Temos vividos tempos de debates intensos sobre o tal aquecimento
global, sobre o pulmão do mundo, a Amazônia, ferozes são os adeptos de ambos os
lados, que travam um debate intenso, com distorções de dados científicos para
todos os lados, mas todos focados na sobrevivência das futuras gerações humanas
sobre este planeta chamado Terra.
Desde os primórdios o Ser Humano teve uma relação, com a
fauna e flora do planeta, de muito respeito e convivência pacífica, pois sempre
se enxergou como parte do ecossistema e da natureza, tribos antigas
sempre tiveram uma relação de convivência harmônica colocando a preservação de
outros animais, assim como da flora, como algo importante para sua própria
sobrevivência. Percebemos isto em todos os estudos sobre sociedades antigas baseadas
em atividades de caçadores-coletores que exercemos durante milhares de
anos.
Isto ocorreu até a elevação do ser humano a potência de um
Deus, a partir do momento que nos enxergamos como criação principal de um único
Deus maior, criados a imagem e semelhança deste, nos tornamos importantes
demais para respeitarmos o que quer que seja neste universo. O que importa
agora é a sobrevivência dos filhos de Deus, pouco importa a vida de outros
seres vivos, tudo a nossa volta foi feito para nosso deleite, para nosso
desfrute, para nos servir.
Este nova imagem do mundo e do papel do Ser Humano nos trouxe
um novo mundo e mudou para sempre nossa espécie. Não só nossa relação com a
natureza mudou, mas principalmente nossas relações entre si, nosso “eu”, nossa sociedade e nossa concepção de mundo. Todo um novo mundo foi
descoberto e a soberba humana foi elevada a um grau jamais imaginado.
Nossa visão de que fazermos parte de algo maior acabou,
agora somos os donos.
Toda a nossa discussão sobre se existe ou não aquecimento
global, se devemos ou não preservar a Amazônia, parte de um único ponto
principal: a sobrevivência humana. Nada mais importa contanto que sobrevivamos.
Claro, somos os únicos donos deste mundo que foi criado unicamente para a vida
dos descendentes de Adão e Eva.
Esta visão permeia o debate global e não nos permite
entender como funciona todo o ecossistema terrestre, nem como esta visão se
torna míope e extremamente egoísta em relação a tudo que estamos fazendo com
nosso planeta.
A moral humana só existe enquanto o Homem é o centro, nada
mais importa.
Inúmeros seres vivos foram extintos nos últimos séculos, inúmeros,
mas isto pouco importa, não precisamos deles para sobreviver, enquanto animais
selvagens estes não geram provento econômico a raça humana. Inúmeros ambientes
vegetais também foram dizimados, já que enquanto floresta ou terra inabitáveis aos
humanos, têm pouca importância. Arvores, rios, terras pouco amigáveis ao animal
humano, são, em si mesmas, desperdícios de recursos naturais sem geração de
riqueza e desenvolvimento humano, portanto devem ser exploradas em prol das
comunidades humanas ali existente.
Este visão mecanicista da natureza e por que não, antropocentrista,
torna frágil qualquer discussão atual sobre o tema e, no mínimo, pobre em
argumentos de ambos os lados. O debate agora se tornou ideológico, vejam só, direta
x esquerda, mas sempre com o foco no poder humano sobre tudo. Não estamos
preocupados com o planeta ou com a Amazônia, não estamos preocupados com outros
animais, pouco nos importamos com árvores ou o resto da vida por aqui. Queremos
saber se podemos sobreviver, nisto a tecnologia nos entorpece de saídas e nos
fornece alívio. A ciência sempre nos salva.
Ora, quão rico de virtudes são os seres humanos, eles são
sempre a resposta para todas as suas perguntas. São a verdade em si, tudo só
existe mesmo dentro de sua ideia de universo, não é Descartes (René)?
Save the humans
Nenhum comentário:
Postar um comentário