segunda-feira, 27 de julho de 2009

Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita – Proposições 4º e 5º

Dando seguimento ao tema “liberdade humana” onde começamos com a 1º de 9º proposições de Kant, descrevo abaixo um resumo das proposições 4º e 5º. Quem ainda não leu da 1º a 3º favor dar uma olhada nos artigos anteriores para melhor compreensão.
Percebe-se nestas proposições e tentativa de diálogo com Rousseau (“A Origem da Desigualdade entre os homens”), enquanto este último prega uma certa desgraça do homem no início do convívio social, sua perda de inocência, o inicio da corrupção, Kant traz uma visão totalmente oposta. Para Kant é justamente o inicio da vida social que traz desenvolvimento a razão humana, trazendo o desenvolvimento de talentos e potencialidades. O homem natural é um ser preguiçoso e acomodado, o homem social é inquieto e colocado em constante provação em sua busca de superar o próximo.
Posteriormente estarei enviando as proposições seguintes, da 6º a 9º.

Quarta proposição
O homem não poderia desenvolver sua razão vivendo individualmente, pois, assim, seria apenas um animal buscando suas necessidades instintivas. O homem sozinho seria apenas um animal solitário vivendo apenas para satisfazer suas necessidades básicas de sobrevivência.
Para desenvolver suas potencialidades, o homem precisa conviver com outros de sua espécie, o convívio social faz o homem sair de seu estado tendencioso a preguiça e ao isolamento, de um ser puramente animal, para em oposição ao próximo buscar sempre mais de si mesmo. A sociedade tornou o homem um ser em conflito, as relações humanas trouxeram ao homem a desigualdade, a busca de projeção, a inveja, a cobiça e com isto trousse a ele a possibilidade de melhorar e de potencializar suas capacidades máximas a fim de superar seu concorrente, ou seja, o próximo. A desigualdade humana trazida pelo convívio social, ao contrário de muitos pensadores, possibilitou ao homem o desenvolvimento de sua razão. A discórdia e os conflitos gerados pelas relações humanas permitiram que ele desenvolvesse seus talentos, e preenchesse o vazio da criação em vista de seu fim como natureza racional. Na busca pelo melhor de si, na superação de seu opositor, o homem busca sua concórdia, mas a natureza quer sua discórdia, pois somente aí ele poderá atingir suas disposições.
O homem quer instintivamente viver prazerosamente, comodamente satisfeito de seus instintos naturais, mas no convívio social ele é colocado em discórdia, precisa abandonar sua indolência e lançar-se no trabalho árduo visando ultrapassar seus pares.

Quinta proposição
No entanto, em continuação do exposto na proposição anterior, as desigualdades geradas pelos conflitos de diferentes interesses individuais poderiam gerar a desgraça a espécies humana se não for regulado por um direito universal, que possibilite a coexistência de liberdades individuais para a obtenção do desenvolvimento de todas as suas disposições.
A necessidade de viver coletivamente em sociedade e mesmo assim desenvolver a máxima liberdade de suas vontades traz ao homem a necessidade de submeter-se a regras sociais que limitem sua liberdade quando esta interfira na liberdade de seus pares.
Esta limitação, mesmo parecendo primeiramente algo inibidor de seu desenvolvimento pleno, ao contrário, permite que ele caminhe de forma mais perfeita na produção de conhecimento mais engajado de sua espécie, num conhecimento mais coletivo que individual, visando desta forma no desenvolvimento de toda sua espécie e não no desenvolvimento apenas individual.
Esta limitação da liberdade individual permite o desenvolvimento da cultura numa sociedade e torna o convívio social algo positivo que disciplina e potencializa a capacidade individual de todos.

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