Nossa dita inteligência, na verdade, nada mais é que uma espécie de máquina de reconhecimento de padrões naturais, estes padrões, às vezes são até reais, mas, em sua maioria, são fruto da imaginação. Porque isto acontece? Tudo na vida tem uma função para existir, pela teoria da Seleção Natural, tudo que fica, seja comportamento ou diferenças físicas ficam porque ajudaram em algum momento estes indivíduos na sua adaptação ao meio, então se temos como padrão a criatividade de imaginar as coisas, esta deveria ter uma função para a espécie, não é? Qual seria?
De acordo com Shermer este padrão, há milhares de anos atrás, ajudou o homem a se proteger de ameaças, ao ouvir um barulho vindo da mata o homem poderia supor que seria um predador e seria melhor se prevenir “imaginando” o perigo que ser morto depois. Imaginar o perigo e fugir garantiu a sobrevivência. Começou assim a capacidade humana de não conseguir adequadamente distinguir a ficção da realidade. Portanto a convicção que o pensamento mágico e ilusório é o que basta para compreender o universo gera uma sensação de prazer. Ficamos felizes em imaginar seres místicos, sejam Deuses ou extraterrestres, que cuidam de nós. Em geral somos muito solitários e inseguros em relação a vida.
Brilhantemente os psicólogos modernos pararam de viajar em matéria de coisas sobrenaturais e explicações fora do campo científico, ou seja, sem comprovação científica (coloco muito dos estudos de Freud aqui) e passaram a estudar mais o cérebro humano, com a neurociência. Hoje já é possível provar a sensação de prazer quando se ativa as partes ligadas a imaginação, isto alivia os momentos de tensão quando enfrentamos estresse elevado, como nos casos de morte de parentes ou quando ficamos mais velho e próximos do fim. Somos mais abertos a religiões quando envelhecemos ou quando somos jovens, o apelo a Deus explica melhor a confrontação com a tragédia (morte em filosofia).
Shermer afirma que a religião empobrece o homem pois não há debates ou conhecimento em acreditar em algo que não se pode provar. Para ele a ciência alimenta o ceticismo e a busca para encontrar a verdade, com isto favorece o progresso humano. A ciência é democrática, qualquer um pode estudá-la. Cientistas estão sempre abertos à possibilidade de estarem errados, ao contrário da religião. A crendice é intolerante e ditadora, fixa uma verdade e não abre espaço para perguntas. Se continuássemos apenas nas crença é provável que ainda estivéssemos nas florestas.
Crer não é de todo mal, a crença, na verdade, move a ciência. Qualquer experimento nasce da premissa de que seja verdade, como ainda não foi provado, não passa de uma crendice. Mas a crença das verdades absolutas, como a religião, não fazem bem ao homem e são as grandes responsáveis pelas guerras e massacres durante a história humana.
Os países menos religiosos do mundo atualmente, são justamente os mais tranquilos e seguros para se viver. Os países do norte europeu tem apenas um quarto da população que acredita em Deuses ou seguem alguma religião, com isto tem índices de criminalidade, suicídios e de doenças sexualmente transmissíveis bem inferiores a outros países como Brasil e EUA. Levantamos assim outra questão, os defensores das religiões alegam que a crença controla os conflitos sociais, no entanto, se isto é verdade porque os estados teocráticos são mais suscetíveis a criminalidade e as guerras?
Muitos me perguntam porque tento combater as religiões. Na verdade acredito que esta crença faz mal ao homem e é perigosa. Acreditar na medicina alternativa é um exemplo, se os remédios homeopáticos são eficientes porque não passam nos testes de placebo? Na verdade podem sim fazer muito mal ao organismo já que não passam nos testes laboratoriais e no rigor das agencias reguladoras. Esta metáfora serve para demonstrar o perigo de se acreditar em qualquer coisa.
Quem tem que provar se Deus existe são os religiosos, já que afirmam que existe. O fato de não se provar que Deuses não existem não é motivo para acreditarmos neles. Não há diferença em acreditar em Deus, ou em Duendes, ou em fadas madrinhas, nenhum destes pode ser provado. Se realmente existe um Deus e este nos deu a capacidade para duvidá-lo então devemos fazer isto o tempo todo, ele com certeza não deixou nenhum caminho a seguir na terra, cada um de nós deve escolhê-lo.
Prefiro viver com minhas escolhas que com as dos outros, como fazem os religiosos. Façam a sua, mas, ao menos, utilizem a maior capacidade humana: a de buscar a verdade das coisas ou seja, a curiosidade.
Como em tudo na vida, acho que também cabe a moderação no "uso" da crença. Concordo que as religiões podem ser limitantes e perigosas quando os homens param de questionar. Contudo, a crença, vinculada ou não à religião, pode ser simplesmente bela e reconfortante. Assisti dois filmes recentemente que tratam do acreditar, "O Primeiro Mentiroso" e " A vida de Pi", e fizeram-me pensar sobre o assunto. No primeiro filme, o personagem principal conta a primeira mentira do mundo para a mãe moribunda e apavorada diante do vazio da morte. Ao contar-lhe que após a morte ela ficaria novamente jovem e reencontraria pessoas queridas, entre outras coisas boas, a senhora morreu tranquila e feliz. No segundo filme,um dos questionamentos é justamente "já que o sofrimento é inevitável, por que não acreditar na versão mais amena da vida?". Sou contra os fanatismos de qualquer espécie mas não consigo ser contra às crenças que fazem bem e trazem conforto às pessoas que precisam disto, mesmo que eu não consiga crer.
ResponderExcluirNão acredito que exista funcionalidade neste tipo de crença além do conforto emocional e continuo afirmando que os seres humanos já evoluíram além do alcance da seleção natural.
Este assunto é uma premissa inseparável da mente humana.
ResponderExcluirNão é possível viver sem crer!
Hoje a crença já não é uma exclusividade do pensamento religioso.
como foi afirmado no texto, toda hipótese científica se inicia na crença. após ser testada a conclusão afirma ou nega, prova a favor ou contra.
mas esta prova é possivel no campo físico.
E quando a crença, ou hipotese de realidade de algo ou alguem vai pro ambito Meta-físico? Provar aqui é muito complicado, diria até impossível. Pois uma conquista científica irrefutável se da através do apoio da matemática aplicada a realidade. Conforme o metodo de Descartes.
Sendo assim cientificamente a grande questão filosófica continua ai para desverdarmos. De onde viemos?
Passando pela Arque pré-socratica, ensinos da biblia enquanto ao Eden e indo até o BigBang. Pessoalmente considero crente extremo aquele que se diz filho do acaso. Pois TUDO surgir do NADA é uma conclusão impossível de ser sustentada. Aqui este ateu é mais fanático do que qualquer religioso atual. pois logicamente falando este argumento é contraditório.
Para concluir afirmo que já vivi dois lados, estudar a biblia é mais dificil do que o saudoso assasino de Deus Fred Nietche.
Com cristo minhas concepções são mais claras e reais do que sem ele. Mas provar a Deus é uma experiência pessoal e não pode ser alcançada coletivamente.
Basta a cada um experimentar cada lado e se decidir por onda andar.