sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fé x Religião

Por Camila Lisboa:

A leitura do texto sobre Fé x Razão (http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/07/por-um-mundo-mais-tolerante.html) me fez querer discutir outra coisa: Fé x Religião, que na minha percepção são idéias distintas. As pessoas podem não seguir uma determinada religião, mas põem captar os ensinamentos que lhes pareçam mais interessantes em diversas religiões e estabelecer suas próprias doutrinas de viver baseadas no bem.
Infelizmente a religião não seguiu o seu propósito de União, vinda do verbo “religare” do latim. Os seres humanos e toda sua inteligência deturparam a essência da religião quando perceberam nela uma ferramenta de força e poder, utilizando-a de formas negativas. Foram se criando assim diversas religiões e o que por princípio deveria “re-ligar” as pessoas fez surgir blocos de doutrinas e pensamentos segregados.
Não vou discorrer sobre religião, pois este não é o foco deste texto. O que venho defender aqui é a Fé. Esta é uma das palavras mais fortes e presentes na vida de quem busca a felicidade. Fé pode ser em qualquer coisa... Fé que você vai conseguir correr 10km, fé que vai concluir um trabalho com sucesso, fé que um membro da família vai se curar... Simplesmente fé que não é mais do que acreditar com muita força de que algo que se deseje muito irá de fato ocorrer com sucesso.
Algumas pessoas atribuem a conquista de seus desejos de fé a Deus. Bem, para mim Deus é uma ilustração da força de vontade humana... Quando se diz que a fé move montanhas, nada mais é do que a força do homem focada em algo com muito vigor e desejo.
Adoro ler sobre grandes aventuras humanas e vejo a fé presente nas conquistas de homens que se depararam em situações onde só existiam eles, a natureza (com toda sua força e adversidades), a vontade de sobreviver e superar obstáculos e ninguém para contar. Nesta hora estas pessoas são regidas pela FÉ DA SOBREVIVÊNCIA. Por causa dela, podem ficar dias sem comer e mesmo assim ter forças para superar obstáculos que a ciência não explica.
Poderia dar INÙMEROS exemplos de fé aqui, de experiências pessoais, com amigos e relatos e livros que li. Vou comentar apenas um que para mim é uma das estórias mais impressionantes de força humana e fé que é a história de Shackleton. Foi a fé na vida que fez com que ele e sua tripulação completa sobrevivessem, apesar da escassez de comida, abrigos, referências e frio encontrados na Antártida no início do século passado. Recomendo esta leitura, é um exemplo de fé, determinação, coragem e liderança, além do enredo emocionante: A Incrível Viagem de Schackleton.
A fé na cura também é algo impressionante. É lindo ver pessoas reunidas em prol de ajudar a salvar a vida de alguém, seja através de doações, preces, conversas ou sorrisos. Esta energia dividida entre pessoas que amam alguém e desejam o seu bem é um ensinamento genuíno de amor e união através da fé. A fé une pessoas, independente de cor, raça, idade, classe social e religião – esta união vem da idéia comum, pensamentos positivos e ações em prol de ajudar o próximo. É uma pena que muitas pessoas só recorram à fé em momentos de desespero, mas é justamente nestes que fica claro a idéia de que somos todos iguais e a união de forças é a melhor forma de vencer barreiras, principalmente na luta pela sobrevivência.
O que defendo não é a religião em si e sim a MENTE RELIGIOSA, aquela voltada para o bem, que ama o próximo como a si mesmo.Conheço pessoas que vão à missa todos os domingos e, no entanto adoram uma fofoca e não têm uma postura religiosa na vida. Conheço outras ATÉIAS que negam a Deus e têm uma conduta exemplar de humanidade. Não existe um padrão de se ser religioso ou não faz as pessoas melhores ou piores, acho que a bondade e o amor estão no coração de cada um e cabe a cada pessoa expressar isso como sentir que é melhor. A religião pode servir apenas como ferramenta para uns... Cada um tem seu meio, não julgo nenhum.
Andar com fé: http://www.youtube.com/watch?v=yIyerOldVYA&feature=related

Camila Lisboa

12 comentários:

  1. Muito bom Camila, sejamos diferentes e com coragem e personalidade para discordar.

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  2. Concordo, as pessoas têm trajetórias, aprendizados e idéias diferentes... É justamente a soma destas peculiaridades que formam uma unidade de pensamento, que deve fazer sentido para cada um. A base de tudo é o respeito.

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  3. Prezado Carlos,

    De fato, a fé é algo impressionante e belo. Impressionante porque alavanca a alma rumo ao desconhecido, dá confiança e esperança de que, apesar das adversidades, o sonho pode acontecer. Belo porque enobrece quem dela se utiliza para transformar o mundo num local melhor de se viver. Particularmente, penso que a religião é uma espécie de sistematização de pensamentos que (e)levam o ser humano até Deus. Há momentos, entretanto, em que os problemas, as tragédias pessoais impedem o altruísmo puro e simples. Daí que, em ocasiões assim, o clamor a Deus, por meio de determinada religião, funciona como um bálsamo. Um dia, escrevi artigo sobre depoimento de um velho judeu, martirizado num campo de concentração, durante a 2ª Guerra Mundial. Ele diz que o sofrimento de seu povo criou duas oportunidades, após a vitória dos aliados sobre o nazismo: a revolta ou a autopiedade. Sabe o que equilibrou os sentimentos? A Torá, o livro sagrado do judaísmo. Esse velho judeu, então, disse uma frase no mínimo desconcertante. "Amar mais a Torá do que a Deus". Nouras palavras, a meu ver, ele quis dizer que as verdades contidas naquele livro sagrado ensinavam, ensinavam e evitaram que o drama monstruoso vivido na 2ª Guerra desencadeasse vingança desmedida ou falta de atitude (autopiedade). Em suma, a religisão, quando bem vivida, dignifica o ser humano.
    Parabéns pelo blog.

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  5. Infelizmente preciso discordar das duas, não vejo nada de bom na religião, as pessoas precisam acreditar nelas mesmas não em fé, religião ou Deus.
    Qualquer tipo de fé é prejudicial, pois fé não exige questionamentos, é apenas uma crença, considero que tudo merece ser discutido, não acredito nem tenho provas que exista uma verdade absoluta;
    A fé religiosa somente passa ensinamentos de controle social, para que possam se perpetuar no poder, não considero isto necessário nas sociedades atuais;
    Não considero estes ensinamentos respeitosos com o próximo e sim apenas para aqueles que fazem parte deste grupo, para os outros são extremamentes egoistas e exclusivos;
    Considero que a fé foi importante para a convivência humana nos momentos em que não existia a razão, o conhecimento acumulado e nem a ciência. Atualmente não precisamos mas dela, o processo de busca, de exploração e descoberta que hoje rejem nossas vidas suprem nossas carências;
    Valeu pelos argumentos, foram bem colocados, vamos continuar o debate.

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  6. Belas palavras Valéria. Adorei a idéia de que a crença no Torá, Bíblia ou Evangelho podem ser ainda mais importantes do que a crença em uma entidade divina. Esses livros trazem ensinamentos e doutrinas através de estórias e simbolos que servem como grandes exemplos para a humanidade.

    Carlos, valorizo a ciência e a razão humana, não é a toa que escolhi uma profissão de área 1, mas acho que nem tudo na vida pode ser tão racional. Existem coisas não palpáveis na vida, reflexos de sentimentos e emoção. Fé é uma destas coisas.

    Você nesse radicalismo todo e defesa da razão é capaz de amar? O amor para mim se classifica da mesma forma que a fé na sua ótica, sem questionamentos e provas. É algo que pode ser apenas sentido e jamais mensurado, igualzinho à fé.

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  7. Na verdade acho que o radicalismo vem de você, rs, já que acredita em algo que não pode provar, como posso ser radical neste caso? Quando ao amor, é tema de outro artigo, tenho vários argumentos interessantes sobre ele. Somente para apimentar: você não encontrará nenhuma literatura sobre este amor romantico datada de antes do seculo XVII. Esta visão que você tem do amor veio com a sociedade moderna, ou seja, também é criação de nossa imaginação. beijos

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  8. Vamos lá... Quando falo em radicalismo é no sentido de ser tão fechado para o que não pode ser provado... Enfim, sou suspeita para falar pois realmente gosto da visão holistica da vida, acho que está tudo conectado, acredito em energia, simbolismos, etc...

    Quanto ao tema amor, não falei em romantismo nenhum momento, simplesmente na forma de não poder ser explicado e apenas sentido. Como se explica o amor a um filho que ainda está em período de gestação? Não se explica... Se sente e isso é inegável...

    O ser humano tem um lado instintivo e este não é guiado pela razão. É ele que faz a gente ter fé, amar e cometer loucuras... Se racionalizamos demais a vida, deixamos de viver (ao meu ver) os melhores momentos da vida, justamente aqueles VIVIDOS COM EMOÇÃO!!

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  9. P.S.: Vamos escrever um texto "Razão x Emoção"

    Você com a sua visão e eu com a minha, postaremos ambos?? Que tal??

    Bjs

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  10. vamos lá...
    Amor de mãe para filho pode ser facilmente explicado pela ciência. O ser humano é o ser vivo que mais necessita dos genitores em todo o reino animal, nenhum outro animal necessita dos pais até aproximadamente os 10 anos de vida, por isto mesmo, necessitamos, BIOLOGICAMENTE, de ter um sentimento forte de afeto com a cria. Este sentimento não é nosso amor romantico e sim, instinto animal puro.
    Quanto ao tema razão x emoção já escrevi algo sobre isto veja: http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/06/razao.html
    Não sou tanto razão quanto parece, rs
    Beijos

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  11. hahaha "vamos lá" ...
    vc ta brincando comigo ao dizer que o ser humano é quem mais precisa de genitores em todo o reino animal. O ser humano é o único que tem a capacidade de escolher entre ter ou não ter filhos atraves dos ACO. Filho é uma escolha totalmente sentimental e não explicada cientificamente... As pessoas que não amam a "cria" tem varias saidas. A começar pelo aborto, doação ou até o homicidio como já presenciado varias vezes. Agora se vc quiser definir estas atitudes como "instinto animal"... ai sim... eu concordo, mas criar filho me mundo de hoje justificando como racional e não sentimental é loucura...
    Cada um acredita na verdade que quer... rsrsrs... bjo

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  12. Anônimo, adorei!! Por que não se identifica??

    Carlos, você perguntou via Marcão se estava "pirada" com seus comentários... Bem, não tenho porque me chatear com suas opiniões, apenas sinto por vc não conseguir acessar o lado emocional da vida na íntegra...

    Acho que certas coisas só se explicam vivenciando.. Nesta questão de paternidade acredito que só poderá definir uma noção de sentimento real após ter uma experiencia concreta, se é que um dia se permitirá criar uma família.

    Eu como acredito em coisas que não são concretas, simplesmente ACREDITO quando escuto de TODOS os pais que não existe maior amor no mundo do que dos pais para seus filhos. Acho que minha experiencia pessoal no futuro só comprovará isso que para mim já é quase uma verdade universal...

    Beijos!

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