segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Educação como um mal a individualidade humana

Devemos sempre ter uma posição critica sobre as coisas que ouvimos e que nos são transmitidas pela sociedade, pelos amigos e familiares e pela mídia em geral, ou seja, por algo externo a nós. Somos aquilo que percebemos do mundo, portanto grande parte do nosso “eu” nos é transferido pela nossa cultura. Precisamos ter nossa visão crítica das coisas que vem de fora a nossa consciência para que, ai sim, tenhamos um visão individual, se possível, dos diversos assuntos e questões que vivenciamos. Este é a principal proposito do blog.
Para isto proponho, agora, criticar e debater algo que ninguém questiona: a educação. Vamos analisar os aspectos que podem transformar esta palavra tão benigna em maligna, dependendo do ponto de vista. Este processo de analise mais profunda das coisas e das ideias chamamos de filosofia, e, portanto, neste caso, iremos avaliar a Filosofia da Educação.
O que é educar? Vamos à definição descrita na Wikipédia: “É um fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas, responsável pela sua manutenção e perpetuação a partir da transposição, às gerações que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade. Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. Nesse sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se resume a estes”.
A Educação é a palavra mais utilizada atualmente para descrever o progresso humano e sua aplicabilidade é a principal causa de desenvolvimento econômico e social em qualquer parte do globo que a busque e que tenha sucesso em sua disseminação na sociedade. Não se pode excluir sua efetividade na produção de riqueza de uma comunidade, nação e sociedade. Isto acontece porque quando educamos a população, incluímos estes nos meios produtivos e transformamos aquele cidadão em alguém capaz de produzir e consumir riqueza.
Dito isto como podemos atacar a educação e ainda, de acordo com o proposto na introdução, enxergar algo de maligno nela.
Educar é socializar, é manter e perpetuar os modos culturais vigentes, é transformar o indivíduo em alguém ajustado à determinada sociedade. Quando o sistema educa alguém ele transforma o “eu”, o interior, a consciência e o inconsciente de cada cidadão, injetando-o cultura e moldando a forma e a maneira que enxergar-se o mundo. Educar é moldar culturalmente.
Quando educamos os índios, destruímos sua cultura, transformamos aqueles indivíduos em pessoas capazes de viver socialmente conosco, assim moldamos eles a nossa cultura e os dominamos na sua formar de pensar. Pensamos de acordo com a linguagem adquirida em nosso processo educacional, processamos as informações da maneira como fomos educados. Temos diversos exemplos, a forma de pensar numa sociedade asiática não é a mesma forma de uma mulçumana, e bem diferente dos países colonizados pela religião cristã.
O ponto fundamental nesta discussão é a perda da individualidade quando educamos em massa determinado grupo ou nação. Ganhamos em produção de riqueza nas perdemos a genialidade individual, a criatividade e a produção de ideias. Onde estão as teorias brilhantes produzidas no iluminismo? Onde estão os maravilhosos filósofos do século XIX? Criamos uma sociedade de iguais, de meros produtos de consumo, a preocupação de todos os governos mundiais é apenas nos transformar em máquinas de riqueza. Onde ficou a busca da individualidade humana? Onde ficou a busca da felicidade das pessoas?
Já discutirmos anteriormente aqui no blog sobre os aspectos da felicidade humana e num destes textos afirmamos que as sociedades antigas tinham maior grau de vida ociosa e portanto as pessoas tinham mais tempo para a convivência social e individual. O trabalho em excesso, nos afasta de nós mesmo. Enquanto nossos antepassados só trabalhavam quando tinham fome, hoje passamos a maior parte de nossas vidas trabalhando para acumular coisas que não precisamos, bens desnecessários que tornam-se imprescindíveis após determinada obra de marketing. Mas este não é o ponto deste texto, voltemos a ele.
Educar é moldar o pensamento individual em pensamento coletivo, é nos afastar de nós mesmos. Não estudamos o que queremos, somos obrigados a seguir determinado conteúdo, em geral, matérias especificas de domínio cultural e religioso também. O aspecto religioso não pode ser desprezado. A religião nos molda assim como a educação, pensamos todos de mesma forma, nos tornamos peças de fácil manipulação cultural. Nosso processo educacional é totalmente controlado pelo estado e dependendo de sua ideologia, balançamos de um lado para o outro como marionetes. Não escolhemos o que estudamos, recebemos um pacote completo e pior, feito para nos moldar ao sistema vigente. Não somos mais seres pensantes, somos máquinas programadas para produzir riqueza.
Realmente não sei qual o caminho a seguir, acho que as ciências exatas tem um grau baixíssimo de dominação, enquanto nas ciências humanas este índice é altíssimo. Devemos é observar a forma como somos educados e evangelizados, pois não podemos perder nossa individualidade. A humanidade sempre mostrou alto grau de criatividade e perspicácia quando foi exigida. Enxergo hoje um mundo apático e de um só rumo, não existem ideias divergentes, nos acomodamos na busca pelo ter e nos esquecemos de quem somos.
Temos que transformar nosso processo educacional, precisamos desenvolver a massa critica dos seres humanos e não permitir que nos transformem em meras máquinas de produção.

2 comentários:

  1. Acredito que tenha generalizado a educação em seu texto. Não entendo como pode dizer que ela tenha algo de maligno e que nos permite perder a nossa individualidade.Tudo depende da forma como a instituição ou educador utiliza este conceito, não podemos confundir educação com a não liberdade de expressão. É importante diferenciarmos a educação imposta da educação construída...pronto, acho que cheguei no ponto queria: Tenho um filho que estuda em uma escola onde o método utilizado é o construtivista, talvez seja uma solução para os problemas...já que seu conceito é “ a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento." Maligno é não ter educação de boa qualidade, como crianças de escolas públicas, que vão apenas na intenção de se alimentar e passam o dia que professores mal remunerados que não tem preparo suficiente para lidar com a situação tão delicada !!
    Até hoje não conheci uma mente brilhante que não tenha tido uma excelente educação, até mesmo os Iluministas e filósofos citados, passam por processos de educacionais importantes, a exemplo de Newton, que estudou no Trinity College de Cambridge, e graduou-se em 1665... tornou-se professor de matemática em Cambridge (1669) e entrou para a Royal Society (1672) entre outros Adam Smith que passou pela Universidade de Glasgow... entrou para o Balliol College da Universidade de Oxford...será que estes caras não tiveram processos rígidos de educação? A grande diferença é que naquele tempo não existia essa liberdade de expressão que temos hoje...
    ...outra coisa frase do texto “Educar é moldar o pensamento individual em pensamento coletivo, é nos afastar de nós mesmos” apesar de linda é cheia de problema, kkkk, pois a depender do educador nos afastarmos ou não de nós mesmos. Bom acho que é isso, para terminar, mal lhe pergunte: o que a educação te fez, hein?

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  2. Bem observado Fernanda, primeiramente gostaria de dizer que quando escrevemos sobre algo devemos por nossa alma naquilo, acho que isto assusta um pouco as pessoas e sempre tentam me perguntar porque fui tão enfático. Não sou contra a educação, ela é importante na nossa formação, todavia não vejo mais aquela educação que estimula o ser, vejo apenas educação como criadora de produção de riqueza sem qualquer vinculo com a massa crítica que tínhamos anteriormente. Mas este não é o ponto. Qualquer forma de educação aliena, educação pressupõe socializar e isto é moldar o indivíduo, não tem jeito, podemos fazer isto de uma forma adequada, estimulando a individualidade de cada um cada ou apenas pensando em moldar aquele ser para que ele seja produtivo economicamente no futuro. Olha para a educação no mundo e verá que a educação foi tomada pelo sistema, foi transformada em laboratório de produção em série de máquinas especializadas em gerar riqueza. Pobre mundo que vivemos.

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