sexta-feira, 13 de março de 2009

Violência

A violência tem tomado proporções inaceitáveis, todos os dias surgem novos crimes em destaque nos meios de comunicação, invariavelmente piores do que os tidos até ontem como intoleráveis ou absurdos, experimenta-se um curto período de sobressalto, até que o assunto cai novamente no esquecimento.

A sociedade, em grande medida embrutecida, se acostumou a encarar a criminalidade com uma mistura de frieza e medo resignado. As autoridades também tem mostrado uma impassibilidade inaceitável diante da escala da violência.

Existe a necessidade de discutir a reestruturação das corporações policiais e o próprio conceito de segurança pública.

Não há solução simples para o problema, o que não impede que grande esforço seja feito para minimizar seus efeitos. É preciso acordar para o fato de que à sua volta, em imensa maioria, vive-se mal, morre-se muito por muito pouco.

Um comentário:

  1. " Cultura de paz
    A mobilização em prol da paz, no Brasil, nasceu
    do aumento da violência, principalmente quando a
    criminalidade passou a vitimar as classes privilegiadas
    dos centros urbanos. A paz que os brasileiros buscam
    está diretamente vinculada à redução de crimes e
    homicídios. Refletir sobre a construção da cultura de
    paz passa, portanto, pela análise de como a sociedade
    compreende e pretende enfrentar o fenômeno da
    violência. Esse tem sido o tema de inúmeros debates.
    É possível agrupar, grosso modo, três paradigmas que,
    implícita ou explicitamente, estão presentes nessas
    discussões — o da repressão, o estrutural e o da
    cultura de paz.
    O modelo baseado na repressão preconiza, como
    solução para a violência, medidas de força, tais como
    policiamento, presídios e leis mais duras. Essas
    propostas sofrem de um grave problema — destinamse
    a remediar o mal, depois de ocorrido. Também
    falham em não reconhecer as injustiças
    socioeconômicas do país. Apesar disto, esse é o
    modelo mais popular, pois, aparentemente, dá
    resultados rápidos e contribui para uma sensação
    abstrata (mas fundamental) de segurança e de que os
    crimes serão punidos.(...)
    O segundo paradigma afirma que a causa da
    violência reside na estrutura social e no modelo
    econômico. Conseqüentemente, se a exclusão e as
    injustiças não forem sanadas, não há muito que se
    fazer. Apesar de bem-intencionado, ao propor uma
    sociedade mais justa, esse modelo vincula a solução
    de um problema que afeta as pessoas de forma
    imediata e concreta — violência — a questões
    complexas que se situam fora da possibilidade de
    intervenção dos indivíduos — desemprego, miséria,
    etc. —, gerando, desse modo, sentimentos de
    impotência e imobilismo.
    Uma compreensão distorcida desse modelo tem
    levado muitos a imaginar uma associação mecânica
    entre pobreza e violência. (...)
    É importante evidenciar a violência estrutural, pois
    ela encontra-se incorporada ao cotidiano da sociedade,
    tendo assumido a aparência de algo normal ou
    imutável. Mas a paz não será conquistada apenas por
    mudanças nos sistemas econômico, político e jurídico.
    Há que se transformar o coração do homem.
    O terceiro é o paradigma da cultura de paz, que
    propõe mudanças de consciência e comportamento
    — inspiradas em valores universais como justiça,
    diversidade, respeito e solidariedade — tanto de parte
    de indivíduos como de grupos, instituições e governos.
    Os defensores dessa perspectiva compreendem que
    promover transformações nos níveis macro e micro
    não são processos excludentes, e sim
    complementares. Buscam trabalhar em prol de
    mudanças, tanto estruturais quanto de atitudes e estilos
    de vida. Também enfatizam a necessidade e a
    viabilidade de reduzir os níveis de violência através de
    intervenções integradas e multiestratégicas,
    fundamentadas na educação, na saúde, na ética, na
    participação cidadã e na melhoria da qualidade de vida.
    O primeiro passo rumo à conquista de paz e nãoviolência
    no Brasil é uma mudança paradigmática: o
    modelo da cultura de paz deve tornar-se o foco
    prioritário das discussões, decisões e ações. Só será
    possível colher os frutos da paz quando semearmos
    os valores e comportamentos da cultura de paz. Isso
    é a tarefa de cada um de nós, começando pelas
    pequenas coisas, e no cotidiano, sem esperar pelos
    outros. Gradualmente, outros serão sensibilizados e
    decidirão fazer a sua parte também."
    MILANI, Feizi M. Jornal do Brasil, 02 jan. 2002.

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