terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tragédia no Rio de Janeiro – Vitória da natureza

Vamos inverter os papéis e tentar enxergar as coisas de um outro ângulo, o homem é um ser destrutivo, predador e egoísta. Digo egoísta porque nos achamos especiais e com o direito de devastar áreas naturais, derrubar árvores, matar animais silvestres e construir casas onde bem queremos.
Vendo algumas imagens da “tragédia” podemos perceber o quanto o homem é destruidor, boa parte da floresta de mata atlântica da região tinha sido ocupada, devastada e transformada apenas em mais um local de moradia para o animal humano, insaciável.
Percebe-se que áreas totalmente impróprias para construções foram utilizadas, locais de encostas e margens de rios, ou seja, destruição total da flora de uma área belíssima.
Devastamos milhares de árvores, de flores, poluimos rios, matamos peixes, caçamos animais, destruímos lugares de ricos ecossistemas e quando a natureza reage, somente pensamos em nós mesmo. É difícil nos julgarmos, não é?
Vidas foram perdidas, não estou sendo indiferente a elas, mas matamos inúmeras vidas quando povoamos aqueles locais, vidas de seres vivos que também tem o direito de viver, ou o ser humano é mais importante?
Jesus não tinha ideia disto, mas quando deixou na sua biografia (Bíblia) que fomos feitos a imagem e semelhança de Deus, criou uma espécie de praga para o planeta. Nos achamos tão especiais por causa disto que não temos vergonha de assumir que temos o direito sobre a terra, somos “inteligentes” e não podemos nos comparar com os outros seres vivos. Nossa, quanta pretensão.
Vamos agora viajar um pouco e imaginar que a fauna e flora também pudessem publicar jornais e filmar as barbaridades que fizemos com aqueles locais. Imaginem as imagens das árvores centenárias, de mais de 30 metros, sendo derrubadas para abrigar mais humanos, imaginem uma jibóia sendo esfaqueada por moradores locais orgulhosos de sua coragem por matar um animal tão perigoso e imaginem os peixes morrendo por falta de oxigénio nas águas poluídas por nossos dejetos.
Não estou me excluindo disto tudo, sei que vivo neste meio e que sou também responsável por esta destruição. No entanto não posso deixar de perceber algumas coisas e de ficar calado.
Vejo as imagens como uma vitória da natureza, como uma vitória da fauna e da flora local que agora terão mais espaço para continuar vivendo em harmonia.

3 comentários:

  1. Ao ver as imagens da tragédia, apesar do nó na garganta, não pude deixar de pensar que os homens de maneira geral, merecem uma reação da natureza. Contudo, não as vi como um triunfo da natureza e sim da estupidez humana. As imagens mostradas durante toda a semana passada são novas versões de imagens já vistas e lamentadas anteriormente (para não dizer todos os anos). No local onde uma casa caiu ano passado, construíram outra que caiu esse ano. Agora vai demorar um pouco mais para preencherem os vazios das casas destruídas com novas casas, mas, muito provavelmente, ano que vem haverá outro barraco no alto do morro que cairá com a chuva deixando mortos e desabrigados desavisados(desavisados?!). Culpa da defesa civil que retirou a moradora da casa destruída ano passado mas não avisou quem construiu sobre seus destroços? Creio que não. A natureza pode ter vencido uma batalha, entretanto, a guerra contra a humanidade está longe de ser vencida pois estamos dispostos a repetir os mesmos erros, ano após ano, mesmo que nos custe muitas vidas.

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  2. O discurso de Jesus não está ligado a arrogância, ignorância e egoísmo das pessoas. Até um ateu pode ser achar no direito de explorar inconsequentemente a terra.

    Tb não vejo como uma vitória da natureza, e sim como uma reclamação, um grito de socorro da natureza. Infelizmente as lágrimas do povo que sofre soam mais alto, pq é mais fácil a gente ser solidário com um ser humano, do que com um árvore centenária ou um animal.

    Agora concordo com a sua ideia de olharmos essas tragédias que vivem se repetindo em vários lugares por outro ângulo, que não devemos refletir só sobre as perdas de vidas humanas, mas as perdas da natureza.
    Toda vez que vou a Sampa, fico até com medo de chorar, pq uma lágrima inunda a cidade. Todos reclamam, todos se prejudicam, mas nem todos criam a consciência de que cada um precisa fazer sua parte pra que esses problemas sejam evitados, não jogar lixo nas ruas, por exemplo, evitando assim que os poucos bueiros fiquem entupidos e permitam que as águas transbordem.
    E sabe o que é mais triste disso tudo? É que essas histórias vão continuar se repetindo por muitos e muitos anos =(

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  3. Passados já mais de cinco anos e todos acertaram nas suas 'previsões':
    Encostas continuam desabando e levando moradias junto no Rio; alagamentos generalizados continuam atormentando São Paulo; a natureza continua gritando por socorro.

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