terça-feira, 30 de março de 2010

Tudo por mulher

Estou lendo neste momento um livro chamado Além de Darwin – Reinaldo José Lopes, neste livro o autor descreve algo muito interessante no capítulo sobre Parceiros. Este livro procura trazer a realidade atual os ensinamentos da Teoria da Seleção Natural. Apesar de toda esta “inteligência” humana ainda somos programados a agirmos como animais na maioria das nossas ações.
Neste capítulo o autor descreve como a reprodução influencia a vida dos seres vivos e principalmente dos humanos. Vou contar um pouco a história ali retratada.
Todos sabem sobre a história de Troia e a guerra travada com a Grécia para recuperar a princesa seqüestrada: Helena. De acordo com análises modernas a verdadeira história não foi bem assim. A Grécia atacou Troia por causa de suas famosas mulheres solteiras e não por causa de somente uma, Helena. Pessoas acham que Aquiles teve como objetivo a glória eterna, no entanto a glória, fama ou status social nos garante o acesso a uma série de recursos, como mulheres.
Pode parecer primitivo demais, porém estudos recentes trazem a tona muitas verdades sobre as guerras primitivas que nos deixariam perplexos. A Grécia tinha falta de mulheres neste período. Vivia numa crise sem precedentes por causa das invasões bárbaras, e sociedades primitivas tinham como causa comum de suas guerras, as mulheres. Guerreiros e chefes tribais lutavam para aumentar o numero de concubinas. Com mais mulheres na mão do chefão, maior a chance de ele deixar uma família numerosa e poderosa – exatamente o maior prêmio que a evolução pode conceber a um ser vivo. De acordo com o autor isto acontece porque as mulheres humanas somente podem procriar por um tempo determinado de vida, que naquela época era até perto dos 25 anos e somente poderiam gerar 1 filho ao ano. Portanto os chefes precisavam de outras mulheres para criar uma maior descendência.
Outro ponto é que tribos primitivas precisam de um numero maior de guerreiros que mulheres, então acontecia com freqüência o infanticídio de crianças do sexo feminino. Quando as crianças, do sexo masculino, atingiam a puberdade, não tinha numero suficiente de mulheres para procriar e o excesso de guerreiros levava naturalmente a guerras com os vizinhos em busca do sexo feminino.
Era muito comum os chefes tribais terem um harém de mulheres, assim como acontece na grande maioria dos mamíferos, os mais poderosos procriam mais e deixam mais descendentes.
Num dos trechos da Ilíada – obra grega, dizia Aquiles: “Passei muitas noites insones e dias sangrentos na batalha, lutando com outros homens por suas mulheres”.
Vocês não vão acreditar mas até hoje é possível ter provas destas teorias acima. Grandes guerreiros da antiguidade deixaram grande numero de descendentes que pode ser provado pelos testes de DNA, vamos aos exemplos:
1. Niall – grande guerreiro celta que vivia na Escócia: a proporção de DNA com o mesmo filamento que remonta com grande precisão á época de Niall é de 15% no oeste e centro da Escócia e 2% dos Nova-iorquinos;
2. Giocangga – fundador da dinastia Qing na China: cerca de 1,5 milhões de pessoas na china carregam seu gene;
3. Gengis Khan – guerreiro mongol: 12 milhões de pessoas na Ásia trazem consigo o cromossomo Y dele;
Vamos agora trazer este questão a realidade atual, para que o homem precisa de dinheiro, poder, fama e status? Ora senão para a procriação, maior quantidade e possibilidade de deixar mais descendentes e de copular mais. Para que ter um carro melhor? Para conseguir um numero maior de mulheres.
Muito do nosso comportamento pode ser descrito pela necessidade natural, de qualquer ser vivo, de deixar um numero maior de descendentes.
No próximo capítulo o autor tenta explicar a presença, um bocado comum, da homossexualidade nos seres vivos vertebrados terrestres. Vocês não vão acreditar nas teorias sobre a homossexualidade, haja discussão.
Outra coisa acabei de comprar um livro ótimo sobre a linguagem - O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. Agora vocês vão ver o quanto limitados nós somos (risos), aguardem.

terça-feira, 16 de março de 2010

O peixinho de volta para casa

Continuação dos textos do Peixinho Doido (http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/11/o-peixinho-doido.html e http://ligadavirtude.blogspot.com/2010/03/peixinho-esquentado.html)

Certo dia, enquanto a mãe (peixinha nervosa) voltava de suas compras diárias, percebeu que havia alguma coisa diferente na cor das pedras do aquário onde seu buraco ficava. Parecia que aquelas cores nunca estiveram tão claras e brilhantes, sabia que algo tinha acontecido.
Quando finalmente se adentrou no orifício de seu recife artificial, percebeu que aquilo que havia perdido, sabe lá quando, havia voltado. A sensação de perder um filho era demais para ela, mas no fundo sabia que este dia chegaria, o pai (peixão preocupado) já estava interrogando seu peixinho doido sobre as loucuras de largar uma vida pronta para viver o desconhecido. Achavam que o gato tinha comido ele.
Os irmãos incrédulos começaram a pôr-lhe atualizado sobre realidade a sua frente, relatando os estudos perdidos, aniversários desperdiçados, banquetes de novas algas industrializadas desprezados. Queriam saber o que deu nele, não estavam preocupados com suas estórias e sim cobravam dele explicações sobre como pode ter jogado parte de sua vida fora. Agora não podia entrar na universidade, não tinha diploma para isto. Como pôde o peixinho ter ficado tão doido.
Naquele momento ele lembrou-se de uma passagem importante que poderia esclarecer seus motivos a seus familiares incrédulos. O peixinho sabia que às vezes a família é a que mais cobra de seus membros comportamentos sociais típicos e desse jeito tole seus desejos e sonhos. Lembrou que certo dia enquanto procurava comida, estava sendo seguido por outro peixe bem maior e que em vez de caçar estava sendo caçado, naquele momento de medo e angústia, repentinamente suas escamas mudaram de cor se confundindo com as algas ao redor e deixando-o invisível para o peixão faminto. Demonstrou aos seus irmãos que eles também podiam mudar de cor, que tinha feito descobertas e adquirido muito conhecimento em suas andanças, mas eles não entendiam porque precisavam mudar de cor, suas escamas eram cuidadas pelo peixe escameiro – peixe embelezador – mais famoso da cidade e cor das algas estava totalmente fora de moda, cafonérrimo.
E assim o peixinho percebeu outra coisa importante: que somente quando somos colocados em situações de risco é que habilidades, qualidades e potencialidades são descobertas. Quando limites são testados sonhos são revelados. Sem risco e sem uso, barbatanas são atrofiadas.
Não adiantava contar suas descobertas, seus familiares estavam tão entretidos com a sombra de suas rotinas que não conseguiam enxergar a ilusão de suas vidas subaquáticas. E assim o peixinho foi novamente taxado de doido, recolhendo-se ao seu minúsculo buraquinho. Como é difícil ser diferente.
Mas..., o peixinho voltou para sua casa, voltou porque entendeu que todas as buscas e inquietações partem e chegam num só lugar, DENTRO DELE MESMO. Precisamos viajar e buscar novos ares, novas correntes marítimas, encontrar peixes esquisitos e bravos, encantar-se com uma sereia, para perceber que tudo tinha apenas um objetivo, SE DESCOBRIR.
Aquele vazio que sentia toda vez que saturava-se com uma nova descoberta, era justamente o vazio de seu próprio "eu" não revelado, a verdadeira viagem é aquela que encontra seu propósito, seus sonhos.
Não bastava descobrir os rios, mares, céus e universo, sem encantar-se consigo mesmo. Não importava mais se estava novamente no aquário, se tinha voltado para a segurança de sua vida, nem para aqueles que não percebiam nada além do vidro de seu aquário, ele tinha se encontrado, sua primeira jornada havia acabado, sonhos haviam emergido das profundezas de seu pequeno, mas palpitante, coração.
Ele sabia que para chegar até ali precisava ter se arriscado, corrido até risco de vida e ter pulado do aquário naquele momento; sem risco não há descoberta, mesmo aquelas que estavam diante de seus olhos. Mesmo voltando ao ponto de partida, ele sabia que aonde vamos, não importa, a busca e o caminho traçado é que marca nossa existência.
Pois é, uma jornada se foi, uma vida se foi, se foi? O peixinho sabe que momentos intensos, trilhas aquáticas desbravadas são momentos eternos. Esta viagem lhe ensinou que o fim era apenas o começo de uma nova viagem. Depois que descobrimos nossos sonhos, todos os momentos se tornam especiais, mesmo dentro de seu aquário.
A verdadeira viagem é a busca de si mesmo e esta não termina nunca.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Solteiros x Casados = Funeiros

Há algum tempo tenho pensado em escrever um artigo sobre este tema, muitos têm me questionado sobre como tem sido minhas experiências em ambos os casos. Todos temos opiniões sobre este tema, já que faz parte da vida cotidiana e moderna a passagem habitual entre estes dois estados.
Não pretendo aqui repetir a mesma ladainha de sempre sobre o tema, pretendo tentar ir um pouco além das analises de botequim.
O homem é um animal, um mamífero, somos da mesma linhagem animal dos símios. Como mamíferos temos a necessidade natural de convivência em grupo, todos os mamíferos precisam dos pais por um tempo médio maior que outros gêneros animais. Isto decorre da nossa necessidade de amamentação, alimentação diária, proteção, entre outros. Quando crias, precisamos ser amamentados e nesta fase precisamos dos pais para quase tudo, uma criança humana não pode sobreviver sozinho nem por um dia. Também não temos capacidade de nos alimentarmos sozinho, o homem não tem armas naturais para caçar, nossos membros não são desenvolvidos para este propósito e sem falar em proteção, precisamos conviver em grupo para dividirmos as tarefas de proteção e alimentação.
Com isto, averiguamos a necessidade humana de conviver em grupo e assim desenvolver as características afetivas que temos. Podem perceber que os mamíferos, em geral, desenvolvem laços afetivos muito maiores que outros grupos de animais.
Dentro deste contexto, vejo como natural a união dos humanos em grupo, família ou casais, apesar deste ultimo ser muito mais uma característica desenvolvida pela cultura e religiões, que propriamente da natureza da espécie. No entanto me parece mais coerente vivermos em família que sozinhos ou em grupos maiores. Quanto menor o grupo a que pertencemos mais afetividade e mais proteção recebemos e o homem tem uma necessidade grande de proteção, precisamos nos sentir protegidos o tempo todo para conquistarmos a felicidade
Ora, então parece que pessoas que vivem solteiras ou sozinhas estão indo contra a tendência natural da espécie? Percebe-se que nosso sistema econômico e de governo atual, influenciou em muito nossa cultura e nossa forma de enxergar o mundo nos últimos dois séculos, principalmente após a segunda guerra mundial que trouxe uma aparente sensação de paz e prosperidade no mundo ocidental a partir desta data. Conquistamos as necessidades básicas de alimentação e de moradia, pelo menos para parte da população, mesmo que ainda pequena, hoje é muito maior que na idade média. Para esta classe média, alimentação e proteção não são mais problemas, aquela necessidade natural foi suprida e outras necessidades começaram a surgir.
O homem começou a se diferenciar pela competência individual, cada um passou a ser responsável pelas suas decisões. O grau de sucesso no capitalismo é medido pela diferenciação e pela capacidade individual de fazer mais que o outro. Criaram-se assim indivíduos que não precisam mais de proteção familiar. A mudança do bem do grupo para o bem individual trouxe muitas mudanças culturais e refletem a forma de viver do homem atual.
Ser solteiro é ser responsável por você mesmo, é fugir, também, do conceito: nascer - estudar – trabalhar – criar filhos – morrer. Os solteiros, em geral, saem um pouco deste padrão, eles querem conhecer lugares, ter mais amigos, descobrir o mundo.
Não estou defendendo os solteiros, nem tampouco os casados, acho que ambos têm seu lugar, quero aqui é criar um novo padrão, o Funeiro (junção da palavra em inglês “fun” com companheiro).
Esta classe seria formada por pessoas que gostem de ter relacionamentos com o outro sexo mais não querem deixar de descobrir o mundo. Nesta classe as pessoas se uniram apenas por quererem muito compartilhar experiências, conhecimentos, carinhos e sexo de forma completa. Cada um teria sua própria vida, suas individualidade, suas experiências, mas também compartilhariam as experiências do parceiro. Teriam sim, que ter muitas afinidades, mas poderiam aumentar suas capacidades individuais de experimentar e de descobrir novas potencialidades.
Os casais somente estariam juntos para viver a vida intensamente, sem obrigações, sem casamentos, sem filhos, sem buscar suprir necessidades e proteção nos outros, sem carências, sem compartilhar a vida financeira.
Poderiam viver num mesmo teto ou não (bem que dormir juntinho é bom demais), poderiam dividir a vida financeira, mas cada um precisa ter seu controle financeiro, viver junto não é dividir patrimônio (este conceito é de séculos atrás, quando o casamento era apenas para unir famílias). O interessante é que a convivência precisa ser livre, sem compromissos ou formalidades.
Estaríamos juntos apenas para vivermos intensamente nossas experiências e buscas. Seria um mix entre os solteiros e os casados, tentando unir o lado bom de cada.
Bem, já falei demais, podemos juntos pensar melhor nesta próxima etapa de convivência humana. Tragam-me mais idéias de como poderia ser os Funeiros. Vamos criar um novo mundo juntos.
Obs: se não gostaram do nome, me dêem alternativas, rs.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Peixinho esquentado

Certo dia o peixinho acordou esquentado, havia tido uma noite com muitos sonhos e acordou cansado de tanto sonhar. Na verdade ele não se lembrava dos sonhos, mas sabia que tinha sido uma noite daquelas. Sonhar é sempre viajar para ele, ou vice versa, na verdade ele nunca sabe a diferença.
Nesta última viagem o peixinho percebeu que caminhos não são percorridos sozinhos, outras vidas sempre são afetadas, ninguém passa pela vida do outro sem deixar algo, sem compartilhar valores, sentimentos e emoções. Viagens são momentos de troca de experiências, por isto é legal conhecer sempre gente nova. Elas nos mostram algo novo e que nos ajudarão nas próximas viagens, sejam informações de direção apenas, ou algum aviso importante sobre pedras adiante.
O peixinho tenta controlar as coisas a sua volta, assim como todo mundo, mas tem coisas que a probabilidade de acerto é sempre distante, os riscos e variáveis são complexos e isto o deixa esquentado. Queremos controlar e planejar nossas ações, nosso futuro, mas a vida não pode ser determinada.
O peixinho percebeu o quanto é difícil deixar um companheiro para trás. Quando vivemos e compartilhamos nossas experiências, parece que uma parte de nós ficou pelo caminho. Traçamos um risco no mapa de nossas vidas e este não pode ser apagado por completo, as trilhas ecoam pela eternidade. Assim como falou Nietzsche, devemos viver apenas os momentos que devam ser repetidos pela eternidade e assim tenta viver o peixinho.
Estes encontros alimentam a fome de seguir adiante do peixinho e talvez seja o combustível de sua existência. No fundo o peixinho não sabe mais viver num casulo, num buraquinho protegido sobre um teto de amor. Depois que experimenta-se conquistas é difícil viver de rotinas.
Pois é, mais uma vez o peixinho segue seu caminho rumo ao desconhecido e com aquele friozinho na barriga que ele tanto gosta, a segurança do conhecido cada vez perde espaço em seu coração. Que venham mais esquinas desconhecidas, estranhas coincidências e oportunidades para viver momentos eternos. O que o peixinho não pode mas deixar de viver é o mistério de novas experiências.
Acabou mais uma viagem, finalizou mais uma vida e pintou a eternidade com seu pincel, já gasto, mas sempre disposto a nunca parar de colorir sua vida e das pessoas que conhece.
E assim o peixinho viveu novamente outra caminhada, não sabe se sonho ou realidade, mas quem sabe com certeza a diferença? Às vezes vivemos vidas em sonhos, coisas são traçadas, ações são executadas, companheiros são conquistados e quando acordamos percebemos que era mais um sonho, um sonho aparentemente vivido, mas não tocado.
Sonho ou não, ele acordou atônito e com muita vontade de experimentar algo novo, apesar de ter chegado a um limite, acordou com a vontade de transpô-lo. Alias não foi assim mesmo que ele pulou do aquário?

sexta-feira, 5 de março de 2010

Corpo e Mente

Há algum tempo tenho me defrontado com uma questão emblemática: a separação entre corpo e mente. Aceitar esta separação seria acreditar que a mente provem de outras substancias que não a material e talvez induzir a aceitação da alma.
Há 2 anos me defrontei com alguns estudos sobre Filosofia da Linguagem (matéria acadêmica do ensino de filosofia), li textos que reviraram um pouco este conceito e que me serviram de base para começar a questionar esta máxima, de que a mente e o corpo são objetos de estudos diferentes.
Sempre me pareceu lógico que o pensamento não poderia ter a mesma substancia do corpo, Descartes descreveu muito bem isto: a consciência da existência vem da mente, portanto não existe vida sem pensamento. O corpo seria material, seguiria as leis da natureza enquanto a mente não é espacial e a imaginação não seguiria nenhuma regra natural.
O principio básico desta teoria é a inteligência, como temos a capacidade de refletir antes de agir, então nossa mente não seguiria nenhum comportamento a priori, seria exatamente nossa alma falando para si mesma. Este ponto é fundamental neste estudo, pois coloca nosso pensamento em modo privado, se pensamos de forma individual então o pensamento não pode vir de algo coletivo como o comportamento, por exemplo.
Recentemente me foi disponibilizado alguns textos de B.F.Skinner (Behaviorismo Radical) e de Gilbert Ryle (Filosofia Analítica) onde ambos tentar demonstrar os erros cometidos por Descartes e o senso comum sobre a mente. Para Ryle um pensamento inteligente não antecede reflexão ou reconhecimento de regras ou críticas, como prevê o senso comum, e sim uma disposição de agir desta forma devido à atualização inteligente de experiências passadas. Ser inteligente não é agir de forma inteligente uma única vez, é manifestar determinada atualização quando esta sofrer mudanças em um contexto experimentado no passado. Ser inteligente seria apenas comportar-se de forma diferenciada em determinada situação. Outro ponto importante de Ryle é defender a idéia de que o pensamento, por ser comportamento, não pode compreender as coisas em sua totalidade nem descobrir verdades, tudo seria sempre parcial.
Vamos analisar bem o que acabei de escrever, nosso pensamento e nosso conhecimento do mundo, das coisas e de nossas habilidades são apenas formas de comportamento que podem ser previsíveis e estudadas. Pronto, Carlos está mesmo tentando destruir qualquer resquício de divino em nossa existência; calma, meus amigos, estou apenas, como sempre, tentando mostrar que nosso senso comum pode nos enganar e que nossa individualidade, na verdade, pode não existir e que fomos treinados e educados para nos comportarmos desta forma e termos este comportamento sobre nossas ações.
Nas teorias da Filosofia da Linguagem me foi demonstrado que até nosso pensamento é fruto de nossa forma de comunicação e de expressão. Sem a necessidade de nos comunicarmos com os outros, nem haveria pensamento. O Homo Sapiens adquiriu esta forma inteligente de se expressar justamente quando sentiu a necessidade de se comunicar de forma mais precisa. Estou afirmando que nosso pensamento deriva de uma linguagem aprendida que é fundamental para a sobrevivência da espécie e que é perfeitamente compreendida pelo nosso comportamento das mais diversas ações humanas.
É difícil compreender isto, também para mim é complicado admitir isto, mas fica cada vez mais claro para mim que a mente não cria nada, ela analisa as coisas de acordo com a experiência e com a linguagem adquirida. Inteligência seria então uma disposição para comportarmos de determinada maneira em uma dada circunstância.
Este homem sem mente autônoma demonstrado acima, é um ser ainda mais animal, um ser sem alma totalmente vinculado ao meio externo. Um ser sem individualidade. Desculpem novamente os psicólogos, parece que estou tentando destruir seu campo de estudo, não é isto, estou apenas apresentando outro caminho, me parece que a verdade não está na mente e que nossos problemas mentais são, na verdade, comportamentais. A mente perde com isto importância mas a interpretação do comportamento humano, não.
Nossa individualidade está justamente na forma peculiar de cada um, em se comportar diferentemente dada cada ação ou evento. Apesar de tudo ser comportamento, podemos apenas ter a probabilidade de determinar a ação humana. O fascínio disto tudo foi, é, e continua a ser, a total imprevisibilidade da natureza em praticamente tudo que estudamos. Parece mesmo que alguma coisa, às vezes, precisa andar fora do caminho para as coisas caminharem e se desenvolverem, inclusive em nossa forma de pensar e de agir.
Apesar de certa frustração de admitir e de relatar, mais uma vez, que tudo no universo pode ser demonstrado, estudado e provado sem ter que recorrer ao absoluto; continuo acreditando que a imprevisibilidade dos eventos é que torna o futuro fascinante e dá graça e alegria a nossa existência. Lembram do artigo sobre correr riscos (http://ligadavirtude.blogspot.com/2009/11/com-muito-risco-please.html).
Apesar de cada vez mais me sentir um animal como outro qualquer, continuo a viver buscando correr o maior numero de situações de risco possíveis, pois acredito que, neste momento, estou me diferenciando e ajudando a natureza a encontrar outras formas de se desenvolver.
Novamente... com muito risco, please!
Obs: não estou esgotando o tema com este texto, viram outros, este assunto é muito legal e fundamental. É realmente incrível como a cada dia apredemos algo novo, esta falta de limites é mesmo estimulante e perfeita. E lá vai o peixinho doido novamente, rs.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Zaratustra – Nietzsche – Prólogo – Capítulo X - Final

Texto na Integra:
X
Zaratustra dizia essas palavras em seu coração, enquanto o sol estava a pino: então lançou um olhar interrogador para os altos cimos – pois ouvia acima de sua cabeça o grito agudo de uma ave. Eis que uma águia atravessa os céus, descrevendo grandes círculos, a transportar uma serpente, não como presa, mas amiga, pois esta lhe pendia no pescoço.
“São os meus animais!”, dizia Zaratustra, regozijando-se de todo o coração.
“O animal mais altivo sob o sol e o animal mais sagaz sob o sol; vieram saber notícias.
“Querem saber se Zaratustra continua vivo. Na verdade, será que ainda estou vivo?
“Encontrei mais perigos entre os homens que entre os animais, pois perigosos são os caminhos que trilha Zaratustra. Possam meus animais orientar-me.”
A estas palavras, lembrou-se do que lhe havia dito o santo na floresta e suspirou, dizendo para si:
“Quem me dera ser mais sagaz! Quem me dera ser essencialmente sagaz, como a serpente!
“Mas estou querendo o impossível, porque peço à minha altivez que acompanhe sempre a minha sagacidade!
“E, se algum dia, minha sagacidade me abandonar – ah! como ela gosta de voar! – possa minha altivez seguir então o vôo de minha loucura!”
E assim começou o declínio de Zaratustra.

Comentários:
Bem, vamos voltar um pouco aos outros capítulos e demonstrar novamente as idéias do prólogo desta obra fascinante que é Zaratustra, para depois voltar a este ultimo capítulo.
O livro Zaratustra não é poesia, e sim uma obra filosófica, pois envolve análises metafísicas que são objetos da filosofia.
Zaratustra traz um problema grave para a filosofia, Nietzsche parece tender a uma critica a verdade, trazida anteriormente por Heráclito, onde tudo é relativo e mutável, portanto não existiria verdade alguma, assim não existira obra filosófica alguma na obra.
Neste ponto chave da obra, Nietzsche nos traz o Eterno Retorno, os ciclos do tempo e das coisas. O eterno retorno não mede um valor pelo critério de verdade e sim pela importância dos fatos que ela é capaz de explicar, é uma nova metafísica, esta pressupõe que tudo volta uma infinidade de vezes, que cada objeto temporal é eterno. Ao contrário de Platão onde separava o mundo entre o sensível (mutável) e das idéias (imutável), para Nietzsche cada momento é eterno e imutável, a vida é plena e completa, eterna, não no além, mas aqui agora, neste mundo. O autor acaba com o dualismo entre céu e terra, para ele somente existe um mundo, uma vida, uma verdade, é o aqui e agora do presente.
Nietzsche nos traz o super-homem e o eterno retorno, juntos o super-homem somente faz o que merece ser repetido uma infinidade de vezes e durar uma eternidade, seus atos merecem e comprometem-se pela eternidade.
O prólogo é apenas uma introdução do livro Zaratustra, vale a pena à leitura completa da obra que torna e esclarece todos os temas aqui colocados.
Gostaria de terminar estes relatos sobre o gênio de Nietzsche com a seguinte frase:
O Super-Homem só faz ou vive aquilo que merece ser repetido pela eternidade.