segunda-feira, 1 de março de 2010

Zaratustra – Nietzsche – Prólogo – Capítulo X - Final

Texto na Integra:
X
Zaratustra dizia essas palavras em seu coração, enquanto o sol estava a pino: então lançou um olhar interrogador para os altos cimos – pois ouvia acima de sua cabeça o grito agudo de uma ave. Eis que uma águia atravessa os céus, descrevendo grandes círculos, a transportar uma serpente, não como presa, mas amiga, pois esta lhe pendia no pescoço.
“São os meus animais!”, dizia Zaratustra, regozijando-se de todo o coração.
“O animal mais altivo sob o sol e o animal mais sagaz sob o sol; vieram saber notícias.
“Querem saber se Zaratustra continua vivo. Na verdade, será que ainda estou vivo?
“Encontrei mais perigos entre os homens que entre os animais, pois perigosos são os caminhos que trilha Zaratustra. Possam meus animais orientar-me.”
A estas palavras, lembrou-se do que lhe havia dito o santo na floresta e suspirou, dizendo para si:
“Quem me dera ser mais sagaz! Quem me dera ser essencialmente sagaz, como a serpente!
“Mas estou querendo o impossível, porque peço à minha altivez que acompanhe sempre a minha sagacidade!
“E, se algum dia, minha sagacidade me abandonar – ah! como ela gosta de voar! – possa minha altivez seguir então o vôo de minha loucura!”
E assim começou o declínio de Zaratustra.

Comentários:
Bem, vamos voltar um pouco aos outros capítulos e demonstrar novamente as idéias do prólogo desta obra fascinante que é Zaratustra, para depois voltar a este ultimo capítulo.
O livro Zaratustra não é poesia, e sim uma obra filosófica, pois envolve análises metafísicas que são objetos da filosofia.
Zaratustra traz um problema grave para a filosofia, Nietzsche parece tender a uma critica a verdade, trazida anteriormente por Heráclito, onde tudo é relativo e mutável, portanto não existiria verdade alguma, assim não existira obra filosófica alguma na obra.
Neste ponto chave da obra, Nietzsche nos traz o Eterno Retorno, os ciclos do tempo e das coisas. O eterno retorno não mede um valor pelo critério de verdade e sim pela importância dos fatos que ela é capaz de explicar, é uma nova metafísica, esta pressupõe que tudo volta uma infinidade de vezes, que cada objeto temporal é eterno. Ao contrário de Platão onde separava o mundo entre o sensível (mutável) e das idéias (imutável), para Nietzsche cada momento é eterno e imutável, a vida é plena e completa, eterna, não no além, mas aqui agora, neste mundo. O autor acaba com o dualismo entre céu e terra, para ele somente existe um mundo, uma vida, uma verdade, é o aqui e agora do presente.
Nietzsche nos traz o super-homem e o eterno retorno, juntos o super-homem somente faz o que merece ser repetido uma infinidade de vezes e durar uma eternidade, seus atos merecem e comprometem-se pela eternidade.
O prólogo é apenas uma introdução do livro Zaratustra, vale a pena à leitura completa da obra que torna e esclarece todos os temas aqui colocados.
Gostaria de terminar estes relatos sobre o gênio de Nietzsche com a seguinte frase:
O Super-Homem só faz ou vive aquilo que merece ser repetido pela eternidade.

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