quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Triste do povo que precisa de um salvador

Quando analisa-se os aspectos que tornaram os países latino subdesenvolvidos percebe-se um erro histórico ao afirmar que foi decorrente ao tipo de colonização exploratória que ensinam no ensino médio. Na verdade a causa é outra, mais profunda e enraizada na cultura até os dias atuais.

Os países colonizados pelos ingleses tem nível de desenvolvimento superior nos aspectos econômicos e sociais (IDH - Indice de Desenvolvimento Humano) que os países colonizados pelos portugueses e espanhóis. E as causas remotam justamente destas sociedades nos séculos XV e XVI.

A sociedade portuguesa e espanhola do século XV caracteriza-se, sobretudo, por uma forte estratificação social. A divisão da sociedade em ordens, cujo topo era ocupado pela nobreza. A diferença de estatuto social era também uma diferença no estatuto jurídico. Os nobres gozavam então de inumeráveis prerrogativas possíveis pela sua posição no topo da hierarquia. Eram os detentores dos cargos públicos mais importantes. Relativamente aos encargos fiscais também saíam beneficiados em comparação com os restantes estratos sociais. Ou seja, era uma sociedade onde basicamente o estado induzia a economia, as relações sociais, e a ordem vigente.

Bem diferente da sociedade inglesa que a esta altura já pregava a liberdade individual como valor maior, a própria monarquia na época teve que ceder poder aos comerciante e mercadores por conta de se manter no poder, pois foi duramente atacada no século XVI e quase perdeu seu poder politico. A Inglaterra, portanto, vivia e pregava a liberdade, seja nos valores (se separou da igreja católica), seja nas relações econômicas e sociais.

Portanto esta necessidade que o Brasil e os países latinos tem de um "Salvador" é impressionante e totalmente derivada de nossos colonizadores. Em geral, os indivíduos destes países, não tem livre iniciativa, vivem por uma ajuda governamental (de algum salvador) e consequentemente não param de reclamar dele. Passam suas vidas como coitados e abandonados. Bem diferentes dos países colonizados pelos ingleses, onde o sucesso e o fracasso depende de cada um. É justamente por isto que a eleição presidencial vira uma distribuição de favores, uma propaganda inútil e desnecessária de quem dá mais.

A Inglaterra e suas colônias (EUA, Austrália, Canadá, Hong Kong que foram colonizadas, como o Brasil e não conquistadas como a África e Índia) já demostraram que o desenvolvimento social se dá pelo estimulo pessoal do sucesso. Não existe outra formula, pelo menos que tenha dado certo até hoje. Quando percebemos que nosso esforço pessoal é recompensado, com um mercado livre, poucos impostos, ou seja, num ambiente propício ao empreendedorismo, é que o desenvolvimento humano, social e econômico prospera gerando riqueza a sua volta. Nestas sociedades a escolha individual de onde gastar seu dinheiro é mais importante que dar ao estado para ele decidir.

Triste de um país onde a discussão central se dá ao aumento dos gastos públicos e de suas benesses, num apadrinhamento estatal sem controle, onde tira-se dos cidadãos, através dos impostos, para ajudar os amigos do rei ou para aqueles que o mantem lá, através do voto.

Triste de um país que clama por mais serviços públicos, por mais ajuda de um salvador. Claro que o estado deve procurar assistir aos desamparados, neste caso estamos falando de pessoas que não conseguem prover seu sustento, mesmo se quisessem. Porém não é isto que vemos nos programas sociais, nem nas propagandas políticas.

Continuamos a discutir os assuntos errados e a caminhar numa rota fadada ao fracasso, como fazemos há 500 anos e que nossos vizinhos latinos também não conseguem voltar.

Triste a situação dos países latinos e do Brasil que precisam tanto de um salvador.