanhas escarpadas ou caminhar sem um traje espacial ou máscara de oxigênio na superfície da lua; numa armadura clangorosa, pode liderar um pelotão de fieis combatentes na conquista de fortificações medievais; pode explorar o polo norte. Pode ser aclamado por multidões como um vencedor de maratona, aceitar um premio Nobel das mãos do rei da Suécia como maior poeta de todos os tempos, comprazer-se no amor correspondido de madame Pompadour, duelar com Jasão, vingar a morte de Otelo ou tombar sob as adagas de matadores da máfia. (...) Pode morrer, ser ressuscitado e fazer isso de novo, muitas e muitas outras vezes.
Dentro deste Gerador Fantomático – máquina criada pelo autor acima para criar realidades virtuais dentro de qualquer mente – podemos ter apenas as experiências que queremos ter, poderíamos escapar de nossas limitações físicas e até humanas e vivermos como verdadeiros Deuses. Imaginem as implicações disto, ninguém vai mais querer sair do virtual e enfrentar sua dura rotina real.
Nossas vidas são criadas por fatos irrecuperáveis e inalteráveis, porém na realidade virtual esta seria apenas uma de muitas que poderíamos viver. Poderíamos perder a percepção de mortalidade que temos tão forte dentro de nosso inconsciente, isto sim seria uma revolução mental.
Não se enganem, muito não acreditam nisto devido à crença que temos Alma (acho que o século XXI irá quebrar muitas barreiras sobre a crença em alma, tem muita coisa para acontecer que irá suscitar muitas dúvidas sobre ela). Tudo está em nossas mentes e nossos pensamentos podem e vão ser manipulados, teremos o poder de decidir se teremos uma vida terrestre ou virtual, com ou sem riscos, será uma escolha individual e temo que muitos tomem a decisão de não viver o risco e por falta de coragem escolher uma vida de prazeres no mundo virtual.
Tragam-me outras reflexões sobre o tema, como seria uma vida virtual? Como o ser humano irá encarar isto? Quais as consequências sociais? Tem um filme novo chamado “Substitutos” que pode dar uma ideia de como seria.

2 comentários:

  1. Gray coloca em seu livro (Cachorros de Palha) que muitos buscam o prazer porque a felicidade não está acessível a todos.Concordo com ele e acredito que esta busca pelo prazer "virtual" pode ser saudável se não substituir a vida real. A fantasia pode (e deve) ser saboreada como um doce o qual sabemos que irá acabar e que se exagerarmos na "dose" as consequências serão negativas. Fugir da realidade, independente do modo, é bobagem, pois a realidade não muda porque você fechou os olhos (e em algum momento você terá que reabrí-los).
    O estabelecimento da realidade virtual seria o estabelecimento da corvadia como única forma de vida e muito do prazer de viver seria perdido.Afinal, qual a graça de escalar uma montanha se todo o risco implícito for eliminado?

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  2. O grande problema entre todos é que a vida em sociedade é cheia de condicionamentos! Nos condicionammos neste modus operandis, nos acomodamos, deixamos de pensar ou exercermos a criatividade, enfim, como resistir? Just try to think out of the box and get in real!!

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