segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Save the Planet, not the humans


Temos vividos tempos de debates intensos sobre o tal aquecimento global, sobre o pulmão do mundo, a Amazônia, ferozes são os adeptos de ambos os lados, que travam um debate intenso, com distorções de dados científicos para todos os lados, mas todos focados na sobrevivência das futuras gerações humanas sobre este planeta chamado Terra.
Desde os primórdios o Ser Humano teve uma relação, com a fauna e flora do planeta, de muito respeito e convivência pacífica, pois sempre se enxergou como parte do ecossistema e da natureza, tribos antigas sempre tiveram uma relação de convivência harmônica colocando a preservação de outros animais, assim como da flora, como algo importante para sua própria sobrevivência. Percebemos isto em todos os estudos sobre sociedades antigas baseadas em atividades de caçadores-coletores que exercemos durante milhares de anos.
Isto ocorreu até a elevação do ser humano a potência de um Deus, a partir do momento que nos enxergamos como criação principal de um único Deus maior, criados a imagem e semelhança deste, nos tornamos importantes demais para respeitarmos o que quer que seja neste universo. O que importa agora é a sobrevivência dos filhos de Deus, pouco importa a vida de outros seres vivos, tudo a nossa volta foi feito para nosso deleite, para nosso desfrute, para nos servir.
Este nova imagem do mundo e do papel do Ser Humano nos trouxe um novo mundo e mudou para sempre nossa espécie. Não só nossa relação com a natureza mudou, mas principalmente nossas relações entre si, nosso “eu”, nossa sociedade e nossa concepção de mundo. Todo um novo mundo foi descoberto e a soberba humana foi elevada a um grau jamais imaginado.
Nossa visão de que fazermos parte de algo maior acabou, agora somos os donos.
Toda a nossa discussão sobre se existe ou não aquecimento global, se devemos ou não preservar a Amazônia, parte de um único ponto principal: a sobrevivência humana. Nada mais importa contanto que sobrevivamos. Claro, somos os únicos donos deste mundo que foi criado unicamente para a vida dos descendentes de Adão e Eva.
Esta visão permeia o debate global e não nos permite entender como funciona todo o ecossistema terrestre, nem como esta visão se torna míope e extremamente egoísta em relação a tudo que estamos fazendo com nosso planeta.
A moral humana só existe enquanto o Homem é o centro, nada mais importa.
Inúmeros seres vivos foram extintos nos últimos séculos, inúmeros, mas isto pouco importa, não precisamos deles para sobreviver, enquanto animais selvagens estes não geram provento econômico a raça humana. Inúmeros ambientes vegetais também foram dizimados, já que enquanto floresta ou terra inabitáveis aos humanos, têm pouca importância. Arvores, rios, terras pouco amigáveis ao animal humano, são, em si mesmas, desperdícios de recursos naturais sem geração de riqueza e desenvolvimento humano, portanto devem ser exploradas em prol das comunidades humanas ali existente.
Este visão mecanicista da natureza e por que não, antropocentrista, torna frágil qualquer discussão atual sobre o tema e, no mínimo, pobre em argumentos de ambos os lados. O debate agora se tornou ideológico, vejam só, direta x esquerda, mas sempre com o foco no poder humano sobre tudo. Não estamos preocupados com o planeta ou com a Amazônia, não estamos preocupados com outros animais, pouco nos importamos com árvores ou o resto da vida por aqui. Queremos saber se podemos sobreviver, nisto a tecnologia nos entorpece de saídas e nos fornece alívio. A ciência sempre nos salva.
Ora, quão rico de virtudes são os seres humanos, eles são sempre a resposta para todas as suas perguntas. São a verdade em si, tudo só existe mesmo dentro de sua ideia de universo, não é Descartes (René)?
Save the humans

Nenhum comentário:

Postar um comentário