Seria bom começar o texto deixando claro que todo ser humano
existente tem o direito de ser homofóbico, racista, nazista, fascista,
comunista, liberal, conservador e seja lá o que for em sua vida privada. A liberdade individual PRIVADA
é um direito inalienável e não negociável. No entanto quando este desejo se
torna político e social a coisa é bem diferente, pois neste caso, envolve o
princípio básico da liberdade, ela vai até onde começa a do próximo, e ninguém
pode querer impor suas verdades aos outros, em nenhuma hipótese possível. Percebe-se
também que o conservadorismo não consegue separar isto no aspecto econômico, e
entra em choque direto com princípios liberais fundamentais do capitalismo.
Primeiramente devemos separar o conservador privado, do
político. Todo ser humano tem o direito de ser conservador, de defender a
manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da
civilização, de ser cristão, judeu, ou qualquer outra religião e é um dever da
sociedade defender o direito dele de ser assim na sua vida privada. Entretanto
parece que um conservador por entender, em grande parte, que suas ideias são
amparadas nas religiões e de certo modo ter um apelo absoluto ou divino, não
consegue mantê-las como ideias privadas e tende a apoiá-las no aspecto político
e social.
Neste momento ele cria um problema para si e para a
sociedade como um todo, pois não existe liberdade quando há uma imposição
política de como cada indivíduo deve viver sua vida privada. Neste ponto ele
tem que ter cuidado para não se tornar totalitarista.
No aspecto econômico, um conservador começa
a criar inimigos externos, onde a princípio não existem, e tende a levar suas
verdades individuais a nível social e econômico restringindo seus negócios, e que,
de certa maneira, prejudicam a sociedade como um todo, pois limitam sua
capacidade econômica de se desenvolver e de avançar em todas as direções possíveis. Exemplos não faltam em governos conservadores.
Todos podemos e devemos fazer nossas escolhas individuais, no
entanto, temos que lembrar que elas são individuais e que o outro também tem o
direito de escolher o outro lado, mesmo que uma das partes seja minoria na
sociedade. Uma sociedade sadia e que busca diminuir o conflito entre seus cidadãos,
deve ser baseada na busca da liberdade individual, seja ele minoria ou não,
isto não importa.
Contrariando o pensando de alguns conservadores que
acreditam que as tradições cristãos-judaica e também da visão da família (homem,
mulher e filhos) como base da sociedade moderna e capitalista, temos diversos
exemplos de países capitalistas com alta renda per capita que não seguiram a
linha conservadora e sim a liberal como Canadá, Suécia, Finlândia, Suíça,
Dinamarca, Noruega, Holanda, estes são países com alta aceitação das minorias, fugindo
e muito das tradições relatadas acima. Muitos são ateus em sua maioria e não seguem as tradições da "família cristã". Temos também o desenvolvimento recente e rápido do capitalismo no oriente que é, em muito, diferente das tradições culturais e religiosas do ocidente. Portando não é verdade que a tradição
conservadora que foi a responsável pelo desenvolvimento do mundo moderno e ocidental,
e sim a liberdade individual, difundida principalmente após a Carta Magna (Grande
Carta das Liberdades) na Inglaterra de 1215.
A liberdade sempre foi o princípio básico do mundo ocidental
e capitalista e não as tradições culturais e religiosas como pregam os conservadores. Duvido muito que um conservador consiga se tornar um liberal
economicamente como afirmam, simplesmente porque a liberdade capitalista não pode
se limitar a tradições ou restrições sejam lá quais forem. O sistema
capitalista é baseado num mercado livre sem limitações ideológicas que
atormentam todo conservador político. Não existe meio liberal, ou somos liberais em ambos os aspectos sociais e econômicos ou somos conservadores.