quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Fim da Família

Família sempre foi um assunto polêmico, principalmente por trazer sentimentos fortes, sejam de amor ou ódio, por isto peço compreensão, paciência e reflexão antes de avaliar os argumentos expostos. Como adoro polêmica não poderia perder esta oportunidade.
Primeiramente vamos avaliar o motivo para indivíduos unirem-se no intuito de formar uma família. Podem-se encontrar vários pretextos para sua formação, entretanto o principal motivo foi, é e continuará sendo a criação de outro ser, no caso, os filhos. A família somente tem razão de ser para prover proteção, segurança e sustento na criação e perpetuação da espécie, provavelmente foi este o motivo, lá atrás, que homens e mulheres se uniram para a formação das primeiras famílias.
Tem sido assim até os dias recentes, os seres humanos sempre buscaram formar e manter as famílias para suprir as necessidades de criação dos filhos. Estou colocando o amor em segundo plano, pois considero que o amor sozinho não constitui o objetivo e sim a causa da união. Todavia o amor não mantém uma família, a maioria das uniões hoje é sustentada pela necessidade de criação dos filhos, considero que muitos casais se mantém juntos sem amor.
Vamos nos alongar mais neste sentimento, o amor. Se vocês não sabem, o conceito da palavra amor como conhecemos não tem mais de 200 anos, começou provavelmente no século XIX com a emancipação da mulher, antes os casais se formavam apenas para criar os filhos, tudo era arranjado e o amor, este amor pelo sexo oposto, paixão, amar pela vida inteira, alma gêmea, nunca existiu. Vocês não encontrarão bibliografia datada de antes do século XVIII falando sobre este amor romântico pelo outro sexo, isto não existia, não fazia parte da nossa cultura, a mulher era a genitora, apenas isto. Acho que a visão da religião sobre as mulheres contribuiu para manutenção desta discriminação, porém isto é assunto para um outro artigo.
Antes casávamos para a vida inteira por que a mulher não tinha o direito de se separar, de viver outra vida, de amar outra pessoa, ou de ir contra seja lá o que for. Com esta mudança de paradigma a partir do iluminismo, o principal elo de manutenção dos casais acabou e, durante o século XX, mulheres passaram a não ter mais a obrigação de se manterem unidas e o principal elo de união, antes obrigação, passou a ser à vontade e o amor.
Querendo ou não este fato desencadeou o inicio do fim da família, é muito difícil amar para a vida toda, muito mesmo, vivemos um momento em que a maioria dos casais se suporta ou acomodam-se com a união, decretando um golpe muito duro na instituição “Família”. Digo que esta instituição está passando pelo seu momento mais difícil de sua história.
Bem, posso prever o golpe fatal, posso até parecer um pouco futurista, mas vai acontecer não tenho dúvidas. A descoberta e desenvolvimento da engenharia genética será um divisor de águas. Podemos tornar as gerações futuras mais aptas com a manipulação dos genes, não será uma opção, será uma obrigação, pois ninguém vai querer filhos fracos, com doenças hereditárias, menos capazes e etc.
Querendo ou não, ainda em meados deste século, não teremos mais filhos naturalmente, todos nascerão modificados geneticamente e em laboratório. Gravidez, parto, hospitais, médicos, tudo isto será coisa do passado, daremos risada de nossos avôs quando ainda tinham filhos através de tanto sacrifício.
Neste momento em que não precisaremos de uma união entre sexos opostos, a família acabará, casais se unirão apenas por um sentimento, o amor ou desejo. Estes teriam muito mais liberdade de separação, poucos se manteriam unidos apenas pelos filhos pois não passaram nove meses curtindo a vinda deste novo ser e não se sentirão obrigados a se suportar por eles.
Critico muito nosso modelo familiar atual, temos que aturar muitos membros familiares somente por que é da família, poxa, cadê a afinidade? Cadê o desejo de estar junto e compartilhar momentos com pessoas que realmente gostamos. No modelo atual aturamos muito mais que curtimos alguns eventos em família.
Os laços familiares são muito fortes nos seres humanos devido ao elevado tempo de desenvolvimento da cria, nenhum outro ser vivo conhecido precisa de tanto tempo dos cuidados dos pais que nós, por isto mesmo o sentimento de afeto entre pais e filho precisa ser forte. Pode parecer frio, porém este amor é natural da raça humana, necessário para sua sobrevivência, não tem nada de divino nisto.
Em relação a este sentimento, penso que as coisas poderiam ainda piorar, pois a inexistência de gravidez traria menos afeto entre pais e filhos diminuindo a necessidade de convivência mútua de, estimo, 24 anos, em média atualmente, para 12 anos, transferindo para a sociedade a responsabilidade na criação destes adolescentes. Isto sim poderia trazer conseqüências drásticas em nossa maneira de viver.
Penso, ainda, que isto traria dias melhores para os humanos, somente nos uniríamos por vontade, amor, desejo. As relações seriam muito mais sinceras, muito mais honestas, a palavra obrigação e fidelidade seriam extintas de nosso vocabulário cotidiano. Viveríamos nossos amores intensamente, sem obrigações.
E aí? Têm muitas idéias novas neste texto, devemos sempre buscar melhorar nossas relações interpessoais, portanto não as rejeite, apenas curta e reflita sobre quais seriam plausíveis ou não? Tragam suas idéias.

2 comentários:

  1. Carlos, concordo com muito do que disse no texto e realmente temo as gerações futuras.
    Meu conceito de família é meio antiquado, acredito e defendo o papel da mulher como dona de casa e vejo que o feminismo está afastando cada vez mais as mulheres do lar, elas hoje (e eu me incluo nisso) buscam mais o trabalho, o desenvolvimento intelectual, etc...
    De fato, acredito no amor em um casamento de forma diferente. Não existe atração e paixão que dure uma vida e sim condutas de respeito, carinho, cumplicidade e confiança. Estes conceitos se misturam formando a idéia da palavra amor. Ainda digo mais, acredito na união pelos defeitos, pois qualidades todos nós temos e elas são uma delícia de se conviver, já os defeitos têm que ser analisados com critério, pois quando encomodam ao longo do tempo tendem a virar uma bola de neve e se tornarem intoleráveis. Lhe pergunto, este tipo de união é baseada no amor ou é racional? Para mim o amor nascerá de uma decisão racional de união.
    A desvinculação da entidade familiar faz perder as referências, hoje em dia as familias estão cada vez mais segregadas, mesmo que dividindo um lar, cada filho com sua televisão e computador no quarto, sem muitas vezes se quer compartilhar as refeições. Bem, se não há cumplicidade no que há de mais próximo e intimo que é a família, como haverá na criação de vincluos externos?

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