Dando um pulo na continuação dos artigos sobre Zaratustra de Nietzsche, que voltam na semana que vem, gostaria de falar um pouco sobre uma palavra muito utilizada no meu ramo de trabalho, na economia, nas finanças e que tem tudo a haver com nossa própria vida, escolhas e liberdade. A palavra é Risco.
Vamos começar pela definição de risco para o mercado financeiro, prometo ser rápido: risco é a probabilidade de um determinado ativo ou acontecimento ocorrer ou não. E quanto maior for a distancia alcançada do alvo, maior o risco.
A vida não é exatamente assim? Não sabemos o que vai acontecer, não podemos determinar nada com 100% de grau de certeza. A imprevisibilidade é marca registrada em nossa existência, não sabemos quando começa nem quando termina esta.
A prova que o risco é inerente a tudo no universo, começa na determinação da matéria mais essencial, o átomo. Não é possível determinar a posição dos elétrons, os geradores de energia primária do universo. A probabilidade pode ser calculada, mas os riscos de imprevisibilidade estão lá e não podem ser 100% determinados. Que loucura, parece que tudo é relativo mesmo, e isto para mim é que é fascinante e maravilhoso. Tudo que é 100% determinado é monótono, chato e desestimulante.
Imaginem a vida determinada por destinos, como se tudo estivesse escrito. Sério, vamos analisar friamente: seria um tédio, seria muito chato imaginar que tudo está escrito e determinado a acontecer independentemente de sua vontade ou não. Volto a atacar a idéia de paraíso bíblico novamente, o paraíso onde todos são iguais e tem tudo que precisam, ora, isto também seria um tédio, o risco dos acontecimentos vem ao lado da necessidade que temos de querer mais, almejar mais, desejar mais, amar mais, etc.
Alguns têm medo deste risco todo; risco de amar, de desejar, de viajar, de morrer e de viver também, pois vida pressupõe coragem e riscos, muitos riscos que devemos nos defrontar.
Sem correr riscos não alcançamos nenhuma realização, não criamos nada para o mundo e nem para nós mesmos, não arriscamos, não sonhamos e não vivemos. Viver pressupõe correr riscos, e o risco é essencial à vida de qualquer ser vivo, aliás, a tudo que existe no universo. As mutações necessárias a evolução das espécies são determinadas justamente pelos riscos e complexidade da vida e da reprodução.
O ponto importante para mim é que o risco traz graça à vida, traz a responsabilidade dos acontecimentos, um pouco ao acaso, mesmo quando direcionamos nossas vidas não temos 100% de certeza dos eventos. Mesmo que tenhamos coragem de enfrentar os desafios e de realizar coisas, a imprevisibilidade traz um frio na barriga e ele nos mantém alertas.
A possibilidade de sair tudo errado e diferente do planejado existe, pode trazer alegrias e desapontamentos. Acho que não deveríamos ficar frustrados quando as coisas não saem como planejado, seria monótono também se todos os nossos sonhos se realizassem com facilidade ou da maneira que queremos. O risco faz toda a diferença de novo, ele nos traz para a realidade de que nem tudo depende de nós. O que seria a alegria sem a tristeza, o amor sem o ódio, o claro sem o escuro. O risco nos coloca os opostos. Todos vivenciamos os antônimos a todo o momento, não podemos determinar nossas experiências, nem nossos sentimentos.
Pois é, quanto maiores os riscos, maior será nossa ambição e consequentemente maiores os nossos sonhos. Isto mesmo, o risco de vida é proporcional ao tamanho dos nossos sonhos, sem riscos não há realizações.
É por isto que sempre digo, o paraíso é aqui e agora, não pode haver nada mais perfeito e fascinante que nossa existência. Não saber o que pode acontecer no próximo segundo nos deixa com uma vontade de viver o inesperado e o imprevisível, aquilo que ainda será escrito e que depende de nossas vontades e de nossas relações com o mundo. Viver o presente é viver os riscos e aceitá-los, quando aprendemos isto, vivemos com mais sabedoria e intensamente nossos momentos.
Quero viver com muito risco, please.
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