sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cachorros de Palha - Prefácio - 1º parte

Como achei bastante interessante os assuntos abordados neste livro, vou descrever aqui o prefácio, onde o autor resume sua obra e nos deixa curiosos sobre os argumentos que serão utilizados para estas afirmativas. Farei entre [ ] meus comentários.

Prefácio – 1º parte
Cachorros de Palhas é um ataque às crenças impensadas de pessoas pensantes [bem colocado]. O humanismo liberal dos dias de hoje possui o poder disseminado que antes pertencia à religião revelada. Os humanistas gostam de pensar que tem uma visão racional do mundo, mas sua crença essencial no progresso é uma superstição, mais afastada da verdade sobre o animal humano do que qualquer outra das religiões existentes. [caramba, me deu um tapa na cara, pode-se dizer que sou um humanista]
Fora da ciência, o progresso não passa de um mito. Parece que em alguns leitores de Cachorros de Palha essa observação produziu um pânico moral. Será mesmo verdade, perguntam eles, que ninguém pode questionar o principal artigo de fé das sociedades liberais? Sem ele, não nos desesperamos? Como trêmulos vitorianos aterrorizados diante do risco de perder a fé, esses humanistas agarram-se ao brocado roto das esperanças progressistas. Os crentes religiosos atuais são mais livres-pensadores. Levados para as margens de uma cultura na qual a ciência reivindica autoridade sobre o conhecimento humano, tiveram que cultivar uma capacidade de duvidar. Já os crentes seculares – firmemente subjugados pela sabedoria convencional do tempo – estão sob forte influencia de dogmas não examinados. [a falta de moral e de rumo a seguir, quando excluímos a religião de nossas vidas, precisa ser preenchida, o homem não consegue viver sem uma moral ou um caminho, ficaríamos a deriva e ácidos devido à terrível constatação de que a vida é realmente temporária e sem sentido mesmo, a verdade é crua e dura, por isto procuramos nos agarrar a alguma coisa e neste caso ao progresso humano, mas a frente o autor mostrará que ele não existe]
A visão de mundo secular predominante é um pastiche da ortodoxia científica atual e de esperanças piedosas. Darwin mostrou que somos animais; mas – como os humanistas nunca se cansam de pregar – a maneira como vivemos “depende de nós”. Diferentemente de qualquer outro animal, dizem-nos, somos livres para viver como escolhemos. No entanto a idéias de livre-arbítrio não vem da ciência. Suas origens estão na religião – não numa religião qualquer, mas na fé cristã contra a qual os humanistas se batem tão obsessivamente. [incrível como não conseguimos nos livrar da cultura, nossas ações, na maioria das vezes, de forma inconsciente, são causas de nossa formação e é muito difícil mudar isto]
No mundo antigo, os epicuristas especulavam sobre a possibilidade de que alguns eventos pudessem ser não causados; mas a crença de que os humanos se distinguem de todos os outros animais por terem livre-arbítrio é uma herança cristã. A teoria de Darwin não teria causado tanto escândalo se tivesse sido formulada na Índia hinduísta, na China taoísta ou na África animista. Da mesma forma, é apenas nas culturas pós-cristãs que os filósofos se esforçam tão piedosamente por reconciliar o determinismo científico com uma crença na capacidade única dos humanos de escolher o modo como vivem. A ironia do darwinismo evangélico é que ele usa a ciência para apoiar uma idéia da humanidade que tem sua origem na religião.
Alguns leitores viram Cachorros de Palha como uma tentativa de aplicar o darwinismo à ética e à política, mas em parte alguma o livro sugere que a ortodoxia neodarwiniana detenha a última palavra sobre o animal humano. Em vez disso, o darwinismo é estrategicamente exposto, a fim de romper a visão de mundo humanista predominante. Os humanistas buscam em Darwin um apoio para sua abalada fé moderna no progresso; mas não há progresso no mundo revelado por ele. Uma perspectiva verdadeiramente naturalista do mundo não deixa espaço algum para a esperança secular. [o autor agora começa a demonstrar alguns argumentos de sua obra, ele tem toda razão quando diz que não há progresso numa visão de mundo Darwinista, a Teoria da Evolução, na verdade, não fala de evolução alguma, os seres vivos mudam para se adaptar as mudanças no ambiente e nem sempre isto é progresso ou evolução, seres podem perfeitamente se tornarem mais simples de agora adiante se isto for determinante para sua sobrevivência. Muita gente confunde isto com evolução e parece que os humanistas entraram neste caminho sem suporte algum]

Comentário
Fica claro para mim que os humanistas tentaram criar uma nova crença para um mundo pós-religião, e para isto não poderiam simplesmente dizer, como fica bem claro quando examinamos o mundo a nossa volta, que não há rumo, não há caminho a seguir, a vida é finita e o mundo existe independente do homem. Neste cenário os humanistas criaram a figura do progresso humano sem qualquer fundamento, apenas para não criar um pânico para um mundo sem um rumo. Nos próximos capítulos o autor irá criticar a figura do conhecimento, para que ter conhecimento das coisas quando sabemos que somos finitos? Parece que o desejo por conhecimento vem justamente desta visão distorcida de progresso. Deixo a pergunta no ar para dialogarmos mais a frente.
Vou parar por aqui para não alongar demais o artigo, na semana que vem trago a ultima parte do prefácio.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cachorros de Palha - Introdução

Deixei um pouco de lado o último livro sobre o Instinto da Linguagem, achei o assunto bastante monótono e complicado, portanto comecei a ler outro livro - Cachorros de Palha - John Gray, este sim, fantástico, muito duro e pessimista em relação a humanidade, mas bastante realista.
Vou publicar nas próximas semanas resumo dos capítulos do livro.
Amanhã vou publicar um resumo do prefácio do livro que achei muito bom, resume bem a obra como um todo.
Só para ressaltar, o livro destrói tudo que tenho escrito até hoje aqui no blog, me fez parecer idiota, adoro livros assim.
Todos deveriam ler este livro, muito esclarecedor.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Amazônia: Desenvolvimento Sustentável?

O assunto desta semana foi-me inspirado pelo artigo publicado na Revista Veja – edição 2171 – “Aula de Ética é em casa, não na escola” – por Gustavo Ioschpe.
Neste artigo o autor descreve sua opinião a respeito do desmatamento da Amazônia de forma bem peculiar e que irei descrevê-lo na integra:
Para mim, conforme já expus em artigo aqui, o comportamento ético em um país com nível de desenvolvimento brasileiro deveria ser privilegiar o desenvolvimento material humano, mesmo que isso implique algum desmatamento. O que me parece antiético é deixar gente sem renda para que árvores sejam preservadas. Não gostaria, portanto, que um professor ensinasse o contrário ao meu filho
O argumento acima deve ser avaliado em partes, pois envolve aspectos sociais, econômicos, naturais e ambientais. Este assunto é demasiado complexo para apenas responder de forma direta, sem analisar os diversos aspectos envolvidos.
O ser humano não consegue conviver de forma harmônica com a natureza, não existe um só caso no mundo onde vivem humanos e que não haja perda de fauna e flora, o ser humano não consegue estabelecer um limite para seu avanço, na verdade nenhum ser vivo consegue – o gene de todo ser vivo é egoísta, pensa de forma individual na sua auto-preservação. Nossa forma de lhe dar com os recursos naturais do planeta sempre foi egoísta e predatória, a população humana cresce exponencialmente e, portanto, em qualquer parte do globo onde estabeleça-se comunidades, estas irão crescer e irão inevitavelmente destruir a fauna e a flora local, é somente uma questão de tempo. Vamos aos exemplos na Amazônia, regiões onde houveram assentamentos de sem terra, pouco tempo depois viraram desertos, as comunidades assentadas destruíram a floresta extraindo madeira nobre e outras para comercio de carvão. Na maioria, não conseguiram sequer estabelecer algum tipo de sustento duradouro como a agricultura, o solo amazônico é pobre neste sentido.
O autor fala em desenvolvimento humano, entretanto não há evidências que o aumento de terras, seja para agricultura ou agropecuária, traga algum crescimento econômico ou humano, atualmente países que não possuem terras próprias para o agronegócio ou qualquer recursos naturais se desenvolvem mais rapidamente que o Brasil, devido principalmente ao investimento em educação e conseqüentemente aumento de serviços ligados a área tecnológica. Não é possível estabelecer uma ligação entre desmatamento e desenvolvimento humano. Esta ligação existia no passado, era possível perceber isto no início da colonização das Américas, mas o mundo atual caminha numa outra direção, atividades ligadas ao terceiro setor não agregam muito valor. Arvores e animais vivos trarão muito mais benefícios aos humanos com o meio ambiente harmônico, com a preservação do clima, das águas, com a estabilização do aquecimento global e também no aspecto econômico.
Existe uma riqueza muito maior que poderia ser adquirida com a preservação intacta da floresta que é justamente a Biotecnologia, existem diversos produtos que podem ser derivados de espécies naturais somente encontradas na Amazônia que com certeza multiplicaria os retornos financeiros alcançados com o desmatamento e com o agronegócio.
Boa parte da fauna amazônica não pode conviver com a espécie humana, existem diversos animais que não poderão coexistir pacificamente com a presença humana próxima. A destruição desta fauna e da flora amazônica irá, aos poucos, desestabilizar o ecossistema, extinguindo aos poucos toda riqueza natural da região.
Já destruímos praticamente todos os ecossistemas naturais do planeta e, portanto devemos nos perguntar: porque o ser humano deve se achar tão superior aos outros seres tendo o poder de matá-los quando bem entender? Quem nos deu este direito? Porque é ético exterminar outros seres vivos em prol de alimentar mais humanos? Pode parecer duro, mas viramos uma praga para a maioria dos ecossistemas terrestres, não conseguimos controlar a multiplicação da espécie e com isto estamos destruindo todas as outras. O que não me parece inteligente é, em prol de manter nosso acelerado processo de procriação, destruirmos todos os ecossistema de outros animais, sem ao menos nos perguntarmos aonde isto irá nos levar. Justamente por possuir algum grau de consciência e raciocínio lógico é que deveríamos, de forma ética, preservar o meio de vida de outros seres e também o nosso. Não é possível vivermos sozinho na terra, fazemos parte de um ambiente fechado e complexo, que não é possível criá-lo artificialmente.
Desenvolvimento sustentado é somente outra forma de dizer desmatamento.
Portanto, não me venham com esta história de privilegiar o desenvolvimento humano pelo desmatamento de algumas arvores, este raciocínio é grosseiro, antiquado, antiético, racista (pois privilegia uma espécie em detrimento de outras) e desprovido de embasamento econômico. Esta palavra tão bonita que chamamos de – desenvolvimento sustentável – é falsa e enganadora. Vou alfinetar também as ONGs responsáveis pelas denúncias e preservação da Amazônia que deveriam alocar seus recursos na compra de terras para preservação e não para publicar textos e panfletos com o dizer: “Desenvolvimento Sustentável”. Gastaríamos menos, ganharíamos mais e faríamos muito mais para o ecossistema planetário se simplesmente colocássemos uma cerca em volta da floresta com o dizer: “Fechada para Humanos”.