segunda-feira, 17 de maio de 2010

Encontros e desencontros

Tenho viajado muito nas ultimas semanas e venho amadurecendo algumas idéias e argumentos sobre o tema acima. Talvez eu venha a parecer muito comum em minhas palavras, porém me deu muita vontade de refletir novamente sobre a impressionante quantidade de situações inusitadas de encontros e desencontros que acontecem a cada segundos em nossas vidas.
Primeiramente gostaria de tratar do assunto puramente físico destes encontros. Tenho encontrado um numero razoavelmente grande de colegas e amigos há muito não vistos que me impressionaram nos últimos dias, pessoas que não via há anos e em situações bastante curiosas, num virar de esquinas ou num banheiro de festa, incrível! Isto me fez imaginar a quantidade de pessoas que também conheço que devem passar diante de mim uma centena de vezes sem que tenha percebido. Não tenho aqui nenhuma pretensão de parecer supersticioso ou místico em imaginar coisas como: “era para encontrar aquela pessoa” ou “Vocês se encontraram para trocar alguma energia ou coisa parecida”, ainda mais que não acredito nisto mesmo.
No entanto vou contar aqui a história mais esquisita acontecida comigo quando viajava pela Europa há muito tempo atrás. Cheguei de trem em Berlim, provavelmente em alguma data de julho de 1996, quando conheci um americano muito engraçado, viajava pelo mundo há mais de 1 ano e como mochileiro e viajando sozinho, também procurava algum lugar para dormir. Como tínhamos a mesma necessidade logo buscamos um albergue para aquela noite. Bom, ficamos amigos e passamos uns 3 dias conhecendo a cidade de Berlim, que por sinal é linda. Após este período resolvemos ir a Budapeste juntos. A maneira mais rápida de ir de trem de Berlim para Budapeste (Hungria) é passando pela República Tcheca que necessitava de visto para Brasileiros na época, os americanos não. Então o meu trajeto seria mais longo, por Munique e marcamos a hora de minha chegada em Budapeste para 2 dias após, no trem das 9 da manhã.
Bem, como um bom mochileiro acabei conhecendo 2 paulistas no trem para Munique, passamos a noite tocando pandeiro para um grupo de alemãs numa cabine. Formamos um grupo legal e decidimos mudar nossos roteiros para acompanhar uma chilena a Salzburg (Áustria). Achei que o americano iria entender, a vida às vezes nos mostra outro caminho e não gosto de seguir estritamente nada em minha vida. Então me perdi do mochileiro americano. Fiquei imaginado-o me esperando na estação de trem, mas não podia contatá-lo.
Após 120 dias viajando sozinho pela Europa voltei à Inglaterra para trabalhar onde fiquei mais 5 meses e em janeiro de 1997 resolvi conhecer o Egito. A cidade do Cairo é uma loucura, muita confusão, muito tráfego, muita gente para todo lado. Cheguei ao albergue umas 23 h da noite e imagina quem eu encontro na recepção indo embora? Ele mesmo, o americano de Berlim, aproximadamente 6 meses depois, foi difícil explicar a ele o acontecido, ele me esperou na estação por 2 horas, mas logo entendeu que caminhos são traçados e fechados o tempo todo, este imprevisto é o grande barato de viajar sozinho como mochileiro, assim como na vida também.
Por um instante, segundos, teríamos nos desencontrados novamente, que coisa!
Levando para um lado mais filosófico, queria analisar estes eventos numa amplitude de vida e caminhos traçados por todos nós. Ora, estes encontros podem abrir caminhos em nossas vidas assim como desencontros podem fechá-los. Gosto de imaginar novas oportunidades quando reencontro amigos ou também quando faço novos, pessoas são canalizadores ou pontes que nos ligam a novos rumos e conquistas. Nem todos temos a mesma percepção da realidade e quando conversamos com o próximo, devemos ficar atentos as suas experiências, elas podem nos levar a caminhos jamais imaginados.
Outra coisa importante a destacar é que quando viajamos aumentamos estas possibilidades, nossos canais sensoriais estão mais abertos e receptivos a novas experiências e isto nos ajuda a perceber coisas que normalmente nem passariam em nossas mentes ocupadas.
Pois é, só consigo encontrar benefícios nestas minhas andanças pelo mundo, tento mais não consigo encontrar argumentos contrários, alguém consegue?
Boa viagem amigos

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