quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita – Proposições 6º e 7º

Dando seguimento ao tema “liberdade humana” onde começamos com a 1º de 9º proposições de Kant, descrevo abaixo um resumo das proposições 6º e 7º. Quem ainda não leu da 1º a 3º favor dar uma olhada nos artigos anteriores para melhor compreensão. Posteriormente estarei enviando as proposições seguintes, da 8º a 9º.

Sexta proposição
Kant nos coloca agora a seguinte pergunta: como podemos desenvolver nossas potencialidades com liberdade de vontade, com oposição e coerção social e com limitação, sem gerar conflitos que tornem impossível o convívio social?
O homem sempre abusará de sua liberdade individual e sempre se inclinará em sua busca, por isto ele tem necessidade de um senhor, de alguém que o regule e quebre sua vontade particular e o obrigue a obedecer à vontade universalmente válida.
Esta realmente parece ser um dos maiores desafios para a espécie humana, como encontrar alguém, humano, que lance mão de suas vontades particulares e submeta-se a cumprir e a estabelecer metas universais, contrariando sua própria natureza egoísta e individual.
Parece-me que este ponto será atingido pela espécie em inúmeras tentativas de erros e acertos, onde a experiência adquirida irá, aos poucos, estabelecer critérios de escolhas onde se possa atingir uma constituição possível, e uma boa vontade de sua maioria para aceitar esta imposição.

Sétima Proposição
O estabelecimento de uma constituição civil perfeita é um objetivo que a razão deve alçar, e que somente pode ser alcançado com a resolução dos problemas gerados entre as próprias sociedades existentes. A relação entre os estados tem a mesma origem dos conflitos descrito na proposição sexta, ou seja, do mesmo desafio de limitar a liberdade de uma sociedade em contra posição a liberdade da outra.
Para uma sociedade atingir uma constituição perfeita, ela precisa primeiramente resolver seus problemas e conflitos com outros estados concorrentes e isto somente pode ser alcançado quando estas sociedades também saírem do estado sem leis dos selvagens e buscarem nas leis resolverem seus conflitos e desavenças.
Como comentado na proposição anterior, o estado precisa abdicar de sua liberdade total sem limites e buscar numa constituição seus limites em relação aos outros. Somente assim poderá encontrar um equilíbrio para o pleno desenvolvimento das finalidades naturais de seus cidadãos.
Um estado que não busque este equilíbrio estará privando seus indivíduos de seus propósitos e em algum momento e viverá em conflito até que perceba que seus propósitos expansionistas e muitas vezes egoísta, quando tentar impor seu modo de agir e pensar, estará indo de encontro com o perfeito desenvolvimento de suas partes, seus cidadãos.
Considero que Kant coloca com muita propriedade esta questão. O desenvolvimento dos humanos depende muito do desenvolvimento da sociedade em que estão dispostos, pois as relações humanas dependem das relações entre as sociedades e estas últimas moldam sua constituição civil.
O homem pode viver sem conflitos em seu estado selvagem, mais jamais atingirá suas disposições naturais sem conviver com seus pares. Contrariando Rousseau, é justamente na desigualdade gerada nas relações humanas que desenvolvemos nossas capacidades e saímos de um estado animal para uma realidade humana. Nossa razão somente é plenamente desenvolvida com a desigualdade e competição entre nossos pares.

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