quinta-feira, 18 de junho de 2009

A crise financeira mundial (outra visão)

Na verdade temos ouvido muito a respeito desta crise e até agora acho que ninguém teve esta percepção que vou relatar abaixo, temos escutado apenas: crise no mercado imobiliário? Hipotecas? Crise bancária?
Esta crise é mais profunda que demonstram os tópicos relatados acima.
Em primeiro lugar vamos descrever como o capitalismo se desenvolveu até agora. Em 200 anos de livre mercado, o capitalismo cresceu principalmente em função da oferta, os ganhos de escala das produções em massa criaram mercados consumidores cada vez mais numerosos, trazendo para o consumo indivíduos com pouco poder aquisitivo, principalmente pela redução contínua dos preços. A microeconomia (empresas) sempre se desenvolveu criando mercado para seus produtos, ou seja, criando demanda. O empresário sempre buscou investir onde sua possibilidade de crescimento era maior, durante o século XX os investimentos, principal responsável pelo crescimento econômico, se guiou pela expansão da produção, como após a 2º guerra mundial a Europa e o Japão estavam destruídos, os investimentos seguiram para lá, desenvolvendo a região e gerando crescimento.
Entretanto, no meu ponto de vista, o capitalismo encontrou um obstáculo que ainda não tinha se deparado em sua história, o obstáculo da estagnação do mercado e da demanda em alguns países. Os EUA já tinham enfrentado alguma estagnação, mas o crescimento em outros países, após a 2º guerra mundial, o fizeram aumentar a exportação e manter o crescimento. Acontece que agora as coisas estão diferentes.
Os países desenvolvidos não conseguem mais competir globalmente, seus custos de produção atingiram níveis que não permitem competir com os países em desenvolvimento, principalmente os custos com mão de obra. Aposentadoria, seguro desemprego, encargos sociais muito altos em comparação a países que ainda não se defrontaram com estas demandas sociais. Portanto estes países não conseguem mais obter crescimento de oferta em função de exportação de seus produtos, nem do mercado interno.
O mercado interno está estagnado, estes países têm um mercado maduro, falta crescimento demográfico, a maior parte da população já é adulta e já tem praticamente suprido com todos os bens de consumo necessários para uma vida confortável, portanto a demanda está saturada.
Neste ponto começo minha visão desta crise, a microeconomia. As empresas são responsáveis pela geração de renda, emprego, impostos e são as impulsionadoras dos crescimentos dos países, entretanto, até hoje, não tinham se deparado com tamanho obstáculo, os mercados eram sempre ilimitados e era muito arriscado investir em países em desenvolvimento. Devido à falta de regras claras e de instituições fortes, estes investimentos eram arriscados demais. Os países desenvolvidos agora não têm mais para onde crescer sua produção. Pela primeira vez, estes países não têm perspectiva de crescimento da demanda, enquanto os países em desenvolvimento melhoram suas instituições, ficaram mais estáveis e hoje são um porto seguro para investimentos. Ora, como vocês perceberam, onde é mais fácil ganhar dinheiro? No país estagnado ou num país ainda em plena fase de expansão de sua demanda? Portanto o investimento fugiu para os países em desenvolvimento e com isto o crescimento econômico, o aumento de renda, etc.
Os empresários de países desenvolvidos precisam agora competir por um mercado limitado, aonde as margens tendem a ser sempre menores, precisando de muita escala de produção para ser competitivo. Com a demanda limitada, os preços tendem para baixo pressionando a oferta e reduzindo os ganhos.
Esta crise, meus amigos, é uma crise de demanda nos países desenvolvidos, e uma crise que não tem solução no curto prazo, o capitalismo nunca se deparou com isto antes, sempre conseguiu-se aumentar a demanda ou por meios de redução nos custos ou por exportação. A Europa e o Japão não crescem de forma consistente há 20 anos, seus mercados estagnaram e os investimentos fugiram para países com custos menores.
De agora em diante qualquer coisa será motivo para recessão nos países desenvolvidos, pois os investidores fugiram de lá, sem investimento eles se tornam mais vulneráveis a crises.Se você me perguntar: os países desenvolvidos serão países pobres no futuro? Eu diria que é muito cedo para uma afirmação desta, o livre mercado é como a natureza, sempre encontra um caminho a seguir, a liberdade pressupõe busca de meios de sobrevivência. Qual a solução? Não sei, alguém se arrisca?

Um comentário:

  1. Gostei da explanação, me esclareceu muita coisa. Mas será que essa crise não pode ser benéfica? Não me arrisco a ir muito adiante, pois tudo que sei ouvi "por aí", nas revistas, internet e conversando com amigos. Michael Moore vai lançar um filme sobre. E o meu caríssimo Forbes, escreve sobre ela tomando o particular em seu site. http://www.jorgeforbes.com.br/br/contents.asp?s=23&i=128
    Abc

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