terça-feira, 31 de maio de 2011

Como surgiu o universo?

Com base no livro “Do Big Bang ao universo eterno”, farei um resumo com comentários sobre um tema bastante importante do ponto de vista da ciência, da filosofia e da religião.
Primeiramente gostaria de escrever um pouco sobre a filosofia da ciência ou o estudo e base desta forma de pensamento. Na verdade ao contrário do que muitos pensam, afirmo: A ciência não busca verdades absolutas, ela jamais descobrirá algo universal e que possa ser descrito como definitivo. E sabe por quê? Por que a ciência utiliza a observação e a indução como base de seu conhecimento. Um argumento indutivo não pode conclusivo e, portanto verdadeiro do ponto de vista lógico.
Vou explicar melhor:

Observei um corvo preto
Observei novamente um corvo preto
Observei mais 10 mil corvos, todos pretos.
Mesmo assim não posso afirmar que todos os corvos do universo serão pretos

Por isto as ditas “verdades científicas” são na verdade teorias cientificas, pois a qualquer momento podem ser negadas e falsificadas. Mas é justamente ai que encontramos a maravilha da ciência, todo conhecimento pode ser falsificável e, portanto questionável, com isto ao longo dos séculos as teorias se tornaram cada vez mais fortes, prevendo e descrevendo, cada vez mais precisamente, a realidade dos eventos naturais. Quando a dita verdade é coloca a prova ela pode ser falsificada com o aumento dos testes ou fortalecida com o grau de previsibilidade de seus argumentos.
Com este breve introdução da filosofia da ciência (se gostaram, tenho um livro somente descrevendo a filosofia por traz da ciência, é muito interessante e revelador, posso me aprofundar mais neste tema num outro artigo) vamos continuar com o tema proposto. De acordo com o autor a origem do universo através de uma explosão não explica sua origem apenas uma fase de sua história. O Big Bang não explica, por exemplo, se houve uma fase colapsante anterior, o que teria colapsado e por quê? O livro descreve como é a teoria do Big Bang, traz suas fragilidades e demonstra que existem outras possibilidades para o inicio de tudo.
Estas questões trouxeram a discussão atualmente não mais para um universo iniciado há 15 bilhões de anos e sim para um universo dinâmico, e incrível: eterno. Eterno sim, as novas teorias cientificas baseadas na cosmologia, estão mostrando que nosso universo, na verdade, nunca teve um começou, e, sim, sempre existiu, com fases de expansão e contração.
A aceitação geral para mais de 30 anos do Big Bang foi sua fácil explicação dos eventos observáveis e de grande aceitação da religião, pois explicava de forma bastante precisa as escrituras sagradas da Bíblia. Esta junção de concordância cegou os cientistas por mais de 30 anos e que agora começaram a perceber que logicamente o Big Bang não pode ser explicável, existem várias contradições de um começo com massa infinita de acordo com as teorias atuais.
Que fantástica é a ciência, como é bom viver num universo sem verdades absolutas, sem determinismo e sem regras pré-estabelecidas. O barato de tudo isto não é descobrir nenhuma verdade e sim nos deslumbrarmos a cada descoberta e de percebermos que as possibilidades são infinitas e mutáveis. Que delícia é a procura. Buscar é mais importante que descobrir, não acham?
Um Universo eterno, já tinha pensado nisto antes?
Boa busca para você também.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Verdades Absolutas

Acho interessante republicarmos alguns artigos do passado, pois as vezes os assuntos necessitam de mais profundidade ou reflexão. Publiquei este texto em dezembro de 2009 e como Marcela trouxe este tema novamente, resolvi continuar a discussão, apenas uma ressalva, acho que estava de mal humor quando escrevi, o que acham?

Publicado em Dez/2009:
Hoje vou escrever sobre algo que me atormenta há 1 semana. Aprendi que escrever é uma forma de aliviar as tensões e de refletir sobre as coisas que nos afligem no dia-dia.
Na semana passada tive uma briga com uma grande amiga e isto nunca é bom, discutimos sobre nós mesmos, nada de filosofia ou assuntos polêmicos, mas o que me afetou foi a forma com que ela terminou a discussão simplesmente dizendo para eu ficar com minhas verdades absolutas.
Verdades absolutas? Logo Eu. Gostaria, então, de falar um pouco sobre isto e tentar me defender desta acusação. Verdades absolutas dependem de algo absoluto. Acreditar em um criador ou Deus ou algo maior é sim acreditar em verdades absolutas. Ora, se existe um Deus existe alguma verdade ou razão para tudo isto existir, neste caso pessoas que acreditam em Deus devem necessariamente acreditar em verdades absolutas. Sendo assim, por favor, quem tem fé em Deus ou em algo absoluto e me diz que verdades absolutas não existem não está sendo coerente e fiel a suas idéias.
Pois é, eu não acredito em Deus, nem em algo maior, nem em nada absoluto, me considero agnóstico, portanto somente acredito naquilo que posso provar, ou seja, em mim mesmo, em minha própria existência. Como posso acreditar em verdades absolutas? Ou ainda mais, como posso ter verdades absolutas?
Depois de me analisar e de reler alguns de meus textos anteriores no blog comecei a perceber algumas afirmações que poderiam dar margem a interpretações errôneas por parte dos leitores, principalmente daqueles que não me conhecem muito.
Se vocês perceberem nestas leituras vão compreender que vários textos são contraditórios entre si, ou seja, afirmações feitas em alguns são rebatidas em outros. Comecei então a perceber que é justamente minha forma afirmativa de escrever que poderia sugerir tal interpretação.
Vamos discorrer um pouco sobre esta forma de escrever. Sou estudante de filosofia e, portanto, minha forma de escrever traz alguns traquejos de textos filosóficos e também científicos que adoro. Filosofia é uma ciência e como tal precisa estabelecer alguns elementos essenciais da ciência, que são teses, teorias, provas, experiências, observação, etc. Todos os filósofos e cientistas publicam suas obras de forma afirmativa, pois querem provar algo e para isto afirmavam suas idéias como verdades. Foi assim que o conhecimento humano se dissipou e evoluiu.
Apenas quando somos bastante afirmativos em nossas idéias é que despertamos o interesse da contradição. Engraçado, mas é assim mesmo que a filosofia, o conhecimento humano e a ciência evoluíram. A discordância entre as idéias desenvolveu e aprofundou o conhecimento, os debatedores defendiam suas idéias, não a mudaram através destes debates, porém a exposição destas, as fizeram serem postas a prova da contradição e assim as fortaleceram.
Vejam como exemplo: se colocássemos duas pessoas para debater sobre o governo Lula, uma petista e outra do PSDB teríamos um debate acalorado, e bastante rico em argumentos, provavelmente nenhum dos 2 mudaria suas idéias, mas alguém que estivesse assistindo ou lendo este debate poderia tirar várias conclusões e opiniões sobre isto. Ao contrário se tivéssemos um debate morno com pessoas, digamos “equilibradas”, com opiniões muito pautadas, não teríamos divergências ou diferenças exarcerbadas de idéias. O que quero dizer é que os extremos são importantes no estabelecimento e desenvolvimento do conhecimento humano.
Todos os grandes pensadores, filósofos e cientistas na história humana foram bastante afirmativos em suas idéias, as defenderam com unhas e dentes e eram também presunçosos, orgulhosos e arrogantes. Com isto, despertaram outras idéias e opiniões e ajudaram, cada um de sua forma, ao desenvolvimento do conhecimento humano. Como exemplo temos Platão, Aristóteles, Nietzsche, Isaac Newton, Maomé e o próprio Jesus Cristo. Para eles, suas idéias eram verdades absolutas e eles mudaram o mundo.
Portanto, não se deixem levar pelo modismo de serem maleáveis e bonzinhos. Sejam sim coerente com suas idéias e doa a quem doer sejam afirmativos, pois somente assim irão gerar as discussões e debates necessários para criar algo novo e evoluir o mundo a sua volta. Acreditem, qualquer um de nós pode mudar o mundo, todos temos este poder e esta força.
Não tenho nenhuma verdade absoluta, pois não acredito nisto, mas escrevo e debato minhas idéias como se as tivesse, assim como fizeram todos os grandes homens que nos antecederam. Quero estimular o debate sempre pautado em idéias, não em coisas ou pessoas. Com isto procuro desenvolver meus pensamentos e das pessoas que me cercam para que, quem sabe, um dia, alguém possa pensar, criar e desenvolver algo novo que vá mudar a vida de todos e serem lembrados pela eternidade. Que a diversidade de opiniões prospere.
Sejamos arrogantes e presunçosos, por favor.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Reflexões, Verdades e Realidades


A existência de verdades absolutas não era um tema o qual me despertasse dúvidas, tinha certeza de que verdades seriam sempre relativa. Contudo, deparei-me com a seguinte afirmação de Aldo Vannucchi: "A verdade é sempre absoluta: existe ou não existe. Relativo é o conhecimento que ajuntamos dos fatos, situações e idéias, conhecimento mais ou menos preciso, mais ou menos completo, dependendo de um sem número de circunstâncias."


Minha certeza virou fumaça...


Através do pensamento "criamos" idéias e opiniões, julgamos e concluímos. Tudo que envolve o pensamento, conhecimento, memórias e experiências, tudo aquilo que o pensamento agrupou resulta na realidade do indivíduo, sendo esta um produto de interação e reação. Estes elementos compõem nossa realidade individual e realidade nada tem haver com verdade.

A realidade depende do homem e da sua maneira de enxergar e entender o mundo. A verdade não depende do homem. A verdade existe, nós a conhecemos ou não. Ela é maior que todos os homens e suas realidades. Aquilo que pensamos e acreditamos ser real de fato é, ao menos para nós, mas não é necessariamente verdade.

Eis a problemática mais complexa: como saber o que é verdade?

Filósofos colocam que a verdade é revelada ou intuída a partir de evidências objetivas ou raciocínio claro e correto de um homem mentalmente saudável. Voltamos, assim, ao homem e sua incurável inclinação ao engano, tendo a responsabilidade de julgar a verdade.

Nesta difícil missão, estamos constantemente incorrendo o erro, o engano. Enganamo-nos quando confundimos verdade com utilidade prática e tomamos por verdadeiro aquilo que nos interessa ou melhor convém. Enganamo-nos quando consideramos verdade uma afirmação proferida por uma autoridade (grande filósofo, psicanalista, professor, pais etc), critério válido mas passível de engano como outros. O consenso geral é outro critério que nos leva ao engano. Aquilo que é sustentado por muitos como verdade passa a não mais ser questionável. Compreendendo estas variáveis podemos questionar possíveis verdades nas quais acreditamos e que se enquadram nestes critérios, entretanto, a verdade continua difícil de ser definida.

Nietzsche coloca que nenhuma expressão da língua contém verdade, pois a língua reporta-se a termos criados pelo homem através de interpretações arbitrárias. Se definimos que a pedra é dura, este é o resultado da percepção humana, diferenciada da percepção de outras espécies e não mais correta nem mais íntima da verdade. Do mesmo modo, ao criarmos o conceito de mamífero e, após avaliação de um camelo, concluimos tratar-se de um mamífero, surge neste ponto a repetição de uma verdade criada pelo homem, dependente dele e que, afinal, nada tem haver com verdade. Apenas conceitos.

Diante deste quadro, chego a acreditar que a verdade não nos cabe, apesar de sua busca fazer parte da natureza humana. Vamos, então, discutir idéias e opiniões, observar e tentar entender diferentes realidades, criar julgamentos, mas deixemos a verdade para o universo, pois onde quer que ela esteja, certamente não está nos homens. Ninguém é mesmo dono da verdade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Casamento Real – Fantasia coletiva

Estamos assistindo o ultimo suspiro desta celebração milenar, será o ultimo casamento importante da história humana. Casamento não faz e não fará mais parte do cotidiano humano, isto é positivo? É negativo? Vamos por partes.
Quando estudamos a história da união humana entre um homem e uma mulher, o casamento, percebemos que suas bases não têm mais sustentação. Suas causas não permaneceram durante os séculos e está afetando há décadas esta união.
Porque as pessoas se uniam em família? Primeiramente porque a mulher não era capaz de cuidar sozinha de sua cria por 10 anos seguidos (tempo médio de proteção para a prole humana), então buscava no convívio social a segurança e suporte necessário para sua sobrevivência. Temos vários exemplos de tribos indígenas que não tinham parceiras fixas, ou famílias, estas uniões começaram com a convivência com os povos europeus. Portanto não nascemos com o dever ou compromisso natural para viver em família, para mim isto é bem claro, podemos criar nossos filhos com ajuda de outros membros da sociedade e não somente com a mãe ou o pai deles.
O casamento foi criado para transferências de patrimônio através das crias, seu inicio decorre do começo da divisão humana em sociedade e do estabelecimento da propriedade privada. Com isto bens que eram públicos passaram a ser privados ou individuais, portanto precisavam ser preservados e consequentemente herdados. A função básica, do casamento, neste início, era gerar herdeiros e uniões onde seriam preservados os patrimônios familiares, percebemos isto ainda hoje em várias sociedades orientais. A mulher era uma mera mercadoria, ela apenas servia de troca ou de contrapartida para que as heranças fossem transferidas para a próxima geração.
Não existiam sentimentos envolvidos no casamento, ninguém, ou quase ninguém, casava-se por amor, por carinho, por paixão ou por qualquer outro sentimento. É difícil pensarmos assim hoje, mas as sociedades não valorizavam isto. Já falei antes aqui no blog, o sentimento de amor entre um homem e uma mulher começou com o romantismo europeu, não temos literatura de “Amor” antes deste período na história humana. Pessoas se uniam para procriar e para transferir e manter seus pertences.
Casamento era uma imposição social, quem não era casado não participava de festas, comemorações e baquetes, o casamento era uma instituição básica da sociedade e por isto quem não era casado não participa dela.
Um ser sem obrigações e livre era perigoso demais para a ordem vigente na época, um ser sem família podia fazer qualquer coisa, uma revolta, questionar leis, impor vontades, criar uma revolução, duvidar de Deus, ele simplesmente não tinha com o quer se preocupar, por isto até hoje são os jovens que iniciam as revoltas, eles não tem família para se preocupar, são livres para arriscar suas vidas e não têm nada a perder. Que perigo para a classe dominante. Por isto a religião estimulou e estimula à família, um ser familiar é um ser mais fácil de domar, mais fácil de convencimento, mais propenso a aceitar a ordem vigente das coisas, pois sua maior prioridade é a sobrevivência da prole. Ele não podia se revoltar contra nada.
A religião se utilizou desta ferramenta de opressão das vontades individuais em nome da família por séculos e ainda usa hoje, incrível como não percebemos isto. Quem disse que a família é importante: Deus? A sociedade? Seus amigos? Sua família? Pode até ser, mas não foi você com certeza, não foi por vontade própria que escolhemos este caminho, foi por imposição social, poderíamos ter filhos sem uniões conjugais, poderíamos fazer quase tudo em nossas vidas sem casamento, como sempre fizemos antes na história humana. Filhos não são consequências de casamentos bem sucedidos, isto também foi inserido em nós pela sociedade e pela religião. Também nossa velhice, muitos colocam no casamento aquela sensação de não envelhecer sozinhos, mas temos nossos amigos, temos toda a sociedade a nossa volta com todos seus recursos, sejam gratuitos ou não. No Japão as pessoas são respeitadas e convivem bem com sua comunidade até a morte, são importantes e tem funções até o fim.
Alguém poderia dizer que a razão mudou, agora casa-se por amor, neste caso temos um problema, amor é algo com várias definições e muito volátil. Se realmente os casamentos, de agora em diante, forem baseados no amor, então serão breves e com bastantes turbulências. Poucos serão capazes de mantê-lo por muito tempo. Amor não gera compromisso, gera conveniência, podemos amar vários parceiros numa vida, e portanto o casamento “para sempre” será cada vez mais raro.
Não quero acabar com o casamento, ele já acabou, as bases para sua sobrevivência vem sendo derrubadas há séculos e afirmo que atingiu seu ápice neste ponto, no casamento real inglês. Começaremos a ver uma diminuição destas uniões e consequentemente o fim delas no futuro. Não precisamos mais de uma família para transferir heranças, as mulheres já trabalham e tem condições de viverem sem os homens, alias não precisam deles nem mais para procriar. O dinheiro traz segurança nas sociedades moderna, ou seja, mulheres não precisam mais de homens para cuidar da prole, casamento não é mais uma imposição social, ele é agora apenas fantasia no imaginário popular, como o teatro, alias todo este casamento inglês não parece um teatro, tudo tão ensaiado e lindo, palco, atores, segurança, roupas, pacote completo.
Viva a fantasia teatral do casamento, somente assim mesmo para lembrarmos daquele tempo remoto e perceber que não precisamos mais dele. Viva os relacionamentos sinceros, cheios de paixão e que não vivem num mundo fantasioso, o mundo real é bem mais complicado. Sem amarras, os relacionamentos precisarão se reinventar a cada momento, desafios a cada dia e um parceiro para reconquistar a cada instante.
Bem vindo ao mundo real