O assunto desta semana foi-me inspirado pelo artigo publicado na Revista Veja – edição 2171 – “Aula de Ética é em casa, não na escola” – por Gustavo Ioschpe.
Neste artigo o autor descreve sua opinião a respeito do desmatamento da Amazônia de forma bem peculiar e que irei descrevê-lo na integra:
“Para mim, conforme já expus em artigo aqui, o comportamento ético em um país com nível de desenvolvimento brasileiro deveria ser privilegiar o desenvolvimento material humano, mesmo que isso implique algum desmatamento. O que me parece antiético é deixar gente sem renda para que árvores sejam preservadas. Não gostaria, portanto, que um professor ensinasse o contrário ao meu filho”
O argumento acima deve ser avaliado em partes, pois envolve aspectos sociais, econômicos, naturais e ambientais. Este assunto é demasiado complexo para apenas responder de forma direta, sem analisar os diversos aspectos envolvidos.
O ser humano não consegue conviver de forma harmônica com a natureza, não existe um só caso no mundo onde vivem humanos e que não haja perda de fauna e flora, o ser humano não consegue estabelecer um limite para seu avanço, na verdade nenhum ser vivo consegue – o gene de todo ser vivo é egoísta, pensa de forma individual na sua auto-preservação. Nossa forma de lhe dar com os recursos naturais do planeta sempre foi egoísta e predatória, a população humana cresce exponencialmente e, portanto, em qualquer parte do globo onde estabeleça-se comunidades, estas irão crescer e irão inevitavelmente destruir a fauna e a flora local, é somente uma questão de tempo. Vamos aos exemplos na Amazônia, regiões onde houveram assentamentos de sem terra, pouco tempo depois viraram desertos, as comunidades assentadas destruíram a floresta extraindo madeira nobre e outras para comercio de carvão. Na maioria, não conseguiram sequer estabelecer algum tipo de sustento duradouro como a agricultura, o solo amazônico é pobre neste sentido.
O autor fala em desenvolvimento humano, entretanto não há evidências que o aumento de terras, seja para agricultura ou agropecuária, traga algum crescimento econômico ou humano, atualmente países que não possuem terras próprias para o agronegócio ou qualquer recursos naturais se desenvolvem mais rapidamente que o Brasil, devido principalmente ao investimento em educação e conseqüentemente aumento de serviços ligados a área tecnológica. Não é possível estabelecer uma ligação entre desmatamento e desenvolvimento humano. Esta ligação existia no passado, era possível perceber isto no início da colonização das Américas, mas o mundo atual caminha numa outra direção, atividades ligadas ao terceiro setor não agregam muito valor. Arvores e animais vivos trarão muito mais benefícios aos humanos com o meio ambiente harmônico, com a preservação do clima, das águas, com a estabilização do aquecimento global e também no aspecto econômico.
Existe uma riqueza muito maior que poderia ser adquirida com a preservação intacta da floresta que é justamente a Biotecnologia, existem diversos produtos que podem ser derivados de espécies naturais somente encontradas na Amazônia que com certeza multiplicaria os retornos financeiros alcançados com o desmatamento e com o agronegócio.
Boa parte da fauna amazônica não pode conviver com a espécie humana, existem diversos animais que não poderão coexistir pacificamente com a presença humana próxima. A destruição desta fauna e da flora amazônica irá, aos poucos, desestabilizar o ecossistema, extinguindo aos poucos toda riqueza natural da região.
Já destruímos praticamente todos os ecossistemas naturais do planeta e, portanto devemos nos perguntar: porque o ser humano deve se achar tão superior aos outros seres tendo o poder de matá-los quando bem entender? Quem nos deu este direito? Porque é ético exterminar outros seres vivos em prol de alimentar mais humanos? Pode parecer duro, mas viramos uma praga para a maioria dos ecossistemas terrestres, não conseguimos controlar a multiplicação da espécie e com isto estamos destruindo todas as outras. O que não me parece inteligente é, em prol de manter nosso acelerado processo de procriação, destruirmos todos os ecossistema de outros animais, sem ao menos nos perguntarmos aonde isto irá nos levar. Justamente por possuir algum grau de consciência e raciocínio lógico é que deveríamos, de forma ética, preservar o meio de vida de outros seres e também o nosso. Não é possível vivermos sozinho na terra, fazemos parte de um ambiente fechado e complexo, que não é possível criá-lo artificialmente.
Desenvolvimento sustentado é somente outra forma de dizer desmatamento.
Portanto, não me venham com esta história de privilegiar o desenvolvimento humano pelo desmatamento de algumas arvores, este raciocínio é grosseiro, antiquado, antiético, racista (pois privilegia uma espécie em detrimento de outras) e desprovido de embasamento econômico. Esta palavra tão bonita que chamamos de – desenvolvimento sustentável – é falsa e enganadora. Vou alfinetar também as ONGs responsáveis pelas denúncias e preservação da Amazônia que deveriam alocar seus recursos na compra de terras para preservação e não para publicar textos e panfletos com o dizer: “Desenvolvimento Sustentável”. Gastaríamos menos, ganharíamos mais e faríamos muito mais para o ecossistema planetário se simplesmente colocássemos uma cerca em volta da floresta com o dizer: “Fechada para Humanos”.
História: liga criada em 1780, por Henriette Herz na Alemanha com o propósito da virtude e produto das idéias iluministas, pregava a igualdade de todos os seres humanos. Era um local onde intelectuais se reuniam uma vez por semana para falar sobre Deus, política e sobre seus sentimentos. Re-criada em 13 de março de 2009 em Salvador, Brasil, para a expressão livre de pensamento baseada na razão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário