Continuação dos textos do Peixinho Doido:
1) Peixinho Doido: http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/11/o-peixinho-doido.html
2) Peixinho Esquentado: http://ligadavirtude.blogspot.com/2010/03/peixinho-esquentado.html
3) Peixinho de volta para casa: http://ligadavirtude.blogspot.com/2010/03/o-peixinho-de-volta-para-casa.html
Envolvido em sua rotina diária de afazeres no seu aquário, o peixinho vivia um pouco entediado. Passear, procurar comida, estudar e trabalhar eram sua rotina. Mesmo se conhecendo, mesmo vivendo na busca de seus sonhos, às vezes ele sentia um vazio enorme em seu coração, não sabia por que, vivia a vida que queria e tinha plena consciência de tudo a sua volta, sua cabeça lhe mostrava o caminho e comandava seu coração.
Um dia passeando, como sempre, entre uma pedra amarronzada e uma alga em um dos cantos do aquário, percebeu algo diferente. Logo após a virada a esquerda na pedra, sentiu algo estranho, sentiu um arrepio, sentiu uma pontada no coração, uma luz surgiu a sua frente, uma luz ainda fraca, parecia bem diferente da luminária do aquário, na verdade ele nunca tinha visto aquele brilho antes.
E se aproximando bem lentamente da luz surgiu uma peixinha, uma peixinha bem diferente das outras e fisicamente bem diferente dele, tinha caldas longas, era menor em tamanho, suas escamas eram douradas, parecia outra espécie de peixe, mas seus olhos, ah seus olhos, o brilho que preenchia seu coração vinha dali, daqueles olhos. Por um momento pensou: será que ninguém está vendo esta luz, este brilho, mas parecia que mais ninguém poderia enxergar o que seus olhos não conseguiam desviar.
Ela parou em sua frente parecendo esperar sua passagem, porém ele não sabia mais para onde ir, seu destino fora esquecido, seu horizonte, naquele momento, ficou restrito a poucos metros, seus sonhos lhe escaparam, seu chão que sempre era tão certo e planejado caiu num abismo sem fim.
Até hoje não sabe como algo teve tanta força em sua vida. Não parecia racional, sua vida tinha um sentido e aquilo não tinha. Que sentimento forte era aquele que preenchia seu “eu” de forma tão intensa e vibrante, e por um momento, tudo parecia não ter mais sentido algum, aquele brilho se transformou em seu próprio brilho.
E então descobriu que a vida sempre irá lhe tirar do caminho planejado, o certo não faz parte deste mundo e que existe uma coisa mais forte que sua admiração por si.
Não foi fácil para ele, percebeu que em matéria de paixão era uma criança inexperiente, não podia controlar a situação, sentimentos não são possíveis de manobrar, mas o imprevisível tomou conta de seu destino e o transformou num bobo, um peixinho bobo sem rumo e sem direção.
A peixinha era bem parecida com ele na forma de pensar, tinha sonhos elevados, já tinha também visitado alguns rios e mares e sabia que a vida era muito maior que seu aquário. Nesta descoberta mútua, ficaram bobos, a paixão preencheu seus corações e nada mais fazia sentido. Como é bom estar apaixonado, pensava o peixinho e a peixinha.
Então, o peixinho apreendeu mais uma coisa, que em matéria de amor nada tinha lógica, sua razão foi vencida, este sentimento é mais forte que seu pensamento. Sua vida, agora, parecia sem rumo, mas que toda vez que via a peixinha aparentava ter um sentido, que sentido? Ele ainda não sabe, porém a sensação de que tinha encontrado a coisa mais importante de sua vida não lhe escapava, se antes sua razão lhe mostrava o caminho agora seu coração comanda sua vida.
Se era instinto ou apenas sinais elétricos dentro de sua cabeça ele não sabia, mas tudo a sua volta parecia diferente, a peixinha havia lhe mostrado algo novo, algo que ele não entendia ainda muito bem, mas que depois que sentimos não há volta, quando o coração comanda nossas vidas a razão perde a importância. O que o peixinho vai fazer agora? Ele ainda não descobriu, porém se um peixinho doido podia viver tanta aventura, imaginem o que dois peixinhos doidos juntos e apaixonados poderiam fazer?
Haja tanta vontade de viver.
Obs.: Vale ressaltar que este texto é pura ficção, rs.
História: liga criada em 1780, por Henriette Herz na Alemanha com o propósito da virtude e produto das idéias iluministas, pregava a igualdade de todos os seres humanos. Era um local onde intelectuais se reuniam uma vez por semana para falar sobre Deus, política e sobre seus sentimentos. Re-criada em 13 de março de 2009 em Salvador, Brasil, para a expressão livre de pensamento baseada na razão.
Porra mermão...cadê o sargaço, a areia, a gaivota...esse aquário tá muita maresia...Tá apaixonado hein véi?
ResponderExcluirVelho, você não está entendendo as histórias do peixinho. Não são minhas, é ficção mesmo, quero contar e passar coisas em forma de histórias.
ResponderExcluirInfelizmente não estou apaixonado não, rs
Abraços.