Há algum tempo tenho me defrontado com uma questão emblemática: a separação entre corpo e mente. Aceitar esta separação seria acreditar que a mente provem de outras substancias que não a material e talvez induzir a aceitação da alma.
Há 2 anos me defrontei com alguns estudos sobre Filosofia da Linguagem (matéria acadêmica do ensino de filosofia), li textos que reviraram um pouco este conceito e que me serviram de base para começar a questionar esta máxima, de que a mente e o corpo são objetos de estudos diferentes.
Sempre me pareceu lógico que o pensamento não poderia ter a mesma substancia do corpo, Descartes descreveu muito bem isto: a consciência da existência vem da mente, portanto não existe vida sem pensamento. O corpo seria material, seguiria as leis da natureza enquanto a mente não é espacial e a imaginação não seguiria nenhuma regra natural.
O principio básico desta teoria é a inteligência, como temos a capacidade de refletir antes de agir, então nossa mente não seguiria nenhum comportamento a priori, seria exatamente nossa alma falando para si mesma. Este ponto é fundamental neste estudo, pois coloca nosso pensamento em modo privado, se pensamos de forma individual então o pensamento não pode vir de algo coletivo como o comportamento, por exemplo.
Recentemente me foi disponibilizado alguns textos de B.F.Skinner (Behaviorismo Radical) e de Gilbert Ryle (Filosofia Analítica) onde ambos tentar demonstrar os erros cometidos por Descartes e o senso comum sobre a mente. Para Ryle um pensamento inteligente não antecede reflexão ou reconhecimento de regras ou críticas, como prevê o senso comum, e sim uma disposição de agir desta forma devido à atualização inteligente de experiências passadas. Ser inteligente não é agir de forma inteligente uma única vez, é manifestar determinada atualização quando esta sofrer mudanças em um contexto experimentado no passado. Ser inteligente seria apenas comportar-se de forma diferenciada em determinada situação. Outro ponto importante de Ryle é defender a idéia de que o pensamento, por ser comportamento, não pode compreender as coisas em sua totalidade nem descobrir verdades, tudo seria sempre parcial.
Vamos analisar bem o que acabei de escrever, nosso pensamento e nosso conhecimento do mundo, das coisas e de nossas habilidades são apenas formas de comportamento que podem ser previsíveis e estudadas. Pronto, Carlos está mesmo tentando destruir qualquer resquício de divino em nossa existência; calma, meus amigos, estou apenas, como sempre, tentando mostrar que nosso senso comum pode nos enganar e que nossa individualidade, na verdade, pode não existir e que fomos treinados e educados para nos comportarmos desta forma e termos este comportamento sobre nossas ações.
Nas teorias da Filosofia da Linguagem me foi demonstrado que até nosso pensamento é fruto de nossa forma de comunicação e de expressão. Sem a necessidade de nos comunicarmos com os outros, nem haveria pensamento. O Homo Sapiens adquiriu esta forma inteligente de se expressar justamente quando sentiu a necessidade de se comunicar de forma mais precisa. Estou afirmando que nosso pensamento deriva de uma linguagem aprendida que é fundamental para a sobrevivência da espécie e que é perfeitamente compreendida pelo nosso comportamento das mais diversas ações humanas.
É difícil compreender isto, também para mim é complicado admitir isto, mas fica cada vez mais claro para mim que a mente não cria nada, ela analisa as coisas de acordo com a experiência e com a linguagem adquirida. Inteligência seria então uma disposição para comportarmos de determinada maneira em uma dada circunstância.
Este homem sem mente autônoma demonstrado acima, é um ser ainda mais animal, um ser sem alma totalmente vinculado ao meio externo. Um ser sem individualidade. Desculpem novamente os psicólogos, parece que estou tentando destruir seu campo de estudo, não é isto, estou apenas apresentando outro caminho, me parece que a verdade não está na mente e que nossos problemas mentais são, na verdade, comportamentais. A mente perde com isto importância mas a interpretação do comportamento humano, não.
Nossa individualidade está justamente na forma peculiar de cada um, em se comportar diferentemente dada cada ação ou evento. Apesar de tudo ser comportamento, podemos apenas ter a probabilidade de determinar a ação humana. O fascínio disto tudo foi, é, e continua a ser, a total imprevisibilidade da natureza em praticamente tudo que estudamos. Parece mesmo que alguma coisa, às vezes, precisa andar fora do caminho para as coisas caminharem e se desenvolverem, inclusive em nossa forma de pensar e de agir.
Apesar de certa frustração de admitir e de relatar, mais uma vez, que tudo no universo pode ser demonstrado, estudado e provado sem ter que recorrer ao absoluto; continuo acreditando que a imprevisibilidade dos eventos é que torna o futuro fascinante e dá graça e alegria a nossa existência. Lembram do artigo sobre correr riscos (http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/11/com-muito-risco-please.html).
Apesar de cada vez mais me sentir um animal como outro qualquer, continuo a viver buscando correr o maior numero de situações de risco possíveis, pois acredito que, neste momento, estou me diferenciando e ajudando a natureza a encontrar outras formas de se desenvolver.
Novamente... com muito risco, please!
Obs: não estou esgotando o tema com este texto, viram outros, este assunto é muito legal e fundamental. É realmente incrível como a cada dia apredemos algo novo, esta falta de limites é mesmo estimulante e perfeita. E lá vai o peixinho doido novamente, rs.
História: liga criada em 1780, por Henriette Herz na Alemanha com o propósito da virtude e produto das idéias iluministas, pregava a igualdade de todos os seres humanos. Era um local onde intelectuais se reuniam uma vez por semana para falar sobre Deus, política e sobre seus sentimentos. Re-criada em 13 de março de 2009 em Salvador, Brasil, para a expressão livre de pensamento baseada na razão.
Cientistas alegam ser a mente fruto da atividade cerebral,sem, no entanto,excluir a individualidade do homem em sua forma de pensar. A neurociência descobriu que,em resposta às experiências e ao aprendizado, novas conexões sinápticas são formadas e o cérebro é remodelado,sendo, assim, remodelado também o comportamento.
ResponderExcluirOs meios de comunicação entre o meio externo e nosso cérebro são os sentidos(visão,tato,olfato,paladar) captados através dos órgãos específicos.Cientistas defendem que, apesar de sermos da mesma espécie e darmos o mesmo nome a determinada sensação,cada indivíduo cápta de uma forma e, provavelmente,nunca saberemos como o outro está percebendo aquilo que sentimos.Coloca-se, também, que a constante interação entre o meio externo e o meio interno (cérebro) é que determina nossas experiências.Desta forma, indivíduos que passam por uma mesma experiência de vida, provavelmente, vivenciam suas experiências de forma diferente, gerando novas conexões cerebrais de maneira diferenciada e sofrendo diferentes transformações comportamentais.Além disso, sabe-se que mesmo que uma pessoa estude muito e multiplique suas conexões cerebrais através da experiência, esse legado não é passado para seus filhos.Sendo assim, já que o pensamento e a inteligência tem origens comportamentais, o comportamento tem origem nas experiências e no aprendizado, e estes são vivenciados de maneira bem particular por cada indivíduo, então cabe a cada ser humano seu pensamento próprio e sua inteligência individual. Concordo que o homem é totalmente vinculado ao meio externo, mas a atividade das células cerebrais cria um universo interno que percebe, interpreta, analisa e modifica os meios tanto externo como interno de maneira peculiar para cada um.E a essa habilidade de adaptar o meio e se auto adaptar pode ser atribuído o nome de inteligência.A inteligência ainda não é um conceito consensual e há discussões vigentes sobre a existência de diferentes tipos de inteligência (inteligências múltiplas), não cabendo a definição de uma mera disposição comportamental, estando suas definições mais próximas da idéia de habilidade (habilidade matemática,empresarial,criativa - sim criativa!).
Quanto à capacidade da mente criar, a própria língua, com suas regras e formas de expressão (oral e escrita) não foi uma criação humana? Mesmo que a comunicação já existisse entre todos ou quase todos os animais, a língua em toda sua complexidade teve que ser criada por mentes humanas.
Assim, acredito que apesar da forte influência do meio e da possível ausência de alma, há individualidade no pensar, existe capacidade criativa e subjetividade além do físico.O conceito de pensamento abstrato, inclusive, pode ser encontrado no meio científico, além disso, a mente é colocada como algo ainda não compreendido pela ciência.
A comunicação e a inteligência são observados em outros animais, a exemplo dos golfinhos.O que teria nos diferenciado no desenvolvimento intelectual foram as mudanças drásticas sofridas pelo nosso meio ambiente, em escala muito maior do que as sofridas pelo meio deles.Dessa forma,os homens precisaram desenvolver maior capacidade adaptativa para sobreviver, desenvolvendo fisica e funcionalmente seus cérebros.O homem,então, criando alternativas para sobreviver, desenvolveu sua inteligência singular na natureza, e hoje, cada indivíduo desenvolve sua maneira de sobreviver na sociedade, desenvolvendo sua inteligência a partir de suas experiências e aprendizados particulares.