Voltando um pouco ao início das discussões sobre a morte, gostaria de acrescentar que este tema não é fúnebre, estudamos a morte para explicar a vida, ou seja, não podemos nem devemos fugir do nosso destino. Quando levantei o tema proposto queria na verdade estudar como se processa a vida dos seres vivos e não propriamente a morte.
Voltando ao assunto, a morte do ser humano começa com a morte das células individuais e é totalmente explicada por ela. Morte por ataque cardíaco, câncer, ou simplesmente velhice é morte causada por morte de células individuais. No entanto vimos anteriormente que a morte não é, a priori, uma exigência da vida. A morte das células somáticas – que morrem compulsoriamente - somente surgiu depois quando o DNA começou a fazer cópias de si mesmo e que seriam utilizadas para fins diferentes da reprodução. Para os seres humanos, isto significa que, depois que um número razoável de células germinativas tiver oportunidade de conferir seu DNA reprodutivo para gerações seguintes, o resto de nós – nosso eu somático – vira excesso de bagagem. Esta é a ordem biológica da senescência e morte.
Do ponto de vista humano, nosso eu somático é onde estão inseridas coisas como mente personalidade, consciência, amor e vontade, ou seja, coisas que nos definem como indivíduos únicos. Pensamos na reprodução apenas como uma das muitas atividades em que podemos desenvolver, mas não é assim que a natureza nos criou, fomos feitos para reproduzir e morrer. Temos usado nossa mente para inventar sistemas complexos de crenças para explicar a morte. Nenhum deles nos retrata como excesso de bagagem. Nenhum deles nos dispõe como meros instrumentos para transmitir DNA. No entanto, quando levamos a origem de nossa mente para além da mente e da crença, para seus verdadeiros primórdios – a morte das células individuais – chegamos a uma conclusão sombria e nada agradável: a irrelevância, no esquema maior do universo, de nosso eu somático. Não admira que a crença triunfe com tanta freqüência sobre a razão.
Carlos,
ResponderExcluirgostaria que me ajudasse a entender alguns trechos do seu texto. Por exemplo: " Para os seres humanos, isto significa que, depois que um número razoável de células germinativas tiver oportunidade de conferir seu DNA reprodutivo para gerações seguintes, o resto de nós – nosso eu somático – vira excesso de bagagem. Esta é a ordem biológica da senescência e morte."
Talvez tenha entendido errado, mas interpretei como se fosse uma grande simplificação
da complexidade do corpo humano. vc reduziu os humanos em apenas uma função reprodutiva? Como se pudesse compara-lo as celulas unicelulares.Vc esta matando as mulheres na menopausa??
Discordo que a natureza tenha criado os animais apenas para a reprodução. Vou explicar como vejo a natureza pensando nos animais e dar o exemplo da comunidade das abelhas. Nesta comunidade apenas a abelha-rainha tem a capacidade de engravidar e isto ocorre pq ela libera substâncias que inibem o desenvolvimento das caracteres sexuais dos outros membros da comunidade e estes passam a ser meros operarios. Conclusão: gostaria de te perguntar porque a natureza criaria os seres humanos de uma forma tão complexa para ser reduzido apenas a função de reprodução e morte?? Vc tem alguma explicação para o comportamento das abelhas ??
Gostei de sua análise, realmente o texto simplifica demais, mas vamos avalia-lo em 2 aspectos. O celular e o funcional. Porque estou separando? porque são 2 funções separadas. As celulas de todos os seres vivos foram criadas com a função de manter o individuo vivo até que este possa se reproduzir, esta programação está no DNA de todos os seres pluricelulares, de todos os exemplos que você possa me trazer vou encontrar provas disto, não tenha duvidas. A outra é a função desta espécie na natureza, a espécie ainda persiste no meio ambiente por ter alguma função nele, é o princípio da adaptalidade, sem função no ecossistema, provavelmente esta espécie irá ser extinta. As celulas mantem o ser para reprodução mas ele tem uma função a cumprir na natureza que é ligada a seu tempo de vida programado em seu DNA. Por exemplo, porque vivemos mais que uma abelha? Porque temos uma função na natureza diferente e por isto nosso DNA é programado para viver mais, precisamos deste tempo a mais para podermos sobreviver ao ecossistema e podermos reproduzir a espécie. Sem este tempo a mais não seriamos capazes de reproduzir adequadamente a perpetuar a espécie.
ResponderExcluirVamos lá...
ResponderExcluirFugindo um pouco do tema, mas sendo racional e emocional..rsrs...
Gostaria de comentar esta frase: " Não admira que a crença triunfe com tanta freqüência sobre a razão."
Acredito que o triunfo da crença em relação a razão é uma forma racinal de evitar um sofrimento e criar uma realidade de mistério no qual as pessoas depositam suas esperanças e acreditam que a sua matéria( corpo) tenha um significado muito maior. Este tipo de pensamento pode dar sentido a pessoas que possuem uma vida desgraçada e sem muitas pespectivas de crescimento. AS vezes a fuga do racional para a crença pode significar a salvação e sentido de uma vida, mas este mesmo raciocinio pode significar uma forma de ignorância e manipulação para outros... As personalidades são diferentes e isto da um sentido a vida...
Entendo sua posição, mas não consigo admitir que um ser racional, provido de analise e reflexão possa conseguir a felicidade pela mentira, não vejo sentido algum numa vida movida por ilusões.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMas as verdades não são abslutas... Pra vc é uma grande mentira, mas para outros é uma grande verdade e isto não quer dizer que elas vivem na mentira, pois acreditam no que estão vivendo e construindo. Elas acham que quem não acredita nas crenças é que são uns coitados, que viem na escuridão... Cada um tem uma forma de ver a vida... Esta pessoa que acredita em suas crenças não precisa ser necessariamente desprovidas de analise e reflexão, mas apenas acreditar em algo que pra vc não faça sentido. Algumas caracteristicas vem de berço, ou seja, são enraizadas e não importa se ela é uma pessoa esclarecida e com muita reflexão estas caracteristicas fazem parte da construção da sua personalidade como uma espécie de essência...
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