quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Para que discutir ideias?

Discutir ideias é chato mesmo, engraçado como vivemos numa era sem identidade, aliás, com uma identidade bem esquisita. Parece que todos estamos num cruzeiro de diversão total, droga, sexo e axé, para que sair deste navio? Ninguém mais tem saco para aprender, parece que ler, estudar, desenvolver ideias e argumentos são coisas sem sentido no mundo de diversão total em que vivemos. A ilusão é mais prazerosa, para que ficar discutindo o sexo dos anjos, vamos viver tudo que a vida pode proporcionar. Melhor fecharmos os olhos e nos embriagarmos de prazer.
Uma vez li um ditado que dizia:
“Pessoas fúteis falam sobre pessoas
Pessoas normais falam sobre coisas
Pessoas inteligentes falam sobre ideias”
Porém quem tem paciência para discutir sobre ideias? O mundo está impaciente, vejo até um lado positivo nisto, nos esquecemos do paraíso e estamos vivendo o presente, o paraíso é agora, frase com a cara de Nietzsche.  Mas espera, vamos colocar um ponto ai.
Viver por viver, não é viver uma escolhida por você. Viver sem analisar o mundo a nossa volta é viver uma vida imposta, uma vida cultural lhe presenteada pela moral social na qual estamos inseridos, é viver totalmente na ilusão da vontade coletiva. Representação do mundo da vontade coletiva cultural e não individual, não foi desenvolvida por você. Estamos apenas surfando nela.
Outro problema da ilusão coletiva é que esta felicidade é proporcionada pelo ambiente externo, já discutimos isto aqui anteriormente, mas volto a deixar algumas perguntas no ar: será que a felicidade mais importante é aquela que parte de dentro de nós ou do mundo exterior? Estamos realmente felizes que o que nos tornamos? Alguém ainda se faz esta pergunta?
É bem mais fácil viver assim, não acham? Não precisamos argumentar nada, discutir coisas abstratas e nem questionar em porque as pessoas e o mundo são como são. Ainda mais que quando fazemos isto estamos sendo chatos, não é? Quem gosta daquele cara que tá sempre analisando tudo e apontando os rumos errados que tomamos. Que cara chato.
Como gosto demais de debater ideias, sou o cara mais chato de mundo, engraçado como a cada dia me acho mais chato mesmo, a sociedade está me convencendo a ser mais um na orgia de prazer que vivemos. O pior é que Schopenhauer, Nietzsche e John Gray concordariam com todos e já os vejo dizendo: Carlos é chato para caramba, kkkkkkkk.
Acho que nem 8 nem 80, a vida deve ser vivida pelo momentos e eles são criados culturalmente pela moral vigente, então não podemos ir contra isto. Mas sempre que possível deveríamos avaliar o rumo que estamos tomando, muitas vezes não é o rumo escolhido por nós, e nem a meta que trará alguma felicidade duradoura. Continuo afirmando que a felicidade deve vir de dentro e não de algo prazeroso vindo de fora do “Ser”, haja filosofia:
Ninguém no mundo nos fará mais felizes que nós mesmos
Bem, já fui chato demais, vamos tomar uma cambada.

Um comentário:

  1. Viver o momento com intensidade e deixar-se levar pela "onda" social é prazeroso, mas acredito que o verdadeiro prazer está em saber exatamente o que se está fazendo e buscando em cada momento. Questionar-se quanto aos próprios prazeres e vontades, conhecer-se antes de tudo pode trazer maiores prazeres do que aquele que segue o cardume por não enxergar outro caminho.
    O homem é um animal questionador e inquieto em sua essência,mas, de fato, algo se perdeu no passar dos séculos e o prazer, sobretudo o imediato, passou a ditar as atitudes e direcionar as vidas humanas. Nada contra o prazer, muito pelo contrário, apenas sou a favor do auto-conhecimento, dos questionamentos e das escolhas conscientes. Apenas os seres irracionais seguem seus semelhantes simplesmente para não ficar sós. Chatos são os que não debatem e não questionam, e aquele que busca a felicidade no outro será um eterno infeliz.

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